Ternura Eterna: Entre Amor e Beijos Profundos

Um dia Para Outros

Povs Nielly

Recebi a notícia com um aperto no coração. Meus avós, sempre tão presentes, haviam dito que não poderiam comparecer ao meu casamento em Los Angeles. Eu entendi, mas isso não aliviava a sensação de solidão que começava a crescer em mim. Me despedir deles foi doloroso. O abraço demorado, o olhar preocupado, o carinho nas palavras de apoio — tudo isso me afetou profundamente.

Quando finalmente cheguei em Los Angeles, fui direto para a casa dos meus pais. A sensação de estar de volta à cidade não trazia o conforto que eu esperava. A familiaridade da casa me envolvia como uma armadilha, lembrando-me de todos os momentos que eu esperava estar feliz, mas não estava.

Minha mãe foi a primeira a me cumprimentar, com seu sorriso acolhedor. Meu pai, mais reservado, me olhou com aquela expressão severa de sempre, enquanto meu irmão me abraçou forte, percebendo que algo em mim estava diferente.

— Hoje à noite, receberemos visitas — minha mãe anunciou casualmente.

Mais visitas? Não queria lidar com pessoas agora. Mas quando a noite chegou, tudo fez sentido. As visitas eram meus futuros sogros. Só eles. Nenhum sinal de Tomás.

— Ele está preso no trabalho — disse minha sogra, com aquele tom que me fazia questionar se ela realmente se importava.

Durante a conversa, os pais de Tomás sugeriram que o casamento fosse antecipado. Meu pai, claro, tentou argumentar, mas foi pressionado e, no fim, concordou. Dois dias. Eu teria apenas dois dias até me casar. Um casamento que eu não escolhi, com um homem que parecia não se importar o suficiente para estar presente.

No dia seguinte, saí com minha mãe e minha sogra para escolher meu vestido de noiva. O ambiente da loja era luxuoso, mas pesado, e eu sabia que não conseguiria encontrar alegria naquele momento. Enquanto experimentava o vestido, a voz da minha sogra ressoava atrás de mim, comentando, opinando, com uma taça de champanhe na mão:

— Este está perfeito — disse ela, como se eu fosse um acessório de moda em exposição.

Olhei para minha mãe. Seus olhos se encontraram com os meus, e ela percebeu o que eu estava sentindo. As lágrimas começaram a brotar sem que eu pudesse controlá-las. Me apressei para o provador e fechei a porta. Lá, sozinha, permiti que as lágrimas corressem, colocando a mão sobre a boca para abafar o som. Eu não podia deixar que eles me vissem assim, frágil, quebrada.

Dois dias se passaram como um borrão, e, no dia do casamento, a maior surpresa de todas me aguardava: Tomás não apareceu. Caminhei sozinha até o altar, o olhar de todos os convidados me pesando como um julgamento. Meus passos ecoavam no salão, e o som parecia ensurdecedor. Então, vi a certidão de casamento sobre a mesa. Ele já havia assinado. Claro que tinha. Nem para o próprio casamento ele se deu ao trabalho de vir.

Com a mão trêmula, peguei a caneta. Não queria fazer aquilo. Cada fibra do meu ser gritava para que eu fugisse, mas, de algum modo, assinei. O ato parecia surreal, como se fosse uma cena de um filme, e não minha vida.

Após a cerimônia, entrei na festa com o rosto rígido, tentando ignorar os olhares de reprovação. "Quem casa sem o marido?" parecia ser a pergunta no olhar de todos. Eu me sentia envergonhada, humilhada. Não queria ficar ali, mas também não queria parecer ainda mais patética ao sair correndo.

Foi meu irmão que me encontrou. Ele, sempre tão perceptivo, percebeu o quanto eu estava destruída por dentro. Conversamos em um canto, onde ele me prometeu que estaria ao meu lado para qualquer coisa que eu precisasse. Mesmo sendo mais novo, sempre foi uma fonte de apoio.

Quando a festa terminou, saí da casa dos meus pais. O motorista, um velho conhecido da nossa família, estava lá, pronto para me levar para minha nova "casa". Eu sorri para ele, aliviada por ter ao menos uma pessoa de confiança ao meu lado, mesmo que o cenário fosse sombrio.