"Mas não me pergunte por que isso aconteceu
O amor acontece sem explicação
Você sai de casa em número ímpar e volta em número par
Menor que três
Você, na madrugada que nunca é esquecida
O eco infinito que um beijo faz quando explode numa vida vazia"
Antonio - Levante
Finalmente em casa, Diego deu banho em Theo, depois foi ajudá-lo com a lição de casa. Quando terminaram, enquanto o menino assistia um DVD, ele colocou roupa na máquina de lavar, varreu a casa, tirou do freezer um pote com frango já cozido e desfiado, colocou para descongelar no micro-ondas e colocou no fogo uma panela com água. Odiava as tarefas domésticas mas não tinha jeito, precisava fazê-las. Eventualmente chamava uma diarista para botar ordem na casa, mas com o orçamento apertado, priorizava chamar a babá para ficar com Theo quando saía para seus trabalhos noturnos, como o que teria daqui a pouco. Ia fazer um show cantando MPB em um barzinho ali perto. Era um cachê pequeno, mas já ajudava a pagar alguma conta. No momento, estava topando tudo, balada sertaneja, baile funk, como ele mesmo ou montado como sua drag, cantava qualquer coisa onde chamassem porque precisava do dinheiro e também porque amava o palco. Dominava ele, preenchia o espaço, ficava gigante com o microfone na mão. Por enquanto, apenas palcos pequenos o acolhiam mas um dia, ele tinha certeza, teria um grande palco para chamar de seu e o preencheria da mesma forma, com a mesma dedicação.
– Vamo jantar, amor? – ele chamou Theo quando a comida ficou pronta. – O pai fez macarrãozinho com frango.
O menino deu um salto do sofá e veio correndo até Diego.
– Oba!! Meu preferido!! – o pequeno gritou e sentou-se à mesa em frente ao pratinho de macarrão.
Diego sorriu olhando orgulhoso para ele. Com toda a dificuldade, estava criando bem seu menino. Fez um prato para si mesmo ainda sorrindo e sentou para comer. Enquanto jantavam, a babá chegou e ele engoliu tudo e foi tomar um banho e se arrumar para o show. Hoje tocaria como ele mesmo, então o processo era rápido, escolheu uma bermuda jeans e uma camiseta verde de mangas curtas, colocou uma corrente prata e um brinco de argolinha na orelha. Calçou um tênis branco, passou um perfume e colocou um boné rosa.
– Tô indo trabalhar, viu, amor? – ele disse e deu um beijinho em Theo. – Volto logo. Comporte-se.
– Tá bom, papai. Bom show.
Depois de se despedir, pegou sua bolsinha tiracolo, colocou o teclado no case e saiu de casa a pé mesmo já que a chuva tinha dado uma trégua. Chegou no bar, arrumou seu cantinho com o som e o teclado e começou seu show, o qual tinha um repertório basicamente de MPB que ele dominava sem dificuldades com a voz poderosa que tinha. Estava lá tranquilo, seguindo o setlist apesar do movimento fraco naquela quarta-feira.
Tudo tranquilo até que ele entrou. O lobo mau marrento maromba chegou distraído e sentou em uma mesa longe do palco. Diego reparou que estava ainda mais bonito agora de camisa branca, calça jeans apertada e cabelo molhado. Parecia não ter percebido que era o Diego pai do Theo cantando no palco.
Diego então resolveu inserir uma música que não estava no setlist e começou a cantar olhando diretamente para ele porque era como estava se sentindo no momento:
"De repente fico rindo à toa sem saber por quê
E vem a vontade de sonhar, de novo te encontrar
Foi tudo tão de repente
Eu não consigo esquecer
E confesso, tive medo
Quase disse não
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Meu Aconchego
FanfictionPai solteiro, Diego se desdobra em mil para criar seu filho de seis anos. Dividindo-se entre a carreira artística e o filho, mal tem tempo para si, até que um certo Lobo Mau o faz desejar de novo ter um colo onde se aconchegar. *Essa é uma história...