CONTO 3 | J-Hope | Capítulo 4 | +14

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COF, COF, COF. Por essa eu não esperava. Assim que tragou, Sophie começa a ter um ataque de tosse horrível. Braços para o ar, batidinha nas costas... Busco um copo d'água que desce em uma golada.

De momento, estou massageando as suas costas, tentando fingir que não quero cair na gargalhada da situação, enquanto ela me encara com os olhos esbugalhados e vermelhos. Não posso negar que me sinto bem melhor agora por não ser o único passando vergonha neste fatídico reencontro.

— Você podia ter dito que era o seu primeiro cigarro... Eu tava achando estranho mesmo, já que você sempre foi tão contra.

— Quis saber o que te deixa tão vidrado para não conseguir desapegar. — responde ao recuperar o fôlego.

Poderia jurar que ela estava falando de si mesma, mas não parece ser o caso. A conversa vira para mim, conto como larguei o grupo de dança quando comecei a trabalhar com informática, sob muitos protestos do Jimin. Ele, sim, tinha seguido na carreira e, como ela já estava sabendo, de vez em quando fazia uns trabalhos de stripper para uma graninha extra. Na real, acho que ele curte mais o trabalho paralelo do que admite.

O meu estômago ronca baixinho, me lembrando como hoje não pus nada direito para dentro de tão nervoso que andei por causa dessa apresentação. Agora que relaxei, o corpo pede reforço.

— A gente tem praticamente um banquete lá embaixo. Quer fazer uma boquinha? — ela oferece com um sorriso meigo. Fofa. Ela também é capaz de ser assim.

O andar de baixo está no estado que eu esperava. Copos, pratos e talheres espalhados em cada canto, confetes pelo chão, balões e decorações feita com cartolina em formato de pênis presos na parede. Os resquícios da festa presentes por todo lado. Antes, quase não tinha prestado atenção no local, mas agora vejo o quanto a casa é bonita.

Sophie me entrega um prato limpo e me conduz à mesa, enquanto prepara drinks. Sirvo-me de salada de batata, camarões, uns salgadinhos, uvas. Ela tinha razão, por mais que o grupo já tivesse jantado, ainda havia muita comida.

— Nossa, sobrou muita coisa!

— Tudo planejado para termos o suficiente para a larica na volta da balada. — ela ri divertida.

— Ah, faz sentido... Essa casa é alugada? — pergunto, tirando as cascas dos camarões.

— Não, é da família da noiva.

Sophie se aproxima com dois copos largos e redondos de gin, me entrega um e brindamos. Ela senta ao meu lado o bebericando, escolhe uma playlist para tocar e fica me observando comer. A música não é suficiente para me deixar confortável com o silêncio entre nós e volto a fazer perguntas.

— Humm... E são todas suas amigas? De onde você conhece elas?

— A noiva é minha prima.

— E a que me recebeu?

— É a irmã mais velha da noiva. — ela não parece querer falar do grupo e muda de assunto. — Agora quem pergunta sou eu. Desde quando você é stripper?

Quase me engasgo e tomo um gole grande de gin, como se bebesse água, para me pôr no prumo de volta.

— Desde nunca... Essa foi a minha primeira e única vez.

Nem sei descrever o olhar que ela me dirige, só sei que me arrepia inteiro. Uma mistura de encorajamento com desafio, como se duvidasse da minha resolução. Explico a aposta tim tim por tim tim e ela gargalha até as lágrimas, quando eu revelo para quem tinha perdido.

— Já pensou se tivesse sido o Jimin aqui hoje? — ela solta por fim.

— Você teria se levantado para dançar com ele, como fez comigo?

Clicheando | Coletânea de Contos/Shortfic BTSOnde histórias criam vida. Descubra agora