𝑇𝑅𝐸𝑆

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𝙅𝘼𝙊'𝙎 𝙋𝙊𝙑

É engraçado com as coisas acontecem tão de repente. Nunca me senti tão vivo após conhecer o Pedro na primeira quinta feira do semestre na faculdade.

Estamos mais da metade do semestre e em quatro meses eu e Pedro nos tornamos melhores amigos. Tivemos muitos momentos especiais, quase nos beijamos em uma festa que ele tava se sentindo deslocado. Pedro ainda é meio tímido, as vezes eu puxo ele pra cantar no dia de quinta e tem poucas vezes que ele se solta igual na primeira vez.

Nesse momento, estava me preparando pra mais uma quinta feira como o homem aranha da faculdade de artes. Pedro estava no refeitório então eu tinha armado um plano legal pra ele se surpreender.

Eu apareci com a caixa de som e o microfone já ligado. Pedro estava sentado em uma mesa do refeitório. Por fim, eu coloquei uma música bem animada dos anos noventa e comecei a cantar.

Fui subindo em mesas e fazendo o showzinho como se fosse um cantor bem famoso.

Eu troco a música e coloco um instrumental de uma música que escrevi a um tempo.

— Essa é uma música que comecei a escrever a quatro meses, depois que conheci uma pessoa especial.

A música começou e eu criei coragem na hora. Primeiro, começa com uma voz de uma criança falando "Eu gosto de você, tchau".

Gosto de ser imaturo com você, gosto de me entregar e me perder. Quero poder implicar com todas suas maneiras — começo a cantar enquanto andava por uma mesa.

Eu cantei a música inteira andando pelas mesas. E quando a música ia acabar, estava em cima da mesa que Pedro estava.

É que eu sou fraco, frágil, estúpido pra falar de amor, mas se for com você eu vou, eu vou, eu vou — me agachei fazendo a pose do homem aranha na frente de Pedro e soltei um sorriso "sem vergonha".

Eu vejo ele ficar meio corado.

— Jão, o que você tá fazendo? — ele pergunta.

Eu engulo o seco, meio nervoso. Então começo a falar no microfone.

— Querido Pedro. Em quatro meses tivemos momentos que eu achei que nunca pensei que iria viver com alguém. Comecei a me sentir mais especial quando te conheci na primeira quinta feira desse semestre — eu digo e escuto um grito de "vai dar namoro".

— O que você tá querendo dizer com isso? — ele pergunta.

— Tô querendo dizer, que eu quero saber se você aceita sair comigo no sábado  — eu levanto e continuo a falar no microfone — Pedro Augusto Tófani Fernandes Palhares, você aceita sair comigo no sábado a noite para um encontro romântico? — falo enfatizando a palavra "romântico".

— Você tá me chamando pra um encontro? — ele diz, baixo.

— Estou, eu quero que você saia comigo Pedro, e que me dê uma chance — me aproximou dele me agachando de novo — Uma chance de termos algo a mais.

Eu não ligava com as pessoas ao redor, o que iriam achar ou se achariam algo bem idiota ou imaturo. Eu quero estar com Pedro. Apenas.

Eu vi o mesmo respirar fundo, subir na na cadeira que estava sentado. Pedro pegou meu microfone e anunciou a sua resposta:

— Sim, eu aceito, eu quero, eu permito, eu te darei a chance, João Vitor.

Todos bateram palma, eu ri e levantei, ficando mais alto por estar em cima da mesa. Eu peguei em sua mão e subi na mesa, não pensei em nada e apenas o beijei.

Eu, João Vitor Romania Balbino, beijei Pedro Augusto Tófani Fernandes Palhares.

E Pedro me beijou. Escutávamos palmas e palmas. Foi um beijo rápido.

Quando paramos, escuto Renan, seu amigo começando a cantar.

Caso do acaso bem marcado em cartas de tarô — ele ria — Apesar de ser um plano que já sabia.

— Você sabia disso? — Pedro perguntou.

— Não importa, você vai sair comigo — interrompi — Você vai sair comigo e eu prometo que vai ser bom.

E mais palmas e palmas. Dei mais um beijo no Pedro, e voltei ao meu showzinho da quinta feira.

𝑆𝑃𝐼𝐷𝐸𝑅 𝐽𝐴𝑂  - au pejãoOnde histórias criam vida. Descubra agora