05

101 17 2
                                    

— Como? Eu não desafiei ninguém! — retruquei aborrecida. Meu dia mal havia se iniciado e já estava sendo agraciada com essa notícia.

— Se não desafiou, como me explicaria o que ouvi sair da própria boca dele? — reclamou excedendo o limite de sua voz.

— Espere, Kaoru Hanayama foi atrás de mim? — Exclamei perplexa diante dessa nova informação.

O negócio realmente ficou sério para Liz, pobrezinha teve que lidar com isso sozinha.

— Não, quem veio até mim foi um dos homens dele — ouvi sua voz falhar, provavelmente por medo — [nome].

Ela estava em apuros, sua maneira de falar denunciava, suas palavras não era mais tão confiantes e isso foi o suficiente para me fazer agir.

— Não se preocupe, Liz peça para alguém avisar a quem quer que seja esse homem que te deixou assim, que eu vou estar no mesmo restaurante.

— Restaurante? [Nome] não estou entendendo nada.

— Apenas repasse essa informação. Depois das 19:30 eu vou estar lá.

— Certo, me desculpe por isso, querida.

— Não se desculpe. Fui eu quem me colocou nessa situação, é justo que eu lide com ela. Até mais tarde, Liz. — desliguei antes que ela me fizesse mais perguntas.

Precisava bolar um plano e ele teria que esperar até que chegasse no escritório. Então apressei o passo e fui dar um trato nessa assombração que o espelho insiste em refletir. Tomei meu banho, escovei meus dentes e quando estava prestes a sair do banheiro, percebi que a minha menstruação havia começado a descer. Isso explica o porquê do meu mau-humor.

Ótimo, pelo menos teria uma vantagem se ele ousasse me agarrar à força. Na escolha de quais roupas iria usar, dei prioridade para aquelas que me deixavam com uma aparência mais madura, uma calça preta combinada com uma camisa cinza simples e o meu velho conjunto de saltos médios preto. Esse seria basicamente um bom look para dar fuga, mas sem esses sapatos.

Assim que cheguei no escritório, larguei minha bolsa em cima da mesa e sai a procura de café. Acabei encontrando Ling conversando com outras mulheres que também trabalhavam lá, mas eu não as conhecia e nem pretendia, só eu sei o que ouço durante as idas ao banheiro.

Apenas acenei para ela e voltei para o meu local de trabalho com uma xícara de café. Travei uma verdadeira batalha para conseguir me sentar de maneira confortável com aquele absorvente que estava incomodando tanto.

Passei o dia inteiro analisando contas e mais contas, essa era a desvantagem de não ter um cargo definitivo. Eu precisava me dividir entre o trabalho e os pensamentos ansiosos sobre o meu "encontro" com aquele pirralho. Sim, decidi apelidá-lo e não me importava com o fato de que era o Yakuza mais forte do Japão, ele não poderia ler a minha mente mesmo. Além disso, sou mais velha, mesmo que esse fato passe despercebido pelos demais, ainda existe aquela coisa de que "os mais novos tem que respeitar os mais velhos".

No final do meu turno, como combinado, fui até aquele restaurante outra vez. Assim que abri a porta principal, me deparei com sua figura relaxada ocupando a mesma mesa que eu tinha ocupado naquele dia. Reuni forças para mover as minhas pernas e caminhar em sua direção.

— Olá [nome], está bonita como sempre — Ren apareceu sorrindo feito um bocó.

— Oi, Ren — respondi e passei por ele.

Foi mal Ren, mas no momento estou sem tempo para ouvir as suas juras de amor!

A cada passo sentia como se estivesse caminhando em direção ao perigo e a maneira como Kaoru Hanayama estava me encarando só reforçava essa minha ideia. Eu tô ficando paranoica, ele não pode estar a fim de mim, ainda mais quando pode ter qualquer mulher que quiser.

— Meus olhos estão aqui em cima — resmunguei, sentindo um frio estranho acertar a minha barriga quando seus olhos colidiram contra os meus — olá Hanayama.

— Olá [nome], ou deveria ser Suzi? — o vi colocar a mão sob o queixo, encenando estar pensativo sobre a minha real identidade — por que não se senta?

Ótimo, vamos dar um basta nessa história agora mesmo.

— Primeiramente me cumprimente corretamente.

Narrador

Hanayama não poderia deixar de sorrir com uma afronta dessas, a mulher foi ousada o suficiente para desafiá-lo olhando diretamente nos seus olhos.

— Como poderia? Se até pouco tempo atrás você estava no palco de um cassino usando o nome de Suzi.

[Nome] queria deixar seu temperamento explodir e dizer a ele que pouco se importava o que estava dizendo, aquela era a vida dela e ele não tinha direito de se intrometer.

— De onde tirou essa informação? — [nome] questionou fingindo estar surpresa — Suzi é uma das dançarinas do grupo da senhora Liz, ela precisou se ausentar de última hora e a Liz estava sem opções. Satisfeito?

— Não completamente — respondeu evidenciando seu descontentamento. Esperava por outro tipo de história.

— Que pena — disse com sarcasmo — Eu adoraria ficar e esclarecer as suas dúvidas, mas infelizmente terei que ir embora.

[Nome] estava rezando mentalmente para que ele não insistisse mais no assunto. Infelizmente teve suas preces ignoradas quando Kaoru Hanayama rodeou seu antebraço com sua mão, a impedindo de dar mais um passo.

— [nome], pretende fugir outra vez? — questionou com um tom de voz pacífico.

Naquela situação, onde estava se tornando o centro das atenções, [nome] ouviu um comentário que a fez cerrar seus punhos. — Ela está traindo o Takashi?

Sentindo que estava prestes a desmoronar, [nome] direcionou sua mão livre na direção dos dedos de Hanayama, tentando criar coragem para puxar seu braço de volta. Eram seus hormônios prestes a torturá-la, um sinal claro que ela precisava sair dali com urgência ou acabaria decretando sua centena de morte.

— Não sou covarde para fugir — [nome] engoliu a seco, lutando internamente contra a imensa vontade de socá-lo.

— Então o que significaria isso?

Hanayama sentiu seu corpo estremecer pelo contato da palma de sua mão contra a pele do antebraço dela. [nome] pretendia fugir outra vez e isso ele não iria permitir.

Ele estava preocupado com ela.

— Significa que eu já estou farta de pessoas como você — [nome] admitiu comprimido seus lábios. E mais dúvidas acabaram se instaurando na cabeça de Kaoru— quer a verdade? Porque não vai perguntar ao Takashi!

A sombra de um YakuzaOnde histórias criam vida. Descubra agora