Feamus Kaliopes

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Dor, o meu pulmão continuava cheio de fumaça. Feamus, aquele nome era familiar, lembrava de Igor falando que muitos que tentaram subir a montanha tiveram seus corpos estraçalhados de fora para dentro, mas é claro pareciam historias, apenas isso, já que o mesmo não lembrava de ninguém que tenha retornado da montanha de Kaliope.

Os quatro estavam exatamente como eu, todos debruçados uns por cima dos outros, com os olhos abertos fixos em diferentes pontos. Será que eles estavam com todos os sentidos ativos como eu?

Cada corpo curvado daquele jeito, sem o mínimo de ordem, imóveis, inertes, perturbava a minha mente. Algo formigava em minhas mãos, a circulação tinha voltado, tive um pouco de dificuldade mas finalmente pude mover levemente os meus dedos. Alivio descrevia o que sentia. O ar passou a circular mais facilmente e sinto meu rosto se aquecer novamente. O efeito do feamus estava se dissipando e com ele uma dúvida surgiu. O veneno tinha percorrido o meu corpo por pouco mais de dez minutos, cada segundo tinha sido tortuoso, entretanto o efeito deveria ter maior duração, o meu corpo é mortal, deveria manter o veneno circulando até que não aguentasse mais, ou seja, quando a morte chegasse.

Uma estranha sensação de lembrança percorreu o meu corpo. Feamus Kaliopes, era um dos venenos mais fortes dos quatro reinos, muitos se arriscavam para conseguir algumas gotas que eram extraídos de uma das flores preferidas da Deusa. A erva era realmente muito perigosa, Igor dissera a muito tempo atrás que apenas ali na montanha de Kaliope era possível encontra-la, quando extraído tornava-se a matéria prima de um poderoso veneno, capaz de debilitar profundamente seu oponente até o corpo não aguentar mais, ideal para aqueles que desejam sentir o sofrimento de seus inimigos, todos os sentidos permanecem em funcionamento, todavia o corpo não tem controle sob si. Essa combinação era genial.

Minha pele ainda ardia um pouco, porém é inevitável deixar de sorrir pois sabia que a morte não é o pior castigo para alguém, é apenas a abreviatura de algo muito pior. Meu corpo estava voltando a forma normal, me pus de joelhos com dificuldade e encarei aquele emaranhado de corpos.

Elas eram realmente muito bonitas, tão parecida mas não iguais. O cabelo de mesma cor destacava os olhos azuis que incendiavam o lugar com tamanha ferocidade, cada uma se encontravam fragilizadas pelo veneno de sua própria mãe.

Mãe, essa palavra não surgia em meus pensamentos a muito tempo, curiosa essas três letras significarem tanto para alguns e tão pouco para outros. Algo muito além da minha alma sentiu a falta da Nina, logo foram massacrados com a responsabilidade de ser Irina a rainha.

O azul agora opaco dos olhos de Kali estavam fixos em mim, as pálpebras não mexiam, o peso exercido por aquele olhar me fez sentir feliz por toda aquela dor, pelo menos com ela eu sabia o que estava acontecendo. O peso me lembrava que aquilo tudo era escolha minha, ninguém forçava a nada em nenhum momento, pelo contrario, todos pareciam mais temerosos do que eu com o tamanho dessa decisão.
Eu chamei Kali para ajudar, pois sabia que ele não recusaria, nunca tinha visto ele de forma tão inofensiva, mesmo desse modo não era possível confiar nele nem crê que ele estava debilitado o suficiente para estar isento de perigo. Tinha a forte sensação de que ele estava ali provavelmente com segundas intenções, eu usaria isso a meu favor, minha alma não estava completamente sã, contudo, outra solução não há.

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