04- Broches

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Acabei ficando para o show, decidi escutar uma música. Me apoiei em uma parede, próxima ao palco, prestei atenção no Castiel, que ajeitava sua guitarra em seu corpo, notou minha presença, deu uma piscadela e se virou para frente começando a tocar... reconheço a música.

Meddle About, jurei que não iria combinar com a voz de Castiel, mas ficou bizarramente mais tesuda, novamente a voz desse cara fica estupidamente atraente, quando começou a cantar ele olhou de canto pra mim e deu um sorriso de lado voltando a olhar pra frente, as luzes, tudo ornava.

"olhei pra Ayla, dando uma verificada, vi sua postura rígida se desfazer ao ouvir minha voz"- pensamentos de Castiel.

A primeira música acabou, outra pessoa vai ao palco e percebo Castiel descer dele, deve ser rotina de show que sempre tem pelo menos 4 meninas em cima dele.
Espero pelo menos 2 sair e vou até ele.

Veio se candidatar para ser minha namorada?-um sorriso brincalhão se estampa no rosto de castiel.

pro seu azar, não, vim elogia-lo- cruzo os braços e falo sincera.

Podem sair daqui?- Castiel fala para as 2 meninas que o obedecem - Ce vai embora agora?

vou...- falo desconfiada- por que?

te acompanho, você tem uma cara de lesa, e aqui fica perigoso.- ele fala indo para a saída e segurando meu braço

você é tão gentil- debocho, já estávamos fora do lugar, ajeito minha bolsa no ombro- eu moro logo ali, não é necessário.

- vou com você mesmo assim.- ele começa a me acompanhar, estávamos andando de certa forma devagar.

- é lerdo assim mesmo ou quer passar mais um tempo me atazanando?

- Quando criança você era menos chata - ele bufa

- você literalmente me fazia chorar. - eu paro de andar e o olho incrédula

Ele notou e parou de andar e sorriu brincalhão

— hmm verdade!

— Você acha graça? - Volto a andar só que mais rápido - Sabe você foi uma péssima pessoa e ainda brinca com isso.

Eu fiquei irritada, lembro dos sentimentos ruins que ele me fez ter com 9 anos, muitas inseguranças, estou nem aí se era por ele gostar de mim na época, que se dane.

— Tópico sensível da tábua...- ele riu e andou mais rápido para me acompanhar e eu bufo de raiva— quer conversar sobre?

estávamos de frente as escadas que levam para minha casa, subi em alguns degraus até escutar o "quer conversar sobre?" eu olho pra trás e vejo Castiel em pé, com as mãos nos bolsos, estava intrigada pela sugestão.

—Conversar?

— É... sabe, isso é uma conversa, burra.- ele ri, me viro e subo um degrau- tá parei.

Minha eu de 9 anos gostaria de explicações?
Ela gostaria de entender a mente do palhaço?(vulgo Castiel) Relutante, eu voltei a olhar pra trás

—Serio que me tratava mal por gostar de mim?- me lembro da confissão que ele foi forçado, na noite anterior, a dizer.

— acho que sim, sinceramente nem lembro muito- ele pega um cigarro e coloca entre os lábios, depois o acende dando um trago - aceita?

—não valeu.- eu me sento no degrau, castiel se apoia no corrimão de mármore enquanto fumava.— mas você implicou comigo desde o meu primeiro dia.

— sua mochila tinha muitos broches...

— e isso é motivo de ódio?- eu apoiei minha cabeça na mão que se sustava pelo cotovelo no meu joelho, eu o encarava tragar com uma cara de tédio

— não... mas sim de eu ter "gostado"- fiquei em silêncio esperando ele completar o raciocínio, ele me olha e revira os olhos - quer que eu me declare é?

— quero que explique.

— você tinha broches dos meus desenhos e bandas favoritos, naquele instante eu fiquei "uou uma garota com bom gosto!" - ele imita uma criança animada e ri de si mesmo, acabo me divertindo com isso

— tá e onde entra o ódio e bullying? se me achava "uou"

— sei lá, eu só queria te irritar, talvez era o jeito de conseguir atenção. - ele joga uma bituca de cigarro no chão e eu encaro esperando o mesmo recolher, o que não acontece.— Bom tá entregue... tábua

Vejo ele se desencostar de onde se escorava.

—Achei que ia parar de me chamar de tábua...- resmungo me levantando e subindo para a porta ouço uma leve risada do ruivo.

Olho pra trás e ele já estava indo embora, abro a porta e entro pra casa...

Por Trás do Sarcasmo | Castiel - Amor Doce 🧁Onde histórias criam vida. Descubra agora