Para sempre minha ( PRADO DA ZN)

Invasora? (P.O.V Nanda)

Cerca de cinco dias haviam se passado e eu tava indo muito bem , tanto no curso quanto no salão. 
Os professores do curso técnico elogiavam o meu desempenho e aptidão na área,  meu pai, por sua vez, ficava nas nuvens  como sempre e pra completar o sucesso, as clientes da tia Lucy me adoraram .
Era só  elogios.

Já  havia aprontado a janta, limpado a casa e tomado um excelente banho e como não  queria jantar sozinha, decidi aguardar a chegada do meu pai  enquanto mexia no celular.

Respondia um áudio da Vó  Nita quando o celular começou a vibrar e tocar em minhas mãos. Era a tia Lucy.

_Oi tia. Aconteceu alguma coisa?  -Perguntei estranhando o motivo da ligação,  já  que tínhamos passado a tarde toda juntas no salão.-

_Oi amor! Tem uma pessoa aqui querendo falar contigo. Vou passar o celular.  -Falou divertida e eu me pus curiosa.-

_Oi Nanda, é  a Sophia! Eu tô com muitas saudades de você e , ó,  eu tô  aqui no Trick e eu trouxe as minhas bonecas pra gente brincar. Cê  vem?  -A pequena pediu com seu jeito dengoso  e eu sorri imaginando a carinha que ela devia estar fazendo.-

_Oi lindinha, vou sim! Espera só eu resolver umas coisinhas aqui, tá bom?

_Tá bom, vou esperar.  Tchau, beijo!

_Tchau, beijo!

Como já  havia tomado banho no intuito de dormir após  jantar, apenas tirei o babydoll que usava  e pus um vestido leve, já  que a temperatura do início da noite estava agradável: nem fria, nem quente. 
Penteei os cabelos e optei por deixá-los soltos mesmo. Dei uma olhada no espelho e notei que o vestido estava mais justo e um pouco curto, mas fazia tempos que não  o usava, seria ele mesmo. Nunca tive paciência para provar roupas e roupas, apenas olho, provo, achei legal? É  ela e pronto.

Poucos minutos depois  meu pai chegou, tomou banho e nós  jantamos. Conversamos um pouco sobre o seu trabalho  na oficina,  em seguida o comuniquei que iria na Amanda e ele não  se opôs,  limitou-se a falar o seu velho  e tradicional " volte cedo". Assenti e parti.

                       ...

Enquanto caminhava distraída já na rua do Trick, tive a impressão de estar sendo observada, porém  não  dei bola, pois se acaso eu olhasse e descobrisse quem era, provavelmente ficaria vermelha e desaprenderia a andar. Então  segui meu curso olhando para frente apenas. 

Cheguei na frente da casa da Amanda , mas não  vi ninguém  conhecido. Olhei pros lados e nada. Quando fixei o olhar na frente da casa do Trick , vi um rapaz sentado em seu calçadão.
Cogitei a possibilidade  de pedir informações a  ele, mas a timidez falou mais alto.
Percebi que o tal rapaz me encarava e por instinto ou impulso acabei encarando-o de volta.
Ele me lembrava alguém, mas no momento não  conseguia associar.
É  branquinho, gordinho e apesar de estar sentado é nitidamente mais alto que eu . Seus cabelos são  de um belo tom castanho escuro, assim como os olhos aparentemente. O nariz bem talhado e pequeno molda perfeitamente o centro do seu rosto e a boca pequena e vermelha mais parece um morango maduro. Linda.
Me pego então imaginando o quão gostosa deve ser...

Num flash de consciência me toco que estou tendo pensamentos nada puros com um estranho que pode até  ser comprometido. Me envergonhei disso, como se o pobre rapaz pudesse ler minha mente e desviei meu olhar do seu.

Decido então  tocar a campainha da tia Lucy , mesmo sabendo que a Amanda não  estaria em casa , pois havia comentado mais cedo no salão que iria ajudar uma amiga na festa infantil da sua filha assim que terminasse o expediente.

Toquei a campainha uma,  duas e na terceira vez ,ouvi uma vozinha conhecida gritar meu nome...
Sophia e suas bonecas estavam por trás  de um outro calçadão, por isso não  consegui vê-la antes.
A pequena veio até  mim, me abraçou e fez questão de me apresentar ao seu tão  falado irmão, Pedro.
Quando percebi que a garotinha me levava toda feliz ao encontro do rapaz sentado no calçadão a vergonha veio á galopes ,pois lembrei de imediato do modo como o devorei com os olhos há  minutos atrás...