Leonora Lopez Oliveira, muito antes de se tornar a LEONA, foi melhor amiga e filha.
Leonora cresceu na comunidade de Fuerte Apache. Filha de um refugiado brasileiro e de uma cabeleireira argentina, foi criada com muito sacrifício com todo o amor e p...
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Os quatro jantaram. Os pais de Lena foram para cama, deixando as crianças limparem a louça. Danilo se sentia na obrigação de ajudar a lavar a louça, por mais que essa tarefa fosse de Leonora.
Assim que Lena e Danilo terminaram, os dois foram para o quarto dela, onde havia um rádio na escrivaninha. Ela sempre ligava quando Danilo estava em casa. Gostava de mostrar as raízes brasileiras para ele e a forma mais fácil de fazer isso quando quisesse era pelo rádio.
Aquele rádio pegava algumas rádios da fronteira do Uruguai com o Rio Grande Do Sul. Raramente tocava algo 100% gaúcho brasileiro, mas quando tocava, ela tentava aprender a pronúncia. Era uma forma de se manter próxima ao seu pai, que trabalhava o dia inteiro.
Ela tomou um banho, colocou um pijama e voltou para seu quarto. Dani estava deitado na cama de cima ouvindo o rádio.
Ele estava pensando em Jorge. Ou melhor, na possibilidade de Lena ter gostado minimamente dele. Jorge poderia não ser o cara mais bonito do mundo ou ser rico. Porém, ele era mais velho e experiente que Danilo. E isso contava muito para o garoto. E por mais que Danilo soubesse do asco que Leonora tinha de fumantes e nóias, ainda se sentia inseguro.
Quando ela voltou com sua camisa velha marrom do Chewbacca e shorts verdes com a cara do Mestre Yoda, Danilo pensou na merda da trança de Jorge. Ela deve ter feito alguma piadinha de nerd com o cabelo do nóia e o idiota sem cultura nenhuma não deve ter entendido.
– Você pegou algum filme na locadora essa semana? – Ela perguntou e ele estava ocupado demais olhando para o teto agora.
– Nem cogitei – Ele disse sincero.
Ela subiu na escada do beliche e olhou para ele.
– Pensou sobre a minha ideia? – O quarto estava parcialmente escuro. As luzes da rua paravam nas cortinas claras da menina.
– E se não der certo?
– Qual parte?
– A da aposta – Ele sussurrou, virando todo o seu corpo para que ele pudesse enxergar bem ela – Não acho que deva se meter nesse tipo de coisa.
Ela o olhou com uma expressão triste.
– Como eu posso apoiar você e o Carlos então?
Ele pareceu pensar um pouco.
– Já que eu e o Carlos iremos focar em ser jogadores, você deve focar em ser modelo.
Ela suspirou, pulando da escada para o beliche.
– Queria ter nascido menino – Ela começou a ajeitar a cama dela para dormir. Colocou as mochilas com cuidado em cima da cadeira da escrivaninha e se enfiou para dentro de suas cobertas –...Pra não ter que fazer isso sozinha.
– Mas pensa, você vai ganhar dinheiro de verdade antes da gente. Também pode ter uma carreira mais longa que a nossa – Danilo desceu as escadas do beliche e se sentou perto dos pés dela.
