Capítulo 13

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      Confissões na madrugada

Eram quase duas da manhã, eu não conseguia dormir, a expressão do Nik quando me deixou aqui em casa, não sai da minha cabeça, ele realmente ficou muito magoado e eu odiei ver ele daquele jeito, me sinto uma ingrata, tudo que ele fez até agora foi me fazer sorrir, me fazer rir, e me fazer esquecer, e quando ele mais precisou de mim, eu larguei ele, e fui atrás daquele que ele queria com todo seu coração, me fazer esquecer. Sinto um pico de energia e levanto da cama, visto uma calça moletom por cima do meu pijama, e visto um casaco por cima, saio do meu quarto e desço as escadas de fininho, pra que meu irmão não me ouça, quando chego na ponta da escada Manson grita da sala.

- cesta porra!

Eu olho assustada e vejo que ele dormiu de novo enquanto assistia os jogos dos times que participaram das finais, ele se esforçava muito. Pego o cobertor da poltrona e cubro ele, saio de casa e tranco a porta com a minha chave, não pensei direito no que eu ia fazer mas precisava ver ele, lembro que não faço ideia da onde ele mora então mando uma mensagem.

****-****
Me encontre no parque perto da escola, estarei te esperando.

Envio.

Fico pensativa, eu enlouqueci de vez? São três da manhã, eu nunca tinha feito nada parecido antes, me sinto...viva.

****-****
Por favor, venha.

Corro até o colégio, o vento frio me obrigadando a desistir mas eu não paro, depois de uns 17 minutos eu chego no parque, completamente vazio, iluminado apenas pela luz da lua e uma luz fraca que vinha do banheiro masculino, recupero meu fôlego e sento no balanço, agora que sentei, percebo que estou completamente sozinha, no escuro, me arrependo quase que instantaneamente, olho novamente pro celular e Nik ainda nem visualizou, decido esperar.

Barulhos de galhos e gatos de briga começam a me fazer duvidar muito da minha sanidade nesse momento, já se passaram uns vinte minutos que estou esperando, quando decido assumir a derrota e me levanto pra ir embora, escuto passos rápidos se aproximando, quando olho pro lado vejo Nik correndo, com uma calça moletom, sem camiseta e um casaco de zíper aberto, ele estava sem fôlego, suando frio e com uma cara de espanto.

- mas que porra Liza! - ele se aproxima - como você me manda mensagem três da manhã dizendo que vai me esperar em um parque qualquer?!

- eu precisava te ver. - digo

- qual é o seu problema?! Não tem auto preservação?

- Nik, eu tô bem.

- você tem noção do quão isso é perigoso ?! - ele se aproxima e me levanta, seus olhos analisam cada parte do meu corpo. Quando enfim ele percebe que realmente estou bem, suspira aliviado e senta no balanço do lado. - nunca mais faça essa merda.

- Obrigada por ter vindo.

- o que foi?

- eu me sinto mal, eu... eu não queria ter feito você se sentir daquele jeito Nik, tudo que você fez até agora por mim...eu sinto muito. - ele me olha em silêncio - mas preciso que saiba que eu não escolhi Jay no seu lugar.

- Liza...

- não, me escuta primeiro, eu amei sim Jay

- porra, me chamou aqui pra isso?

- mas não significa que eu ainda ame, eu tenho muita consideração pelo Jay nós temos uma vida inteira de memórias, elas não somem assim do nada Nik, mas eu não sinto a mesma coisa, acho que não me sinto assim desde que te conheci.

Nik me olha intrigado.

- não tô dizendo que sei o que tá acontecendo aqui - aponto o dedo entre nós - mas eu tô disposta a continuar, se você ainda querer. - olho pra ele aguardando uma resposta, Nik suspira e olha pro céu.

- merda... - ele diz.

- o que foi?

- não tem jeito - ele vira e olha pra mim - você me domou por completo garota.

Sinto o calor subindo para as minhas bochechas.

- isso significa que tá tudo bem entre a gente? Você não tá mais bravo comigo?

Ele levanta, paira na minha frente e me estende a mão, sem entender eu coloco a minha mão na sua e ele me puxa me fazendo colidir com seu corpo, com uma mão na minha cintura e a outra entrelaçada nos meus cabelos, ele agacha o rosto até ficarmos próximos o suficiente, e me beija. O beijo é rápido mas intenso.

- caralho, você tem um gosto bom demais- ele deposita um beijo no canto da minha boca - isso responde sua pergunta Lizie?

- acho que ainda tenha dúvidas - digo, me aproximando dos seus lábios novamente.

- garota, você está entrando em um território perigoso - ele me beija novamente e sinto que fiz a escolha certa, mais do que certa! Eu posso estar abrindo meu coração novamente, será que Nik vai aceitar?

                             .  .  .

Ele está me levando de volta pra casa, estamos de mãos dadas e no meio do silencio eu pergunto.

- onde você mora? Quer dizer, onde está ficando?

- eu moro com um tio de terceiro grau por parte da família da minha mãe, é no bairro *****.

Eu paro um instante, Nik olha confuso

- Nik, isso é tipo...quase uma hora de distância daqui! DE CARRO!

ele ri.

- calma calma, não precisa gritar, o que que tem?

- como chegou no parque tão rápido?!

- eu corri. - continuamos andando enquanto ele olha pra frente, e eu ainda perplexa.

- correu? Nik, eu nem sei dizer quantos km isso é...doido, eu não sabia que morava tão longe.

- você me chamou - ele colocou a mão em cima da minha da minha cabeça e se aproximou - eu sempre vou vir quando você me chamar então, continue me chamando Lizie.

- você é louco - digo, dando risada.

- talvez seja.

Caminhamos até em casa, quando chegamos pergunto se ele não quer que eu chame um uber ou algo do tipo, ele disse que não tinha problema, que ir correndo até em casa era um pré treino pra se preparar pro treino de verdade.

- Até amanhã, Lizie - ele da uma piscada e vai embora.

Eu entro e vou direto pra cama e finalmente durmo, ansiosa pra chegar amanhã para que eu possa ver ele de novo.

O novo amigo do meu irmão Onde histórias criam vida. Descubra agora