𝑈𝑀

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𝙋𝙀𝘿𝙍𝙊'𝙎 𝙋𝙊𝙑

Era hora de almoço de uma quinta-feira, eu estava com meu amigo Renan esperando a fila do almoço passar.

— Caralho — reclamei — Que demora.

— Relaxa, tem o intervalo todinho pra gente pegar o almoço.

Renan era meu primeiro amigo na faculdade de artes. Nos conhecemos na segunda feira e até hoje (quinta) estamos nos ajudando com as atividades da faculdade.

— Ei — eu grito pra moça que estava distribuindo a comida — Qual é o almoço hoje?

— Frango — ela gritou de volta.

— De novo?

Antes de qualquer coisa, um barulho estrondoso começa no refeitório e vejo um cara aleatório com uma caixa de som fantasiado de homem aranha.

Ele passa por todos e cumprimenta quase todo mundo e na hora de passar por mim na fila ele me encara.

— Um calouro — ele sorri — Prazer, Jão. Bem-vindo a arte.

Antes de eu falar qualquer coisa ele olha para Renan e o cumprimenta.

— Outro calouro, prazer.

Eu fico maravilhado, é como se uma cena dessa fosse uma raridade que poucas vezes acontece na vida.

Eu peguei meu celular e apontei a câmera pro garoto.

— Gostou de mim, calouro? — ele disse — Que daora.

João Vitor fez pose pra foto e eu tirei. Eu mostrei a foto pra ele e ele sorriu, pegando o seu celular e tirando uma foto minha.

Fiquei envergonhado e minha cara ficou vermelha como pimentão.

Ele saiu de perto, colocou um instrumental de Shake It Off da Taylor Swift e começou a cantar.

— Cara — Renan disse pra mim — João Vitor gostou de você eu acho.

Eu aceno com a cabeça e continuo olhando ao moço.

A música troca e eu vejo ele subindo na mesa começando a tocar uma música do Tim Maia.

Vou pedir pra você voltar, vou pedir pra você ficar... — ele cantava pra todo mundo.

No refrão, todo mundo cantou junto com o moço. Era algo chamativo, algo fofo e engraçado. Ele tinha uma voz bonita. O refeitório estava todo animado cantando e batendo palmas.

Quando ele terminou, veio até mim sorrindo.

— Você quer cantar comigo? — ele perguntou.

— Não dá, eu sou horrível cantando — eu disse enquanto dava um passo pra trás e colocava a mão atrás da nuca.

— Vamos, me fala uma música que você gosta — ele insiste.

Eu comecei a pensar e pego o celular da mão dele. Colocando Exagerado do Cazuza e coloco a música na caixa de som.

João sorri e liga o microfone começando a cantar a música. Era impressionante que ele sabia essa de cor.

Ele cantava subindo em cima da mesa e então eu vejo ele me chamar com o dedo e Renan me empurrou levemente até direção a ele.

E por você eu largo tudo, carreira, dinheiro, canudo. Até nas coisas mais banais, pra mim é tudo ou nunca mais.

Subi na mesa e peguei o microfone da mão dele.

— Exagerado, jogado aos seus pés eu sou mesmo exagerado — eu cantei sem nenhuma vergonha em cima da mesa.

— Adoro um amor inventado.

Cantamos o final da música inteiro e quando acabou eu vi todos batendo palma e senti aquela pequena liberdade de me soltar.

João olhou pra mim sorrindo e bateu palmas.

— Parabéns calouro, me impressionou.

Ele pega um papel e uma caneta e escreve um número, acredito que seja o seu número de telefone. Ele me entrega e realmente era o número com um nome "Jão ★".

Eu sorri e saí da mesa e voltei pro meu lugar na fila atrás do Renan.

João não parou, colocou outras músicas e continuou cantando.

— Você arrasou cara, junto com o João — disse Renan.

— É, foi bom.

Olho para o papel com o número do Jão e sorrio. Com toda a certeza eu vou ligar.

𝑆𝑃𝐼𝐷𝐸𝑅 𝐽𝐴𝑂  - au pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora