Capítulo 4: Criando laços

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A luz do sol se esgueirava pela cabana pela manhã.

Jun, pela primeira vez nos últimos dias, estava extremamente confortável.
O travesseiro que acolhia seu rosto era quente e macio. Um som rítmico como batimentos cardíacos aumentavam seu conforto como uma espécie de canção de ninar.

O pequeno se espreguiçou, sua mente parcialmente acordada. Ele se aconchegou mais no travesseiro, não querendo que aquele momento acabasse.

Um riso leve cortou o silêncio da manhã.
Jun, reconhecendo a voz, se lembrou dos acontecimentos da noite passada e abriu seus olhos que focaram em direção a voz.

"Parece que você encontrou seu novo lugar favorito para um cochilo, não é?" - Luna falou com um tom leve, mas carregado de brincadeira

O rosto do pequeno ficou completamente vermelho e ele se afastou no mesmo instante. Seu corpo inquieto, como se não soubesse o que fazer.

A maior se viu encantada e intrigada com a reação dele. Se sua resposta fosse sempre fofa dessa forma, atazana-lo poderia acabar se tonarndo um hábito.

Ela se levantou e se espreguiçou enquanto o garoto se recuperava da vergonha que sentia.

"Dormiu bem?" - Ela perguntou com um tom sereno e genuíno.

"S-sim" - O pequeno respondeu ainda tímido em sua presença.

"Eu vou buscar o café da manhã. Por que não vem comigo? Vai ser bom sair um pouco da cabana"

Ao ouvir a proposta, Jun sentiu seu corpo ficar tenso. E se ele encontrasse os goblins novamente? Ou pior... E se eles o encontrassem novamente?

"Pequeno," - Luna falou com um tom suave ao perceber a ansiedade dele - "Você não vai estar sozinho. Vai ficar tudo bem"

Depois de pensar por um tempo, ele concordou. Ainda estava com medo, mas não aguentava mais ficar na cabana.

"Ótimo! Vamos lá" - Luna o segurou em um braço - "Talvez você deva fechar os olhos"

Sem entender o motivo, ele os manteve abertos, até que a maior pulou da cabana.

Assustado, Jun gritou e fechou seus olhos, arrancando uma risada de Luna.

Ela aterrissou com tranquilidade e o colocou no chão.

"Quem sabe na próxima você me escuta" - Ela disse com um tom brincalhão - "Agora vamos, sei de um lugar que tem muitas frutas gostosas"

Ela começou a andar e Jun, com medo de ficar só, a correu para acompanhá-la.

Conforme andavam, qualquer som da floresta o assustava. E Luna, ao perceber isso, decidiu acalmá-lo

"Sabe, enquanto estiver comigo, não tem nada nessa floresta que possa te ferir" - Ela disse com confiança - "Mas é tudo novo pra você, ne? Digo, pelas suas roupas, você claramente não é daqui"

"E-Eu não sei onde eu tô..." - Ele admitiu.

"Sabe ao menos o nome da sua vila? E... Como veio parar aqui? Se perdeu dos seus pais?"

Ao se lembrar de sua vida em seu mundo original, ele ficou triste. Sua postura caiu e sua expressão mudou completamente de medo para tristeza.
Ao notar a mudança em seu comportamento, ela dedidiu trocar o assunto.

"Sabe, Jun, as vezes, as árvores dessa floresta se movem" - Ela disse com um tom tranquilo, mas com uma expressão arteira - "Se não ficar atento, uma delas pode aparecer atrás de você"

No mesmo instante o pequeno arregalou seus olhos e começou a olhar seus arredores.
Amedrontado, ele correu para parto de Luna e segurou sua mão.

"E-Eu não quero ver nenhuma arvore se mexer..." - Ele falou ansioso e Luna não conseguiu segurar a leve risada que deu.

"Não, as arvores não se movem, pode ficar tranquilo" - Ela disse com um tom carinhoso - "Mas fique a vontade em continuar segurando minha mão se isso te faz se sentir mais seguro"

Jun fez um leve bico ao entender que foi apenas uma piada, mas continuou segurando a mão dela. A floresta era, em sua visão, assustadora, então qualquer conforto era bem-vindo.

__________

Eles colheram as frutas e voltaram para a cabana, onde Jun comeu tranquilamente.

Luna ainda precisava visitar a vila uma última vez por conta de seu trabalho.

"Eu volto mais tarde com o almoço" - Ela comentou e partiu.

Jun sentiu seu coração pesado ao ver ela sair. Ela era a primeira pessoa em toda a sua vida que o tratou com carinho e, sem que ele percebesse, se apegou a ela.

Conforme as horas passavam, o garoto se sentia ansioso. Luna ainda não havia voltado e ele não sabia dizer se já era próximo do meio dia ou não.

Depois de mais alguns minutos, para o alívio dele, sua salvadora retornou.

"Oi, pequeno. Está com fome? Hoje eu comprei carne lá na vila" - Ela comentou com um sorriso no rosto - "Só preciso ir buscar água. Eu já volto"

Assim que percebeu que ela iria sair mais uma vez, o medo de ficar sozinho tomou conta de Jun mais uma vez.

"P-Posso ir junto?" - Ele falou timidamente.

Luna estava supresa com o pedido dele, mas abriu um leve sorriso

"Claro, só lembre de fechar os olhos na descida dessa vez" - Ela falou segurando o garoto, que fez questão de obedecer dessa fez.

Assim que aterrissaram, ela o colocou no chão e começaram a andar.
Durante a caminhada, Jun começou a pensar no conforto que teve na noite passada. O abraço de Luna era quentinho e aconchegante.
Talvez, pela ansiedade e receio que teve de ficar sozinho enquanto ela estava fora, ela ficou carente. Ele passou a desejar por mais um pouco daquele conforto.

"L-Luna..." - Ele a chamou de forma tímida.

"Sim?" - Ela se virou curiosa. O pequeno não era de começar conversa

"Uhm... Minhas pernas tão doendo... V-Você pode me carregar um pouco?" - Ele disse enquanto sentia seu rosto queimar de vergonha. Sua voz baixa e tímida.

Com um sorriso no rosto, Luna se aproximou dele. Era óbvio que ele estava mentindo, afinal, eles não estavam andando por muito tempo.
Ela gentilmente colocou as mão por debaixo dos braços dele e o levantou. Com carinho, ela pressionou o corpo dele contra o dela, um braço apoiando o quadril dele.

"Não queremos que você gaste toda sua energia antes de almoçar, não é mesmo?" - Sua voz era doce e acolhedora. Ela entendia a necessidade de comforto e afeto do garoto. Mas, mesmo assim, ela não poderia perder a oportunidade de atazana-lo outra vez. Sua mão guiou o rosto dele para se aconchegar entre seus peitos. - "Prontinho, agora você pode aproveitar o seu novo lugar favorito para cochilo"

O pequeno sentiu seu rosto ferver de vergonha enquanto afundava ele nos seios de Luna.
Dessa vez, ele sentiu uma necessidade de se defender

"É que é macio e quentinho..." - Sua voz abafada pelos peitos de sua protetora.

A maior estava intrigada. Dessa vez ele respondeu a sua provocação, e sua voz abafada deixou tudo ainda mais fofo.

Com uma risada leve, ela continuou a andar em direção ao rio, com o garoto aconchegado em seus braços.

Ela escutou um suspiro de alívio vindo dele, como se aquele simples gesto fosse tudo o que ele precisasse.

Talvez viajar com ele seja mais fácil e divertido do que ela imaginou.

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⏰ Última atualização: Feb 21 ⏰

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