Após alguns longos minutos seguindo mentalmente o mapa desenhado por Giovana, começo a ouvir o suave murmúrio do riacho, indicando que estou me aproximando do início do vilarejo. Dou um suspiro de aprovação, contente por estar próxima de um dos pontos de referência desenhados no mapa. A vegetação ao meu redor é densa, uma mistura intrincada de mato, ervas daninhas e carrapichos.Com a ajuda da minha faca, vou cortando as trepadeiras e a vegetação densa que obstruem o caminho. O sol, embora ainda presente, luta para penetrar através das folhas das árvores, lançando sombras irregulares pelo trajeto. O cheiro de terra úmida prevalece no ar, misturado com os aromas da vegetação circundante.
Olho frustrada para minha calça, que acabou sujando devido a algumas quedas que tive no caminho, mas tento ignorar isso. Sabendo que preciso ficar um tempo no vilarejo, planejo dar um jeito de lavar ela assim que chegar.
O som sereno da água corrente preenche meus ouvidos enquanto me aproximo do pequeno riacho que margeia o vilarejo. Entre as árvores, vislumbro a visão reconfortante da água fluindo suavemente. Num gesto automático, minha língua toca meus lábios ressecados, e percebo o quanto estou com sede. Ansiosa, eu retiro minha mochila e o arco e os encosto em uma enorme pedra próxima, garantindo que eles fiquem seguros e protegidos. Em seguida, solto meus cabelos, deixando-os cair livremente pelas minhas costas, e me aproximo do riacho.
Tomada por uma sensação de liberação, seguro meus cabelos com delicadeza, sentindo as mechas quentes entre meus dedos enquanto me ajoelho à beira do riacho. O som suave da água corrente é como uma melodia reconfortante, ecoando pela mata ao meu redor. A luz do sol dança nas pequenas ondulações, criando reflexos brilhantes que me hipnotizam por um instante.
Com um suspiro de alívio, mergulho meu rosto na água fresca, sentindo a carícia do líquido refrescante contra minha pele. A correnteza parece trazer consigo uma sensação revigorante, lavando as preocupações e tensões acumuladas. Sinto alguns fios rebeldes e molhados se colarem à minha testa, e uma sensação de frescor se espalha pelo meu corpo. Cada longo gole que dou é como um bálsamo para minha alma, alimentando-me com sua pureza e vitalidade.
Com meus pulmões ardendo e o coração batendo forte, espero até o último segundo antes de emergir, sentindo um alívio imediato ao sentir o ar fresco enchendo meus pulmões. Respiro profundamente, permitindo que a brisa suave acaricie meu rosto úmido enquanto recupero o fôlego. Com as mãos trêmulas, delicadamente retiro o excesso de água do rosto, sentindo a frescura revigorante da água escorrendo pelos meus dedos.
Eu me ergo lentamente, permitindo que a sensação da água fresca ainda envolva meu rosto. Com as mãos em concha, tomo um último gole, deixando que o líquido refrescante desça pela minha garganta. Após alguns instantes, volto meu olhar ao redor, contemplando a paisagem. A cena é uma mistura de beleza natural e indomada, com a densa vegetação ao redor contrastando com a tranquilidade das águas da pequena correnteza. É como se estivesse em dois mundos distintos ao mesmo tempo: o caos das áreas urbanas devastadas e a serenidade das áreas florestadas intocadas.
Com passos cuidadosos, retorno à enorme pedra onde deixei minha mochila e meu arco. Cada movimento é feito com uma calma meticulosa, como se estivesse em harmonia com o ambiente ao meu redor. Chegando ao local, recolho minha mochila e meu arco, sentindo o peso familiar em minhas mãos. Com cautela, atravesso o estreito riacho, pulando de pedra em pedra até alcançar o outro lado. Ao chegar, lanço um último olhar para trás, pronto para me despedir do refúgio temporário que o lugar ofereceu. Porém, algo chama minha atenção e minha respiração parece prender em meu peito.
Uma sombra estranha se destaca na margem oposta, próxima à pedra onde deixei minha bolsa e meu arco. Ela não tem um formato definido, parecendo mais uma mancha escura que se move de maneira sinuosa, como se fosse feita de líquido. Mesmo imóvel, a sombra parece me observar, e um arrepio percorre minha espinha, arrebatando-me com uma sensação de desconforto.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O que há nas Sombras
Ficção Científica"Em um mundo pós-apocalíptico onde as sombras escondem segredos mortais, Amanda Trimmer embarca em uma jornada solitária rumo ao desconhecido. Criaturas invisíveis espreitam nas sombras, enquanto segredos antigos aguardam para serem desvendados. Com...