maroon

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    Depois de algum tempo, encontramos Nancy. Vemos ela conversando com um policial e saímos do carro para que ela pudesse nos ver, ela está como quem acabou de chorar.
    Ela se distancia do policial e vem até nós. Me sinto tonta quando ela me conta sobre o que aconteceu com Fred, me sinto culpada de ter largado eles dois, pensando que eu poderia ter evitado isso se tivesse ficado perto
   Nós não éramos melhores amigos, mas eu convivia quase que diariamente com ele. Pareço nem ter controle sobre meus movimentos enquanto sigo meus amigos para uma mesa ao lar livre, onde nos sentamos
   Não consigo falar, não consigo nem pensar direito agora. Max e Dustin, principalmente, se encarregam de compartilhar com Nancy o que pensamos

N "Então...Vocês acham que o que matou Chrissy e Fred é do mundo invertido?" Nancy resume
S "É o que tudo indica"
D "Nossa teoria atual é de que ele ataca com algum tipo de feitiço, talvez uma maldição. Não sabemos se ele tem alguma ligação com o devorador de mentes ou só curte matar adolescentes"
M "Só sabemos que é algo novo, diferente"
S/n "Mas ainda não faz sentido"
D "É só uma teoria"
S/n "Não faz sentido eles dois. Fred e Chrissy, por que eles?"
D "Talvez só estivessem no lugar errado. Ambos estavam no jogo"
M "E perto dos trailers" Max acrescenta

S "Mas a gente tá perto dos trailers e foi no jogo. Não é melhor irmos embora?"
N "Com certeza tem algo nesse lugar, Fred começou a agir esquisito no segundo que chegamos" Ao Nancy dizer isso, me recordo de Fred no carro e como ele começou a dizer coisas sem sentido do nada
R "Como assim esquisito?"
S/n "Ele tava ficou assustado. Nervoso, chateado..."
D "Chrissy também estava chateada, não é Max?
M "É. Mas não foi aqui, ela tava chorando no banheiro da escola"
R "Serial Killers perseguem as vítimas antes de atacar, né? Talvez os dois tenham visto esse Vecman..."
D "Vecna"
S "Não sei vocês, mas se eu visse um bruxo sinistro monstruoso eu comentaria com alguém"
M "Mas talvez eles tenham. Eu vi Chrissy saindo sala da sra Kelly. Nenhum policial acreditaria neles, mas possivelmente, a orientadora sim"
S/n "Você poderia tentar falar com ela. Ver se ela sabe de algo" Eu sugiro
M "Em um sábado? Tipo ir na casa dela?"
S/n "Acho que ela falaria com você independente do dia, você dizendo que está mal ou algo sim"
D "Parece algo possível" Dustin concorda e começamos a nos levantar, indo em direção ao carro

   Quando estamos há poucos metros do carro, Nancy começa a se afastar, Steve vai atrás dela e pergunta onde ela está indo
N "Só...Só tem uma coisa que eu quero conferir"
D "E você não quer compartilhar com o resto?"
N "É um tiro no escuro, não quero desperdiçar o tempo de vocês"
S "Sim, ok. Você perdeu a cabeça? Ficar sozinha com esse psicopata do Vecna a solta? Nem pensar. Você...Você precisa de alguém para..." Nancy levanta as sobrancelhas e espera ele terminar, ele não o faz. Steve se vira para Robin e joga para ela a chave do carro
S "Toma. Eu vou com ela, leva eles para falar com a terapeuta"
R "Não acho que você quer que eu dirija seu carro"
S "Por que?"
R "Eu não tenho uma licença" Robin o relembra
S "Por que não?" É mais uma demonstração de indignação do que uma pergunta
R "Eu sou pobre"
M "Eu posso dirigir" Max interrompe
S "Não! Nunca mais. Qualquer um menos você"
    Steve encara Dustin e eu, pensando na possibilidade por alguns segundos
S "De jeito nenhum" Ele conclui
R "Tá! Isso é ridículo" Robin diz enquanto anda até Steve, ela o entrega de volta as chaves e vai até Nancy "Nós mulheres vamos ficar juntas...A não ser que você ache que tenha que nos proteger?" Ela pergunta ironicamente
     As duas vão andando e as perdemos de vista.
S/n "O que foi isso?" Pergunto a Steve
S "O que?"
D "Tá precisando de um babador ai?"
S "Ah cala a boca!" Ele entra no carro e nos comanda a fazer o mesmo
S "Sempre a babá! Sempre a merda da babá!" Ele resmunga enquanto liga o carro

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   Vi Max indo em direção a porta e não tenho certeza, mas pensei ter visto ela olhando pra mim antes de entrar na casa. Desviei o olhar e quando retornei, ela já tinha entrado
S "Ela entrou"
D "Eu enxergo, o que me falta é uma clavícula, não olhos"
S/n "Então...A gente vai comentar sobre aquilo ou...?" Digo depois de um tempo da fala de Dustin
S "Daquilo o quê?"
D "Da sua insanidade temporária hoje mais cedo quando você praticamente se jogou na Nancy"
S "Não foi isso que aconteceu"
S/n "Foi o que pareceu"
S "Vocês tão querendo dizer que eu ainda gosto dela?"
D "Estamos dizendo mesmo. Levando em conta como você se recusa a namorar Robin é meio que a única explicação lógica"
S "Não é a única razão. E sobre a Nancy, eu só tava protegendo uma amiga" Dustin levanta as sobrancelhas e assente "Uma amiga!"
D "Claro" Ele responde ironicamente
S "Não quero mais falar disso! Vou te dar um soco tão forte que você vai ficar banguela de novo"
S/n "Steve!"
S "Exagerei. Desculpa"
D "Tudo certo" Eles dois fazem um soquinho de comprimento e eu volto para perto da janela, esperando a ruiva aparecer, sentindo os minutos se prolongarem

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  Eu estava no quarto de Max, ainda na casa antiga, fingindo não ouvir sua mãe e padrasto discutindo, quase gritando um com o outro, enquanto conversávamos
   Vi a expressão em seu rosto mudando, aquela situação já tinha virado recorrente, as brigas e agressividade. Percebo como estar naquele ambiente nesses momentos faz mal a ela. Antes de  amadurecer melhor a ideia, levanto e estendo a mão a ela
    "O que foi?" Ela me pergunta. "Mike estava falando com El esses dias pelo 'cérebro' e me disse que o por do sol é lindo lá. Quer confirmar?"
    Max percebe o que estou fazendo, ela se levanta, pega sua jaqueta e me segue. Os dois nem sequer param de discutir quando nos vem passar pela sala, indo em direção a porta

   Depois de um tempo pedalando, chegamos ao pé da colina, largamos nossas bicicletas e começamos a subir andando. O céu começando a se alaranjar
    Ficamos em um silêncio confortável durante o percurso, Max chega mais perto, encosta sutilmente o braço no meu e desliza sua mão na minha, o que me faz virar meu rosto ao seu encontro e abrir um sorriso
M "Obrigada" Max diz quando já estamos a poucos metros do local que planejei
S/n "Pelo que?"
M "Por tudo. Mas por ter me trazido aqui também"
S/n "Disponha" Digo já me sentando na grama, após ter estendido uma toalha que peguei antes de partir
    Ela faz o mesmo, ficando ao meu lado, aqui é alto o bastante para ter uma visão de um pedacinho da cidade. Eu apoio minha cabeça em seu ombro e assistimos o por do sol
   
    A tarde alaranjada se transformou em uma noite estrelada. Estamos deitadas na grama, apreciando a visão e com as mãos entrelaçadas, sem a menor pressa de partir
    Estou observando o azul quando sinto seu olhar no meu rosto, viro o rosto e encontro o azul de seus olhos vidrados nos meus.
S/n "O que foi?"
M "Apenas admirando" Ela responde, quase como um sussurro
S/n "Gosta da visão?" Pergunto, ironicamente
M "Muito" Ela responde, sem um pingo de ironia em sua fala, seus olhos vão para meus lábios quando ela termina de falar

    Ela vira seu corpo mais para o lado e leva sua mão ao meu rosto, a tirando da minha mão. Nosso olhar se prolonga pelo que parecem dias, sinto seu rosto mais próximo do meu, mas não lembro de ter a visto se mexer.
   Quando seus lábios encontram o meu, de forma suave e calma, sinto a sensação da noite gelada deixando meu corpo enquanto um ameno calor me envolve.
  Max se ajeita, ficando sentada, e continua me olhando fixamente, eu copio seus movimentos. Estamos frente a frente, ela aproxima seu rosto de forma tão devagar que me deixa impaciente com a expectativa. Quando a distância entre nós finalmente é quase nula, ela para de se mover. Eu sinto o calor de seus lábios chegarem aos meus, mas eles não estão se tocando. Nossas respirações se tornando uma só
     Não aguento mais esperar nem um segundo, minhas mãos vão para seu pescoço e a puxo para mim, ela entende o recado e me beija menos suavemente, dessa vez é mais sobre a urgência de sentir ela perto do que a sensação de conforto que isso traz
    Me separo dela por segundos para respirar e suas pupilas dilatadas são a primeira visão que tenho ao abrir os olhos.
    "Eu te amo" 
  Não foi a primeira vez que ela disse isso, mas foi a primeira vez em muito tempo

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   Menos de cinco minutos se passaram antes dela vir andando apressada até o carro, me arrancando dos meus pensamentos com seus altos passos. Chego para o lado dando espaço para ela entrar
D "O que ela disse?" Dustin pergunta enquanto ela abre a porta e se senta
M "Nada. Só dirige"
S "Nada?"
M "Steve! Dirige!"
S "Ok!" Ele murmura e o carro acelera
    Max conta sobre ter conseguido as chaves do escritório da orientadora no colégio e vamos até lá. Menos de 1km se passou quando uma voz vem do walkie-talkie de Dustin. É Lucas
L "Dustin? Você tá ai?"
D "Lucas! Onde caralhos você esteve?"
L "Só escuta! Vocês tão procurando Eddie?"
D "Achamos ele, não graças a você"
L "Acharam?"
D "Ele tá numa casa de barco perto do lago. Não esquenta, ele tá seguro"
L "Vocês sabem que ele matou Chrissy né?"
D "Cara? Ele tentou salvar ela"
L "Então por que a polícia está dizendo o contrário?"
    Não dou a Dustin a chance de responder, me inclino para frente e pego o walkie-talkie
S/n "Lucas, você tá tão por fora que é ridículo, só encontra a gente na escola e vamos explicar tudo"
L "Não dá. Eu acho que uma merda grande tá prestes a acontecer"
S/n "Do que você tá falando? Que merda grande?"
     Ele não responde, tento chamar seu nome mais duas ou três vezes mas ele não está mais lá

it would've been you - max mayfield Onde histórias criam vida. Descubra agora