CONTO 3 | J-Hope | Capítulo Final

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Antes que eu possa sequer processar a informação, ouvimos o som de carros se aproximando. Rapidamente, Sophie junta as minhas roupas, me empurrando para sair pelo mesmo jeito que entrei. Trepo apressado no galho e só visto-as já seguro do outro lado do muro.

Vejo os dois carros entrarem pelo portão, antes de correr nas pontas dos pés até o meu e só desacelero quando estou no meio do caminho até a casa de Jimin. Nem me arrependo, nem olho para trás, mal penso direito, só sigo em piloto automático, me sentindo o último desgraçado na face da Terra. Que idiota eu fui em me deixar envolver outra vez.

Ao chegar no apartamento de dois quartos daquele crápula, me arrasto até o sofá assim que ele abre a porta, semi-acordado, vestindo um conjunto de pijama de seda. Sem dar grandes explicações, mal o cumprimento e me aconchego a uma manta jogada ali, cobrindo a cara com o capuz do moletom e me entregando ao sono... Para ser acordado por uns tapinhas incômodos na bochecha, sei lá quantas — mas com certeza poucas — horas depois.

Levo algum tempo para reconhecer a voz e o rosto com os lábios vermelhos pintados, tão próximos de mim que a vista chega a doer, enquanto sua dona me sacode. Por trás dela, Jimin, já devidamente preparado para o dia com uma de suas camisas coloridas, serve uma caneca de café, que me é oferecida, assim que me sento.

— Já está bonzinho? Ótimo! Vamos ao que interessa. — a prima de Sophie declara sem rodeios. — O que aconteceu?

Que petulância dessa mulher vir atrás de mim e me exigir respostas. Encaro-a indignado e volto a me deitar, deixando claro que não quero conversa. Já me basta ter que lidar com os meus sentimentos remexidos, ainda me aparece essa maluca do nada. Ou melhor, o que ela está fazendo aqui?

Levanto em um salto e observo a interação dos dois. Ele a serve uma xícara, ela o toca no braço em agradecimento, compartilham uma risada sobre um assunto qualquer.

— De onde vocês se conhecem? — digo por entre as cobertas, com o cenho franzido.

— Alguém resolveu voltar à conversa, que bom! — Jimin comenta batendo palmas.

— Desembucha. — rosno, irritado.

Jimin ensaia começar a se explicar, mas a mulher o interrompe e toma a liderança do discurso. Finalmente descubro o seu nome. Camilla, então, conta como assim que o casamento de Sophie foi anunciado, contratou um detetive particular para me encontrar e, como a única pista que tinham era a companhia de dança, acabou achando Jimin primeiro. A ideia de nos encontrarmos durante a despedida de solteira dela partiu de Jimin, o que não me surpreende em nada.

— Não podia ser uma coisa mais normal, não? Um encontro num bar, uma saída pra um café, sei lá... — comento, querendo mais uma vez dar uma surra nesse que se diz meu amigo.

— Qual a graça nisso? — Jimin repele a ideia com uma careta e atiro um dos meus tênis na sua direção, mas ele o agarra com cara de deboche.

— Você ainda se fez de desentendido no telefone, seu canalha!

— O meu papel era só te incentivar. Cumpri direitinho, não foi? — ele confirma com a mulher e taco o outro tênis nele, que dessa vez o atinge no ombro.

Camilla limpa a garganta, chamando a nossa atenção.

— Desculpem, mas temos coisas mais importantes para discutir e o tempo urge. — ela volta a me olhar de cima a baixo e tenho vontade de lhe lembrar que não estou mais ao seu serviço, mas sinto que seria uma perda de tempo. — Eu sempre tive curiosidade em saber como você era, sabe? Que tipo de homem seria o cara capaz de deixar a coloridinha com os quatro pneus tão arriados... Mas olhando assim pra você, não sei bem o que dizer.

Clicheando | Coletânea de Contos/Shortfic BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora