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Não tinha nenhum resquício de sangue real ou divino, toda a pequena glória de descendência que possuía era de seu bisavô, soldado morto na guerra dos Gregos contra Troia.
Eu o conheci assim que completou o primeiro ano de vida. Vivia em uma aldeia vizinha a Fítia, sua mãe era uma mulher doce e amorosa, seu pai um fazendeiro rigoroso porém muito gentil.
Até onde eu sei, seu pai havia desposado sua mãe quando era uma jovem de quatorze anos, por vontade da própria. Haviam casado por amor, simplesmente.Tiveram quatro filhos, todos homens. O mais velho dos quatro, havia partido para Fítia em busca de fazer seu próprio nome e hoje servia ao rei como soldado.
O segundo filho, partira para Esparta a uma semana, havia tomado uma Espartana como esposa e decidiu que ele sairia do interior.
O terceiro filho tinha acabado de completar dezessete anos, ajudava o pai com as plantações e os animais, diferente dos irmãos mais velhos não tinha nenhum interesse em luta, e muito menos em sair da pequena vila.
E por último, o quarto filho... esse permitiram-me ter o vislumbre de vê-lo crescer.
Aos cinco anos conhecera Melina, uma bela garotinha dois anos mais nova, de longos cabelos negros e olhos azuis encantadores.
Formaram uma amizade bonita, os pais era amigos e as famílias se davam bem.
Ouvia os provedores das famílias planejando que os dois se casassem assim que a jovem tivesse idade.Aos oito anos descobrira a paixão por desenhos.
Sabia bem que seus pais não poderiam comprar tintas para algo que não fosse verdadeiramente importante, por tanto com o tempo foi aprendendo a fazê-las por si mesmo.
Dias em que voltava para casa sujo de lama, carvão, ou resquícios de alguma planta.Quando completou dez anos, seu pai resolveu lhe ensinar o pouco que sabia sobre luta.
O comum era que os garotos começassem a ter esse conhecimento desde muito cedo, mas com uma aldeia tão tranquila seu pai não via necessidade para tal.
O mais velho não ensinou-lhe muita coisa, afinal, não sabia muita coisa. Mas aquele pouco de conhecimento fora essencial para que o moreno começasse a treinar por conta própria.E então hoje, aos dezesseis, era um homem feito.
Não tão bom lutador quanto o irmão mais velho -afinal, aquele era soldado-, mas sabia o suficiente para proteger sua família.E eu o via de pé sobre o tablado de madeira, vestindo sua melhor túnica, os cabelos negros perfeitamente arrumados.
Está lindo...
sussurrei, ele não me ouviu, é claro.E então ela apareceu, estava estonteante. O vestido branco arrastando pelo chão, o cabelo preto caindo sobre as costas, e o véu escondendo os olhos azuis que eu tenho certeza que estariam brilhando.
Ela era linda, de fato. Isso jamais poderia ser negado.
Mas ele não a amava, não como queriam que amasse. Estava ali porque tinha de estar, e não porque queria.E então eu me pergunto, assim como me perguntei todas as noites no último ano...
e se fosse eu?Se fosse eu naquele altar? Ele me amaria? Se casaria porque quer e não porque deve?
E se fosse eu?
Outro sussurro, e novamente ele não me ouviu.Afinal, não passo de uma alma insepulta destinada a vagar em agonia...
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Amor E Ruína - Pejao
Fiksi PenggemarOnde Pedro era filho de fazendeiros de uma aldeia vizinha a Fítia; e dias após casar-se conhece alguém que lhe encanta, e ao fim, para proteger seu amor precisa deixar sua família.