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O velho texas, fazia um ano que eu não visitava.

Um total de cinco anos desde a mudança, eu nasci e vivi no texas até meus dezessete anos, após terminar o ensino médio convenci meu pai a me mandar para um faculdade de administração em New York. Como meu pai sempre fazia minhas vontades mesmo a contragosto eu me mudei poucas semanas após o ensino médio, para achar um apartamento adequado e me habituar com a cidade, claro que eu estava louca para sair de Bandeira. Nunca gostei da cidade, cidade de interior, não tinha pessoas, todo mundo se conhecia, eu era jovem, queria conhecer uma cidade grande, novos garotos, nova rotina.

E eu consegui.

Me acostumei rapidamente a cidade, fiz amigos, fui as melhores festa, e no começo do ano letivo na faculdade eu já era a alma da festa, a garota que todos os caras queriam e todas as garotas queriam ser amigas.

Eu ainda era, invejada por todos. Conheci Michel no final do último ano da minha faculdade, ele era irmão de uma das bolsistas, e um belo dia na saída esbarrei com ele. Homem bonito, charmoso, simpático e o melhor de tudo, transava muito bem. Seu único defeito, claro, era não ter onde cair morto. Ele trabalhava em um restaurante italiano ótimo, um dos melhores de New York, era o típico faz tudo. Mas como eu poderia imaginar? Ele me levou a lugares caros e sempre pagava, andava sempre bem arrumado e sempre andava em um Lexus RX. Pobres não andavam assim. Mais tarde quando já estava muito envolvida com ele para terminar descobri que o carro era do seu patrão, o dono do restaurante que confiava o carro a ele para resolver assuntos do restaurante. Michel poderia até não ser rico, mas fazia todas as garotas suspirarem, ele era muito atraente e mais tarde descobri muitas qualidades nele. Como seu bom tato para administração, e seu sonho de ter um restaurante, muito melhor que eu claro, eu viveria como sempre e quando chegasse a hora de assumir os negócios da família Michel faria o serviço pesado.

Eu desci em San Antonio, não tinha como ir de avião para Bandeira, a cidade com mil integrantes não tinha um aeroporto. Aluguei um carro para o final de semana. Eu costumava visitar meu pai uma vez no ano, no final do ano letivo da faculdade, eu havia terminado a faculdade ano passado e desde então vinha evitando de visitar ele, sabia que ele insistiria para que eu voltasse a cidade, e isso não estava nos meus planos. Quando entrei no carro alugado relaxei sobre o banco de couro, eu estava louca por um banho e uma massagem, tinha sido longas quatro horas de voo. Pisei no acelerador e fui rumo a Bandeira. Tinha chão ainda até a cidade. Era fácil saber quando estava próxima da minha cidade natal, as coisas ficavam mais verdes, campos maiores, o sol mais quente, céu mais limpo. Eu sempre tinha que levar o carro para lavar antes de devolver, as estradas de chão de Bandeira não ajudavam em nada.

Homens conversavam na beira da estrada, seus cavalos bem cuidados ao seu lado, eu tinha chegado a Bandeira. Era o típico retrato de cidade cowboy. Chão de barro, estabelecimentos rústicos de madeira, chapéu, o sotaque, vi que os pelos do meu braço se arrepiaram, neguei com a cabeça e segui, a fazenda do meu pai ficava praticamente no final da cidade.

A Fazenda Costello, enorme, um dos maiores do texas, meu pai assumiu o rancho com dezoito anos, após se casar com minha mãe, ele triplicou o tamanho das terras que herdou e quadruplicou a fortuna da família. Investiu pesado em exportação de carne e deu muito certo, seus planos agora era lançar uma marca de cerveja. Meu pai era ótimo então eu tinha certeza que ia dar certo.

Ao chegar às portas se abriram para mim, e eu atravessei a entrada de pedras, ao contrário da cidade, no rancho tinha pelo menos um caminho de pedra que levava até a residência Costello. Meu pai me esperava na frente a enorme mansão, ela era branca, bem cuidada, com uma forte enorme no centro do estacionamento, sai do carro ouvindo meus saltos baterem contra a escada de mármore branco que levava até a entrada da casa, meu pai estava no topo, com sua típica camiseta de flanela xadrez, calças jeans, botas e chapéu preto, ele era um homem bonito para seus quarenta e pouco. A barba bem feita grisalha assim como o cabelo. Ele veio em minha direção me tomando nos seus braços para um abraço forte que me tirou do chão.

— Filha! Você está tão linda, senti tantas saudades de você meu bem.

Sorri abraçando ele mais forte, eu também tinha saudades dele, Lorenzo era um ótimo pai, sempre foi, atencioso e presente, ele só esperava de mim coisas que eu não queria ser.

— Venha, entre, vamos tomar um café enquanto me conta as novidades da cidade grande.

                             ☆☆☆

Estava na parte de fora da mansão, onde havia a piscina de borda infinita e belas espreguiçadeiras. Tinha mesas para apreciar o jardim enquanto tomava o café, quando eu era criança tomavamos café aqui todas as tardes, para ver os pássaros cantarem.

Meu pau tomava um café preto enquanto beliscava biscoitos de pavilho. Já eu tomava meu café gelado apenas.

— Na verdade pai, vim até aqui para lhe dizer algo.

Ele me olhou seriamente com seus olhos castanhos claros. No sol eles ficavam ainda mais claros com pontinhos dourados, iguais aos meus.

— Não me diga que finalmente vai voltar a morar aqui, está mais que na hora. Na sua idade eu já administrava essas terras que foram do seu bisavô e do pai dele.

— Vou me casar — disse de uma vez para ele se desviar do assunto, vi ele engasgar com o ar e arregalar seus olhos. Papai começou a tossir igual louco, me obrigando a me levantar para bater em suas contas.

— Que? Como assim casar?

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