√ 𝐿𝑜𝑣𝑒 𝑎𝑛𝑑 𝐴𝑠ℎ𝑒𝑠

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O que antes poderia ser denominado como o fogo, as chamas que antes percorriam por suas células não se faziam presente. Os verdes poderosos que lhe distribuíam acusações e que lançaram feridas incuráveis a pessoas ao seu redor dava-se o lugar aos olhos tristes, decepcionados consigo mesma buscando desesperadamente mudar uma situação quase irreversível dentro de si.

Lauren fitava o vidro do carro naquela noite de viagem a caminho do chalé que por muito poderia ser seu refúgio, sua salvação e perdão que necessitava buscar para continuar a seguir. Foram anos vivendo uma depressão que se alastrou por completo tomando conta daquilo que um dia já foi seu, sua alma.

Sair daqueles dias tenebrosos era a parte mais difícil, era uma luta diária e recomeçar seria o desafio intenso que precisava cumprir.

Usando um casaco de frio para lhe proteger a pele porcelana. Em seu pescoço estava um cachecol xadrez das cores mostarda e preto que o ajeitou ligeiramente, olhava atentamente pelo vidro lá fora observando a neve caindo em sincronia. Aquela época era destruidora de corações solitários, pois naquele frio que era o único a lhe abraçar.

Suspirou fechando os olhos brevemente recapitulando tudo o que aconteceu em sua vida se recordando dos anos terríveis que a transformaram naquela pessoa. Doía se recordar daquilo... machucava porque Lauren conseguia lembrar perfeitamente daquela sensação que martelava seu peito vivendo na pele da Senhorita Morgado, a sensação era terrível como se sangrasse, como desejou intensamente partir apenas para que parasse naquela época.

Por quantas vezes caía de bêbada sobre aquele carpete frio de seu apartamento bebendo feito uma desvairada porque era uma das últimas lembranças que tinha com seu pai. Sentindo o que ele sentia... a mesma sensação ainda em vida por tudo o que perdeu, Michael sofreu por sua família e Lauren havia sofrido por ele.

Engoliu com vigor se recusando a chorar, mas aquela mesma sensação de dor que sentia no passado nunca a deixaria enquanto Lauren não se curasse, enquanto a magnata não parasse de se culpar pela a morte de seu pai. Suas costas eram largas... embora ela aguentasse muito não significava que não se afetava, ela era atingida... e sofria em silêncio.

Foi ofendida, lhe chamaram de doente, de insensível e sem coração quando na verdade ela apenas precisava de um alguém e de uma ajuda.

As cargas lhe deixando marcas eternas onde ela desejava fechar os olhos e ganhar uma oportunidade de mudar o seu passado, mas não poderia, não se pode mudar o que já passou. Agora estava ali... sozinha e com um enorme buraco em seu peito, o vazio lhe desejando memórias que queria esquecer.

Sentiu seu corpo queimar suficientemente para abrir os olhos após todos aqueles pensamentos e procurou imediatamente alcançando o par de castanhos que a fitava excessivamente ao lado no banco do carro e quando fora pega desviou, mas fora o suficiente para Lauren conseguir ver o pequeno franzir de seu cenho que estavam em si.

Possivelmente Lauren nunca a recuperaria e ela a olhava enojada naquele momento. Apesar daquelas constatações doerem... era o mais lógico a se pensar, Camila saiu de sua mansão odiando-a arduamente, mas o que a magnata não sabia era que Camila já estava olhando-a naquele carro a bastante tempo.

Era estranho estar ao lado da mulher que amava e sequer poderia abraçá-la, sentia-se tão triste e chateada consigo mesma pelas coisas que fizera que apenas queria abraçar aquele corpo que sempre lhe trouxe amor e chorar pedindo perdão. Seus punhos se fecharam sobre suas coxas, engolir o choro doía mais do que chorar...

Voltou a doer tão intensamente que mesmo com os verdes fechados, Lauren apertou os olhos com força e rapidamente uma movimentação veio ao seu lado e era Camila virando o rosto para a janela, escondendo de si imediatamente como se ela quisesse lhe omitir algo em sua face em desespero.

Tormenta(Primeira Versão)Onde histórias criam vida. Descubra agora