🍓 | O Número | 🍓

164 32 2
                                    

Na penumbra da sala que cheirava a incenso de lavanda, eu sentia a ansiedade crescer, enquanto olhava fixo para o teto branco, sentindo uma inquietação se intensificar a cada minuto

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Na penumbra da sala que cheirava a incenso de lavanda, eu sentia a ansiedade crescer, enquanto olhava fixo para o teto branco, sentindo uma inquietação se intensificar a cada minuto.

A luz do final da tarde penetrava pelas cortinas, indicando o fim do dia e o começo da minha insanidade. Eu me xingava mentalmente por ser tão descuidado, a falta de atenção às vezes pode te levar a beirada do precipício sem que você perceba! Sou um completo desatento.

Acontece que, tudo corria bem quando cheguei em casa após um ótimo dia na confeitaria, eu ainda me sentia com vergonha depois do mico que passei, mas, aquilo era apenas um detalhe, porque, no exato momento em que passei as mãos no bolso da calça procurando pelo meu celular, eu percebi que nada no mundo poderia ser pior do que aquilo.

Por falta de um descuido trivial, eu havia transformado todo o ambiente da casa da Beth em um tormento quando me toquei que: meu celular, peça vital para a conexão com o mundo, fora esquecido na confeitaria. Nunca na vida a ausência de um dispositivo fez tanta falta assim. Parecia que eu tinha perdido um amigo próximo ou uma parte muito importante do meu corpo.

O uso da hipérbole acima é totalmente proposital para demonstrar meu desespero.

A possibilidade de comprar outro rondava meus pensamentos. Obviamente, encontro-me cabisbaixo e desesperado, meus contatos para trabalho, informações e a minha vida inteira estavam naquele aparelho, estou a ponto de enlouquecer.

Eu brincava com o gato siamês que estava em meu colo, em busca de distração, até que a loira senta ao meu lado, me observando com aqueles olhos tão azuis quanto o céu, percebi isso pela visão periférica, é claro. Ela suspirou fundo, roubando Nino do meu colo e passando a acariciar os pelos branco do felino.

— Por que você não liga para a confeitaria para ver se alguém encontrou e guardou para você? — Ela sugeriu, e no mesmo instante foi como se uma luz se acendesse em cima da minha cabeça.

Naquele momento percebi que eu não tinha pensado no óbvio, assenti, agradecendo pela ideia. Peguei o telefone fixo da sala discando os números que eu sabia de cór, esperando ansiosamente pela resposta do outro lado da linha. Meu coração pulou do lugar quando finalmente ouvi a voz amigável do meu querido amigo Pierre, informando que o celular estava seguro e guardado.

Um sorriso aliviado surgiu no meu rosto como se eu tivesse acabado de receber um prêmio da mega sena, agradecendo à ele do outro lado da linha, desligo o telefone.

— E ai? — Ela perguntou.

— Está com Pierre. Amanhã bem cedo passo lá para buscar. — Respondi aliviado.

— Você só não perde a cabeça porque está grudado, Jun. — Riu. — O que seria de você sem mim, não é?

— Se acha menos, loira do banheiro, se acha menos.

A verdade é que ela tem total razão. O que seria de mim sem a inteligência dela?

[....]

Acordei com os raios de sol invadindo meu quarto, pintando as paredes com tons suaves de amarelo. Eram quase dez horas da manhã, ainda sonolento, levanto da cama e pisco os olhos tentando afastar o sono. Após a higiene matinal costumeira de sempre, me visto rapidamente e desço as escadas, ansioso para recuperar meu precioso aparelho. O aroma do café fresco me envolveu quando ultrapassei os corredores chegando na cozinha.

Entre beijos doces e cafunés Onde histórias criam vida. Descubra agora