Precauções Imediatas

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POVs Nielly

Eu me remexo na cama, sentindo o calor agradável e o toque suave da pele de alguém. Em um primeiro momento, minha mente sonolenta se recusa a registrar a situação, mas assim que percebo que estou encostada em algo — ou melhor, em alguém — meus olhos se arregalam. Um grito escapa da minha garganta e Tomás, assustado, se levanta abruptamente, se embolando no lençol e tropeçando até cair da cama com um baque.

— Mas que droga, o que deu em você? — Ele reclama, massageando o local onde se machucou com a queda.

— Você estava me tocando! — exclamo, ainda ofegante. Ele revira os olhos com desdém, como se minhas palavras não fossem nada além de uma irritação sem importância.

— E daí? — Ele fala com a calma de quem já tomou uma decisão. — Vou tocar em você mais cedo ou mais tarde. Além do mais, você veio para o meu lado da cama. — A voz dele carrega um toque de provocação que me faz querer gritar. Mas ao ver o jeito como ele geme de dor, minha raiva é temporariamente substituída por uma preocupação inesperada.

Olho para o machucado que ele está tentando proteger, e engatinho pela cama, hesitante, até me aproximar.

— Está doendo muito? — Pergunto com a voz mais suave, enquanto levanto com cuidado a gaze que cobre o ferimento.

Ele não responde de imediato, apenas me observa. Respiro fundo e me levanto, indo até o banheiro para pegar mais remédios. Quando volto, ele está em pé, distraído com o celular. Sem paciência, arranco o aparelho da mão dele.

— O que foi? Está louca? — protesta.

— Senta aí! — Aponto para a cama. Ele bufa, mas obedece. Limpo o machucado em silêncio, meu foco dividido entre o cuidado que dou à ferida e o turbilhão de pensamentos que ocupam minha mente.

De repente, a lembrança da queda dele volta e um riso involuntário escapa dos meus lábios.

— Do que está rindo? — Ele me olha, confuso. Tento segurar, mas acabo rindo de novo.

— Foi engraçado! Você caindo... — Solto uma risada alta ao lembrar da cena. Ele revira os olhos e esconde um sorriso.

— Quer que eu repita? — provoco.

— Não, obrigado! — Ele retruca, mas há um brilho de diversão no olhar dele. — Para de rir!

— Tá bom, tá bom! — Digo, tentando me controlar. — Mas foi engraçado.

POV Tomás

Eu observo Nielly rindo da minha queda, e por um momento, meu humor se suaviza. Ela limpa o machucado com cuidado, concentrada, e a familiaridade do gesto traz uma nostalgia esmagadora. Quanto tempo eu esperei para ter essa proximidade de novo?

Quando ela termina, fico quieto por um momento antes de perguntar:

— Por que você está fazendo isso?

— Eu gosto de fazer algo que me faça sentir bem — ela responde, sua voz é firme, mas distante.

— Gosta de cuidar de mim? — pergunto, me inclinando ligeiramente para perto.

— Não. Eu gosto de cuidar das pessoas. — Sua resposta é como um tapa no rosto. Meu estômago se revira de raiva. O som da porta batendo ecoa pelo quarto, e Nielly se levanta rapidamente para atendê-la.

Ela volta com uma bandeja repleta de frutas, sucos e pães. Coloca tudo sobre a cama e, sem cerimônia, pega um pão de queijo.

— Já que estamos aqui, quero falar sobre nosso contrato de casamento — ela diz casualmente, como se estivéssemos conversando sobre algo trivial.

— O que tem? — pergunto, pegando uma xícara de café.

Ela olha para mim, tranquila, quase indiferente, e solta o que já estava há tempos dentro dela:

— Quero o divórcio.

Engasgo com o café por um segundo, mas disfarço rapidamente.

— Como é? — pergunto, fingindo que não ouvi direito. Ela suspira, como se estivesse explicando algo óbvio.

— Vamos fazer um acordo. Daqui a três meses, nos divorciamos. Simples assim.

— E o que eu ganharia com isso? — Minha voz sai mais afiada do que pretendia.

— O que você quiser — ela dá de ombros, sem nem hesitar. Há algo em sua postura que me irrita profundamente. A calma dela me enfurece.

Sorrio para ela, uma aceitação silenciosa, mas meu interior está fervendo.

Depois de tomarmos o café, começamos a nos arrumar. Enquanto estou no banheiro, vejo Nielly pelo reflexo do espelho, trocando de roupa, o corpo exposto e a pele brilhando sob a luz suave. Uma onda de desejo e possessividade me atravessa, e eu me pergunto como ela ainda não percebeu o efeito que tem sobre mim.

Saio do banheiro quando ela termina de se vestir.

— Vamos? — pergunto, vendo-a lutar para amarrar o vestido nas costas. Aproximo-me e, sem pedir, seguro as pontas do laço, amarrando-o com cuidado. Meus dedos roçam a pele quente dela, e ela congela por um segundo.

— Obrigada — ela murmura, tentando disfarçar o desconforto. Caminhamos até a porta, e quando pego sua mão, ela tenta se desvencilhar.

— Esse será um dos meus "quereres". Ou nada de divórcio — digo, com um sorriso arrogante no rosto.

POV Nielly

Descemos as escadas de mãos dadas, e a cada passo, sinto como se estivesse sendo sufocada. O controle de Tomás está ficando cada vez mais insuportável, e a fachada que preciso manter na frente da família dele só piora as coisas.

— Que casal lindo! — alguém comenta quando chegamos à sala. Tomás sorri falsamente.

— O que aconteceu, meu filho? Chegou tarde ontem. — A voz da mãe dele soa do outro lado da sala.

— Tive que resolver alguns problemas, mãe. Mas o mais importante é que meu amor entendeu tudo, não é, querida? — Ele me olha, o sorriso dele é uma máscara. Sinto o olhar de todos sobre mim, esperando minha resposta.

— Claro... — murmuro, com um sorriso falso, enquanto meu estômago se revirava em ódio.

Me afasto em direção ao jardim, sentindo a necessidade desesperada de ar fresco. Enquanto olho para as flores, sou interrompida por uma voz masculina.

— É melhor não tocar nessas. — Olho para o lado e vejo um homem alto, moreno, com olhos azuis intensos. Ele é parecido com Tomás, mas seus traços são mais suaves, menos duros.

— São venenosas. A vovó me mataria se você se machucasse — ele diz, jogando fora um cigarro.

— Sou Ethan, primo do Tomás — ele me estende uma flor, sorrindo. — Isso combina mais com o seu vestido.

— Obrigada — respondo, tentando disfarçar o nervosismo que senti ao vê-lo. Algo na maneira como ele me olhou despertou uma pontada de curiosidade.

Antes que eu pudesse responder, Tomás aparece. Seu olhar se estreita ao ver Ethan, e posso sentir o ar ao nosso redor se encher de tensão.

— Vamos — Tomás diz, segurando meu braço com firmeza. Tento me soltar, mas ele aperta mais forte.

— O que você quer? — rebato. — Não vou fugir, estamos em casa. — Minha voz sai fria.

Ele se aproxima, sussurrando no meu ouvido:

— Você ainda não me ensinou a confiar em você.

Enquanto Ethan e eu trocamos algumas últimas palavras, o sangue de Tomás parece ferver. Sinto o ciúme crescendo dentro dele como uma tempestade prestes a explodir.

POV Tomás

Enquanto ela abraça Ethan para se despedir, sinto meu controle esvair-se. O toque dela no meu primo é a última gota. Seguro minha raiva com todas as forças, mas Ethan percebe, e seu sorriso malicioso apenas alimenta minha fúria.

— Menos de um metro dela e eu arranco seus miolos fora — digo em um sussurro, enquanto deixo o jardim. A tensão entre nós estava longe de acabar.

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⏰ Última atualização: Oct 12 ⏰

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Ternura Eterna: Entre Amor e Beijos ProfundosOnde histórias criam vida. Descubra agora