Capítulo IV: Cavalo De Tróia

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Cavalo De Tróia

Antônia: - Eu liguei para você porque o Christian ligou-me como se estivesse se despedindo de mim...

Fábio: - Como assim se despedindo? (Perguntei-lhe preocupado).

Eu não aguentaria mais passar por aquilo de novo. Eu não podia perder o meu segundo filho, não daquele jeito e nem naquela prisão tal como perdi o Eugênio.

Antônia: - Eu também não sei, e daí a ligação caiu...

Fábio: - Eu sei onde ele está, deram nos noticiários...

Antônia: - Que notícias? (Questionou-me preocupada).

Fábio: - O Christian foi preso e acusado de ter assassinado a sua esposa Samira...

Antônia: - Como assim preso e acusado? - Me fala Fábio, como assim foi acusado de ter assassinado, me fala Fábio, o meu filho não é assim... Não seria capaz de fazer tal coisa! (Falara preocupada e assustada).

Fábio: - Fica calma Antônia eu vou resolver, vou agora a cadeia e ver o que se passa com ele!

Antônia: - Não, você não vai sozinho, eu vou com você! (Insistiu).

Fábio: - Tudo bem, vamos então.

Saímos as correias para a cadeia e a Antônia não conseguia ficar calma durante o percurso todo. No caminho liguei para os meus advogados para que me encontrassem na prisão e quem sabe provassem que a mídia os policias estavam errados ao acusar de ter matado a Samira.

[Christian Narrando]

Enquanto cortava o cabelo o cabeleireiro da prisão acabou por me ferir com a lâmina e tiveram que me levar de imediato para a enfermaria.

No mesmo momento em que estava prestes a sair, o Policial me levou a sala das visitas e eu vi minha mãe e o Fábio sentados aguardando por mim.

Christian: - Mãe, Fábio...(Cismei).

Antônia: - Ohh, meu filho o que aconteceu com você? (Perguntou assustada).

Christian: - Foi só um corte na cabeça e nada demais...

Fábio: - A gente ficou preocupado quando ouvimos que estava na enfermaria...

Christian: - Não não, não foi nada grave! (Respondi).

Fábio: - Graças a Deus, senão eu não aguentava mais...

Christian: - Como assim não aguentava mais, mãe, o que ele está fazendo aqui? (Perguntei desconfiado).

Antônia: - Ele veio me acompanhar...

Fábio: - É tempo de falar a verdade, diga a verdade para ele Antônia...

Christian: - Como assim, que verdade mãe? (Perguntei).

Antônia: - É assim meu filho, eu sei que você talvez não irá me perdoar por isso, mas a verdade é que o seu pai numca esteve morto...

Christian: - Não é possível mãe, não vem com essa história mãe... (Gritei).

Fábio: - É isso Christian, eu sou seu pai querendo você ou não! (Se exaltou).

Christian: - E esse todo tempo você esperou justamente hoje para me contar que ele é o meu pai? (Perguntei todo angustiado).

Antônia: - Me desculpe filho!

Christian: - E você também ficou no silêncio e fechou negócios comigo sem ao menos me dizer que era o meu pai?

Antônia: - Ele também não sabia que tinha um filho...

Christian: - É sério isso? (Perguntei).

Fábio: - Sim meu filho, eu também não sabia, mas eu quero começar tudo de novo e desde já, contratei os meus advogados para te tirar daqui...

Christian: - Eu não preciso da sua ajuda...

Fábio: - E nem eu preciso que tu precises da minha ajuda, eu como o seu pai vou ajudar, eu quero que tu sejas o pai para o Fred e o Eugênio que eu não fui para si. Eles são apenas menininhos e precisam de si principalmente agora que a Samira não estará mais... (Falou com toda a autoridade paterna).

Chorei, pois a dor era inevitável.

[Arabela Narrando]

A notícia sobre a morte da Samira causou um barulho em toda mídia nacional e até em algumas internacionais.

Na entrevista que tive que fazer devido ao acontecimento que se sucedeu no meu hotel, uma repórter quase que acabava com a fama que eu queria criar quando mandei para que os policiais corruptos incriminassem o Christian.

Repórter: - Como olha este acontecimento em seu hotel?

Arabela: - Primeiro dizer que a morte é algo natural, todos um dia teremos que morrer...

Repórter: - Mas a polícia afirmou que não fora uma morte natural, porém trata-se de um assassinato, o que tem a dizer sobre isso?

Arabela: - Vamos deixar a polícia fazer o seu trabalho que por sinal é de muito eficiência!

Repórter: - Mas se fosse de tal eficiência como diz ser, não seria meio que um precipício a polícia sair afirmando para a mídia que o Christian é o culpado de tudo sendo que nem o tribunal julgou o caso ainda?

Arabela: - Onde você quer chegar, pode ser mais clara? (Perguntei-lhe desconfiada).

Repórter: - No facto de um dia antes do sucedido, a mesma pessoa que supostamente assassinou a esposa esteve envolvido com a senhora e será que a Senhora não estaria por detrás disso tudo?

Arabela: - Está me acusando de algo? (Perguntei).

Repórter: - Não Senhora, apenas deixando bem claro para os telespectadores de lá de casa o que até aos dias de hoje sempre permanecera em dúvidas...

Arabela: - E qual é a dúvida?

Repórter: - Por exemplo, a sua chegada ao pódio é questionável até hoje...

Arabela: - Foi muito bem sabido por todos que o Fred deixou tudo para mim e eu investi até aqui chegar!

Repórter: - Falando no Sr.Fred, a sua morte foi inesperada, mas a questão é, para ti, será que a mesma fora inesperada ou tem algo a dizer?

Arabela: - Claro que foi inesperada! (Respondi).

Repórter: - Mas será? - Uma vez que a Senhora era sua empregada, sem ofensas, não teria crescido o olho e quem sabe desejar ou mais do que isso influenciar para que essa morte acontecesse?

Arabela: - Mas que "pora" é essa? (Perguntei furiosa).

Repórter: - Não admitimos palavrões aqui em rede nacional...

Arabela: - E EU NÃO ADMITO QUE FIQUEM ME ACUSANDO DE TER MATADO O FRED OU INCRIMIDO O CHRISTIAN! (Gritei).

Repórter: - Está se sentindo acusada?

Arabela: - Eu vou-me embora desse lugar imundo!

Repórter: - Sabe o que foi mais estranho, é que ninguém disse que você incriminou o Christian... E desse modo terminamos com a nossa entrevista. Desde já, agradecer pela sua participação e dizer aos telespectadores de lá de casa que continuem ligados a nossa programação, boa noite e até amanhã!

Eu queria matar essa repórter, mas enfim, não podia fazer aquilo em rede nacional.

Por vezes, devido a nossa posição ou classe social achamos que nada e nem ninguém pode nos atingir, porém mesmo estando mais que protegidos é certo que na realidade nunca se pode se esconder da verdadeira face que carregados e principalmente quando a mesma esteja prestes a ser desmascarada.

Bastava um pouco mais para que eu revelasse a verdadeira face que havia dentro de mim, mas com muita cautela me acalmei, porém não iria ficar barato o mico que passei em rede nacional.

O que era para ser uma entrevista que por sinal ia alevancar a imagem do meu hotel, acabou por ser uma armadilha que quase destruiu a minha imagem.

"Nada Permanece No Oculto Para Sempre".

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