Capítulo 9

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                       A promessa

Não sei dizer quanto tempo se passou, mas Nik continua devorando a minha boca, ele faz pausas entre ela e meu pescoço, parece que está tentando desesperadamente deixar sua marca em mim, e eu não odeio a ideia, sem perceber ele me pressiona contra uma árvore que estava próxima de nós.

- Lizie... - ele diz entre o beijo.

Parece que esquecemos como se respira, paramos o beijo mas continuamos com a testa encostada um no outro, suas mãos agora estão em minha cintura, nossos olhos se encontram e tudo que eu vejo nos dele é puro desejo, nunca me senti assim, mesmo com Jay não era dessa forma, como se pudesse ler meus pensamentos, Nik me puxa novamente para si e mergulha sua língua na minha boca, dessa vez é de uma forma mais violenta, quase desesperada.

- Nik... - eu peço.

- Não gosto do jeito que me olha enquanto pensa nele.

- Como qu-

- eu disse que vou reescrever suas memórias e eu estava falando sério.

Fico sem palavras, Jay e Nik são completamente diferentes, com Jay era como estar andando por um campo cheio de rosas, mas que bem no fundo os espinhos te arranhavam e cortavam, mas você tenta relevar por que as rosas são confortáveis e lindas, mas com Nik é tudo ao extremo, é uma montanha russa onde não tenho como descer, só continuar indo.

Mando uma mensagem pro meu irmão e digo que vou voltar pra casa, mando a mesma para Mel. Nik me acompanha até em casa, no caminho não dizemos nada, ele segura a minha mão e tudo o que consiga pensar é como Nik é quente, me sinto melhor perto dele. Chegamos na porta de casa, ele me olha e pergunta:

- tá livre no sábado?

- a-acho que sim, por que?

- vou passar aqui umas 14h. - ele faz menção de ir embora.

- espera, como assim? Pra onde vamos?

- fazer a sua primeira memória - ele sorri, o sorriso mas acolhedor que já vi, e vai embora, eu abro a porta de casa e vou direto pro quarto, tomo uma ducha rápida e deito na cama, passa algumas horas e ouço o barulho da porta, tentei dormir mas não consegui, então alguém abre a porta do meu quarto, eu sento na cama para ver quem é, era Manson e Mel, eles se aproximam devagar e cada um senta de um lado da cama, sinto no mesmo instante lágrimas escorrendo e ambos me abraçam, nem sei pelo que estou chorando, só sei que dói, como uma ferida aberta.

                                  .  .  .

Era sábado a tarde, faltava poucos  minutos para as duas, Mel me ajudou a escolher a roupa, como não faço ideia da onde vamos, decido colocar uma roupa confortável, uma legging preta, meu Vans e uma camiseta com um decote em V não muito grande, cinza com um pequeno girassol do lado. Decido deixar meu cabelo solto, enquanto desço as escadas junto da Mel meu irmão começa a protestar.

- eu não sou a favor disso, você sabe.

- você diz isso como irmão ou capitão?

- os dois.

Escuto uma buzina e olho pela janela, Nik está sentando em uma moto (de quem ele pegou essa moto, espera...ele pilota?) Enfim, uma nova skin foi desbloqueada, Nik motoqueiro é quase tão perfeito quanto a skin de jogador de basquete, me despeço da Mel e do Manson, ou melhor deixo Manson falando sozinho, parece um velho rabugento, nem nosso pai é assim. Desço as escadas da porta de entrada e Nik me entrega seu capacete me auxiliando a subir na moto, eu me seguro nele e por um instante sinto ele ficar tenso, antes dele sair eu olho para o lado e vejo no final da rua a casa de Jay, tento afastá-lo da minha cabeça mas não consigo evitar em pensar como ele está...ele odeia ficar sozinho, então antes que eu possa me afundar mas ainda nos meus pensamentos, Nik da uma acelerada me fazendo agarrar mais firme nele.

- presta atenção em mim Lizie - ele diz, entre o capacete.

Me sinto corar, ele pega a estrada. Depois de alguns minutos  eu pego confiança e começo a me soltar um pouco, estava muito rígida nunca tinha andando de moto antes mas olhando as paisagens enquanto sinto o vento contra nós, é simplesmente...O que eu precisava, Nik começa a parar quando chegamos na cidade vizinha, estaciona do lado de um cinema que aparenta estar abandonado, descemos e ele me ajuda a tirar o capacete.

- esse é seu jeito de me ajudar a criar novas memórias? - digo.

- não é um simples cinema Lizie, - ele segura a minha mão e me conduz para dentro, no interior era mais antigo do que a parte de fora, um senhorzinho em um uniforme retrô nos recebe,  guiando a gente  até a sala.

- o que tá aprontando Nik? - eu sussurro.

- shhhh - ele faz, mencionando para que eu fizesse silêncio, sentamos no meio, só temos nos ali, tudo fica escuro então um filme em preto e branco começa, um filme de romance.

- não acredito...como você sabia que eu gostava de filmes antigos? Como conseguiu isso?!

- chutei.

Dou uma batidinha de leve no seu braço, ele ri e eu continuo.

- Nik, isso é...incrível- meus olhos brilham - obrigada.

Ele mantém seus olhos em mim, não responde meu obrigada mas tampouco presta atenção no filme.

- não vai assistir? - eu sussurro.

- eu já assisti esse filme umas 20 vezes.

- o que?! Por que estamos assistindo de novo então?

- por que queria ver suas reações, eu gosto de te observar Lizie.

Fico vermelha e lhe devolvo um sorriso, volto a prestar atenção no filme e deixo que ele de vez em quando me observe, se divertindo com cada reação minha.

- seu sorriso é de outro mundo. - ele diz, com os olhos fixos em mim.

- Nik...

- eu prefiro você assim, - ele se aproxima, para cochichar no meu ouvido - vou me certificar que seja sempre assim.

- Nik, - eu me viro pra ele - o que ganha com isso? Quer dizer, você mal me conhece, não precisa fazer tudo isso.

- o que eu ganho? Essa é fácil, - ele olha para tela e depois volta o olhar para mim - você, eu ganho você, Liza.

O novo amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora