Me leve para sua cama ;

Eu sempre acabo no lugar certo.

Kazutora foi liberado na manhã seguinte após receber uma advertência do policial do início do plantão, e não apareceu na noite daquele dia, nem na noite seguinte e nem na que veio depois.

O mesclado simplesmente não deu mais as caras na delegacia com nenhuma ocorrência, o que tecnicamente era muito bom, porque significava que ele estava mudando, se reabilitando - mesmo que isso gerasse um sentimento estranho de saudades no policial Tachibana.

Hanemiya não sumiu por quatro dias, por uma semana ou por duas, ele desapareceu completamente da cidade por quase três semanas, e nem mesmo Takemichi tinha informações sobre o mesclado. Não que alguém tenha procurado por ele, mas era sempre bom ter informações sobre possíveis ameaças... Era assim que Naoto pensava.

Quando o policial chegou em casa naquele começo de noite, após ser dispensado do expediente na delegacia e ser literalmente obrigado a tirar uma folga, a visão do policial ao passar pela porta da frente e entrar na sala de estar foi totalmente diferente de tudo que ele já poderia ter imaginado que aconteceria.

Kazutora estava lá, na sala de estar, usando uma camisa social branca com os dois primeiros botões abertos e uma gravata preta solta que não fazia nada além de enfeitar seus ombros. Uma visão agradável para os olhos do policial esquentadinho. Principalmente quando o mesclado estava tão à vontade.

Ao invés de sacar a arma do coldre e ameaçar o mesclado ou o arrastar dali diretamente para a delegacia, o policial apenas fechou a porta da casa, tirou o coldre da cintura e o largou sobre uma poltrona ali perto junto com a arma descarregada. Ele andou até o sofá, como se Hanemiya fosse um convidado comum e não um invasor, e então disse:

— Você some durante dezessete dias, então volta e depois simplesmente invade minha casa, é sério?

— Eu sumo por um tempão e você não me procura de jeito nenhum, mas conta exatamente por quantos dias eu estive fora. É sério, policial Naoto?

O moreno cora, ele não viu a situação por essa perspectiva, onde ele parecia preocupado com o sumiço do mesclado, ou com saudades dele. Acontece que o Tachibana não contou por quantos dias Kazutora esteve fora, ele contou quantos dias Hanemiya passou sem ser acusado ou preso. Um verdadeiro milagre, diga-se de passagem.

— Está insinuando que eu senti sua falta?

— São palavras suas, não minhas. — Kazutora sorri, abrindo as pernas e deixando o corpo relaxar sobre o sofá caro e macio do policial. Havia uma algema com uma das faces presas apenas no pulso direito do mesclado que parecia estar lá como um acessório, e bem, aquela posição trazia recordações. Naoto arfa suavemente. — Mas eu também senti sua falta.

— Por que você voltou?

— Porque você me disse que se eu me comportasse até o final de semana eu teria uma chance de te levar pra cama, imaginei então que se eu me comportasse por mais tempo poderia te comer mais de uma vez. — Ele diz com um sorriso convencido, como se fosse um verdadeiro gênio por pensar assim. — Dezessete dias valem por quantas fodas?

— Tá brincando comigo?

— Eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. — Os olhos do mesclado brilham, agora semelhante aos de uma fera, encontrando sua primeira refeição em meses. Naoto se segura para não gemer com a visão, completamente arrepiado. — Quantas vezes vou poder comer você? Eu passei dezessete dias fora só pra garantir que meu pau entraria em você por mais de dois dias seguidos.

Quando não houve uma resposta verbal, Kazutora considerou que as bochechas coradas do policial queriam dizer que pelo menos essa noite, ele poderia fazer tudo que nunca poderia ser feito dentro da delegacia de polícia de Tokyo.