5. consequências de família.

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Não dava para sentir muita coisa além de um peso enorme contra seu tórax. Era difícil respirar tranquilamente, e Felix fazia um grande esforço para isso. Também conseguia sentir seu coração batendo rápido e intenso do lado esquerdo do peito. Parecia que ele estava morrendo. Entretanto, quando conseguiu abrir os olhos, outra coisa roubou sua atenção das sensações que tinha no próprio corpo.

Estava deitado sobre uma cama com o corpo coberto em um cômodo desconhecido. Não fazia ideia de onde estava, se ainda estava na casa do feiticeiro ou não, mas não conhecia aquele ambiente. Uma luz baixa vinha da janela com a cortina fechada, e o ambiente ficava num nível de escuro suficiente para não agredir sua vista, mas que o permitia enxergar tudo lá dentro, também. Um cheiro de terra e grama molhadas e o barulho de gotas batendo no telhado o fizeram concluir que uma chuva intensa caía do lado de fora.

A porta estava fechada, mas não demorou mais de cinco minutos para ser aberta e um rosto familiar aparecer de trás dela. Chris adentrou o quarto tão rapidamente que demorou para perceber que Lee estava acordado. Só se deu conta disso depois que atravessou o cômodo, pegou algo dentro do armário à esquerda da cama e se virou para voltar à porta. Suas sobrancelhas, antes cerradas, se ergueram e ele pareceu respirar fundo.

— Você acordou, ótimo! Como se sente? — Chris se aproximou da cama e se agachou ao lado dela.

— Ahm… — Felix fez um pequeno esforço para falar — Estranho. Meu peito está pesado e me sinto ansioso.

— Ansioso?

— Sim.

Felix não tinha certeza se o que sentia era ansiedade, mas além da dificuldade de respirar e do coração batendo forte, seu estômago formigava em inquietação.

Numa tentativa de se sentir um pouco menos travado, o vampiro tentou se levantar e sentar na cama, mas sentiu uma pontada aguda em sua cabeça assim que fez isso. Resmungou de dor, apertou os olhos e levou a mão até a testa.

— O que aconteceu? Dor de cabeça? — Chris perguntou e, ao receber um positivo com a cabeça, se levantou e saiu do quarto com mais pressa do que entrou há minutos.

Apesar da pontada repentina na cabeça, o peso no peito diminuiu um pouco quando Felix se sentou. Um problema a mais, um problema a menos.
Apenas quando se sentou que o vampiro percebeu que estava sem seus sapatos. Puxou um pouco a coberta grossa que estava sobre seu corpo até mostrar seus pés. Mexeu os dedos apenas para ter certeza, e quando olhou para o lado da porta, viu suas botas guardadas numa pequena estante no chão junto de outros calçados.

Depois de um ou dois minutos, o feiticeiro retornou ao quarto com uma toalha quente em mãos.

— Coloque sobre a testa, pode ajudar com a dor — Chris entregou a toalha para Felix, que fez exatamente o que lhe foi aconselhado — Já estava esquentando a água para fazer isso quando você acordou.

— Obrigado… — o agradecimento saiu baixo e melancólico.

Chan se afastou da cama e pegou uma cadeira que estava no quarto. A posicionou ao lado da cama e se sentou com o tronco inclinado para frente e ambos os cotovelos sobre as coxas.

— Quer me contar o que aconteceu? — ele perguntou.

Lee suspirou e apoiou as costas na cabeceira da cama. Precisava reorganizar seus pensamentos e se lembrar melhor do que tinha acontecido pouco antes de desmaiar.

— Bem… Eu fiquei no escritório como me pediu, mas depois de uns minutos, comecei a me sentir enjoado e um pouco tonto — Felix começou — Eu só me lembro dele tomando lugar de novo e saindo do escritório. Ele não está me deixando lembrar de quase nada do que fez. Só tenho algumas memórias fragmentadas dele andando pela casa com pressa, e quando eu voltei, estava na cozinha. Voltei a me sentir tonto e enjoado, senti minhas pernas fracas e tentei me apoiar na mesa, mas não consegui aguentar e senti todo meu sistema desligar.

Vermelho e Verde do Teu Sangue (Chanlix)Onde histórias criam vida. Descubra agora