Você me conhece?

16 2 0
                                    

Fixamente olhando para mim, pude prestar atenção em todos os seus detalhes. Desde seu rosto até sua estrutura corporal. Ele tinha olhos castanhos escuros, cabelo ondulado e avermelhado, usava um brinco com uma pequena pedraria em sua orelha direita, sua boca era carnuda e cheia, tinha um sorriso maldoso e ao mesmo tempo tímido.

Largos ombros e braços fortes, um peitoral significativo, pele morena e com um forte cheiro de perfume. Até suas unhas estavam pintadas de preto. Simplesmente, parar de olhar pra ele, era impossível.

Levantei da cadeira imediatamente ao entender minha situação. Estava nervosa e muito agoniada. Continuou olhando pra mim sem parar, e aquilo já estava me incomodando.

-O que você tanto olha? -Perguntei de forma ousada.

-Você. Parece está melhor. Da última vez que a vi, estava inquieta e quase não conseguiu dormir. -Respondeu quase imediatamente, sua voz era grossa e bonita, tinha graves muito másculos.

-Por que me levou a sua casa e não a um hospital? Como acha que me sinto ao saber que passei a noite na casa de um desconhecido? -Perguntei irritada ao me lembrar pouco a pouco.

-Mas eu te levei a um hospital. -Friamente, me cortou antes que pudesse ficar mais indignada.

-Levou? -Questionei incrédula.

-Sim, levei. Acha mesmo que levaria uma garota pra minha casa sem autorização dela? Que tipo de pessoa acha que eu sou? Te levei até a entrada do hospital, mas quando tentei te descer da moto, segurou firme na minha jaqueta, e me mandou te levar pra casa. -Contou sua versão, que aos poucos me relembrava coisas que já tinha fugido da minha memória.

-E por que me levou justo a sua casa? -Cruzando os braços, ainda estava indignada.

-Você não me disse seu endereço. Como eu iria advinhar que na verdade, você mora na rua de trás da minha casa? -Questionou friamente.

Ele parecia obstinado. Tinha história no seu olhar, curiosidades na sua mente, e provavelmente, incômodo no seu coração. Ele parecia ser alguém, cujo coração estava inquieto. Mas minha curiosidade sobre ele estava ficando cada vez maior.

Quando estava prestes a fazer mais algumas perguntas, meu raciocínio foi interrompido pela chegado do professor de geografia, James. Que maravilhosamente exigiu um trabalho em dupla pra ser corrigido naquela mesma aula.

Fechei os olhos e coloquei a mão na cabeça, frustada, eu não sabia se parava pra interrogar aquele menino frio e sombrio, ou se dava atenção a minha atividade. Mas logo tive a cabeça mais aliviada, quando sentir aquele toque muito inesperado.

Kelton tocou meu ombro, ao levantar meu olhar em sua direção, me encarou numa tentativa de me intimidar.

-Faça dupla comigo. Pense nisso como um pagamento por ter te resgatado naquele dia. -Disse muito confiante e sem um pingo de noção.

Dupla? Com esse menino estranho? Por mais que eu não quisesse, eu não tinha qualquer outra opção. Não conhecia ninguém naquela sala, e todos me olhavam estranho. Então preferi ceder ao meu parceiro duvidoso.

Eu simplesmente não conseguir para de olha-lo, não sabia que deveria realmente pensar sobre. O que exatamente mais atrai minha atenção? Sua beleza e masculinidade, ou o fato de ter dormindo na casa dele e ele agir com a maior naturalidade?

-Se tem alguma pergunta, faça de uma vez. Vai me olhar desse jeito até quando? Pergunte logo. -Impaciente, ele me tirou de meus pensamentos, e me questionou, já que percebeu que me faltava coragem para faze-lo.

-Estou curiosa. Por que ajudou uma estranha e por que mesmo sabendo meu estado, me levou pra sua casa? Poderia ter me largado na rua. -Perguntei pensativa e curiosa.

Ombro AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora