A minha solidão

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Eu sou ridícula,
Ridícula porque tenho medo de ri,
Tenho medo de ter alegria.

Sou ridícula quando fico quieta,
Quando digo que todos tem razão.

Sou ridícula quando tiro meu próprio coração,
Quando deixo que falem em vão.

As vezes me reservo,
Fecho os olhos e espero,
Fantasio o que nunca ocorrerá,
Fujo de todos que podem me machucar,
Nunca quero desagradar,
Não falo, não grito,
Engulo calada,
Corto a minha garganta.

Sorrio, e rio,
Delicada e gentil,
Fútil e mal amada,
Sozinha, solitária,
Marcada, mal humorada

Quem me conhece de fato?
No final não tenho espaço,
Não caibo, me espremo,
Me transformo, me enterro.

Não existo,
Eu insisto, quero ser, quero ter,
Quem é você?

Me mato pouco a pouco,
Sempre que calo a minha própria fala,
Me mato de novo,
Sempre que aceito calada.

Tenho vergonha de tudo em mim,
Tudo o que eu gosto, poderia não gostar.
Tudo o que sou, poderia deixar de ser.
E talvez seria um pouquinho aceita, caberia um tiquinho,

No final a Heidi voltou para as montanhas,
A Mary para o jardim,
E eu no fim,
Ficarei aonde?
Talvez como a Matilda, só,
Sozinha,
Com uma plantinha.

—15/02/2024

𝐎𝐥𝐡𝐨𝐬 𝐝𝐞 𝐯𝐢𝐝𝐫𝐨 - Poesias e Pensamentos Onde histórias criam vida. Descubra agora