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2 capítulo
[Vitória]

  -Maria luiza, meu anjinho, por favor, cala a boquinha, ou eu juro que te ponho uma fita na boca.

A Luiza não conseguiu dormir nem por três minutos, passou a viagem inteira reclamando.
Chamando o ônibus de veio, falando que os bancos são ruins.
Teve uma hora que ela gritou pro motorista ir devagar porque não tava levando porco.

Toda vez que eu pegava no sono, ela fazia questão de fingir que estava esbarrando em mim, para eu acordar e reclamar da demora.

-também não falo mais nada - ela cruza os braços - essa demora também né, não tem quem não se estresse.

Eu tenho certeza que isso é falta de sono, ela sempre fica chata quando está cansada, o problema é que ela está ansiosa e não consegue dormir.

Não aguento mais esse ônibus, estamos a caralhas de 5 horas sentada, minha bunda está quadrada já, e minha bexiga a ponto de explodir a qualquer momento.
Isso que dá, resolver tomar água a cada três segundos.
Estava enrolando para usar esse banheiro até agora, fazendo de tudo para enganar minha bexiga e disfarçar que estava com vontade de fazer xixi.
Mas já estou no meu limite, infelizmente terei que usar banheiro de ônibus.

Pelo menos já aproveito para recuperar a minha dignidade, escovo os dentes, penteio o cabelo e etc.
Levanto do meu assento, sentindo as minhas pernas falharem de tanto tempo que eu estou sentada.
Pego minha necessaire na mochila e sigo pelo corredor em direção ao micro banheiro.

E quando eu falo "micro banheiro", é porque é um micro banheiro.
A empresa do ônibus viu que tinha espaço apenas para uma privada, mas ele não aceitou, e colocou uma privada e uma pia.

Primeiro faço meu xixizinho que está parado na minha bexiga a uns 20 anos.
Depois começo minha higiene básica.
Lavo a mão, escovo os dentes, lavo o rosto, penteio o cabelo, passo um perfume pra não ficar com cheiro de peixe morto e saio do banheiro me sentindo uma nova mulher.

Volto para meu assento, vendo que finalmente a Luiza tinha pegado no sono, eu nem conseguia acreditar em que meus olhos estava vendo, finalmente poderei dormir em paz.

guardo a minha necessaire de pressa para poder dormir o mais tempo que eu conseguir.
Me sento de novo e me aconchego depois de fechar os olhos.

-Galerinha, vamos acordando, já estamos chegando - a voz grave do diretor fala.

Puta que o pariu.
Quando eu tenho a oportunidade de tirar um cochilo nem que seja de 15 minutos, uma porra dessa me acorda.

Abro os olhos sentindo uma raiva gigante apenas com vontade de matar um, e tento acordar a Luiza.
Só que a Luiza tem outro problema, além de não dormir quando está ansiosa, ela também não acorda quando consegue dormir.

-Vamos Maria Luiza, abre os olhos defunta.

-Já vão acordando seus colegas para irem se organizando - o diretor orienta novamente.

-Luiza minha linda, acorda - insisto de novo enquanto empurro o corpo dela.

Começo a chacoalhar ela com mais força, e nada.
Ou ela entrou em um sono profundo, ou um sono eterno.

Enquanto não consigo acordar, organizo minhas coisas na mochila, fone, celular e outras coisas que estavam fora.

-Eu já não disse para acordar os colegas Vitória? - diretor para ao meu lado e pergunta.

-O senhor quer acordar?

-Pelo visto alguém dormiu de mal jeito, com esse mal humor - ele diz e continua seu caminho pelo corredor do ônibus.

𝐎 𝐂𝐇𝐀𝐋É 𝐀𝐎 𝐋𝐀𝐃𝐎 | 𝐔𝐌 𝐑𝐎𝐌𝐀𝐍𝐂𝐄 𝐃𝐄 𝐕𝐄𝐑Ã𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora