Amor Acidental

Capítulo 7

Lucerys pov

Não queria ter levantado aquela manhã e se pudesse ficaria em casa, mas sabia que isso poderia piorar a situação em casa. Mal havíamos jantado ontem e com aquela briga, minha mãe não quis dizer exatamente o motivo e Jacaerys ficou preso no quarto, ou seja, fiquei me remoendo a noite toda e mal dormi, pois é óbvio que meus pais discutiram aos gritos, sem se importar em estar ou não sendo ouvidos.

E meu pai tinha saído cedo, revoltado ainda.
Quando desci para o café da manhã, encontrei minha mãe e meu irmão, ambos quietos demais, tomando café.
Jacaerys tinha hematomas visíveis no rosto, pelos socos recebidos de ontem.

— Bom dia — falei baixo, me sentando junto a eles e sorrindo fraco ao ver minha mãe servir uma xícara de café para mim. — Obrigado... O que aconteceu ontem?

A curiosidade era sempre meu ponto fraco e eu sempre soube disso. Era errado, eu sabia disso, pois ser curioso não era uma coisa certa, porém eu era humano no fim, não é?

Deus me perdoe.

— Filho, não acho que seja importante que você saiba. — murmurou Rhaenyra suspirando, parecia cansada e cabisbaixa. — Deixa só...

— Tudo bem, mãe. — interrompeu Jacaerys, desviando o olhar dela e olhando para mim seriamente. — Eu me assumi gay e Harwin não aceitou, como a porra do preconceituoso que ele é. 

Arregalei os olhos, surpreso e chocado. Digo, não tanto pelo fato e sim por ele se assumir assim, tão de repente e ainda mais para nosso pai, mesmo sabendo como nosso pai era reservado sobre coisas do tipo.
Para mim não havia problema algum e nem teria porque ter, era a vida particular do meu irmão e eu o respeitava, assim como respeitava qualquer orientação existente.

— Como se não bastasse, ele ainda quer me casar com uma mulher. — Jacaerys parecia emburrado, desgostoso demais. — Tão idiota e insano.

— Chega, chega de falar assim de seu pai, Jace. — Nossa mãe parecia exausta e massageava a testa como se fosse fortemente. — Chega dessa discussão por agora. Tomem o café de vocês logo, se não vão se atrasar.

Por Deus, minha família estava um caos.
E não culpava Jace, nunca o faria. Sabia que não era justo com ele essa exigência de nosso pai, até porque não é como se escolhessemos como se sentimos e por quem. Mesmo que eu não soubesse o que era se apaixonar, nem se atrair, ainda sim, entendia que não mudava o fato de ser tudo um ato de coragem.

Se apaixonar, se envolver e se doar.
Principalmente para se descobrir e assumir, mesmo com tantas inseguranças.
Era algo corajoso.

Passei por aquilo com Aegon e sabia o quão mal ele tinha ficado, por todo aquele tempo sem ser ele mesmo, por medo e insegurança. E se tratando de pessoas corajosas, Aegon sempre foi dessas pessoas, que era intensa e impulsiva, sem medir sua intensidade.

E Jacaerys parecia ter tomado coragem para tomar um rumo em sua vida.
E eu invejei isso, porque sabia que nunca seria como ele, nem se eu quisesse.

A manhã estava sendo exaustiva ao extremo e mesmo que Aegon tivesse percebido qualquer coisa de errado, ele não me pressionou para contar, até porque sabia que eu diria se precisasse e quando estivesse pronto.
Talvez eles já soubessem, afinal os gritos de meu pai não foram nada contidos ontem a noite.

Mal prestei atenção nas aulas, acabando por ficar no meu próprio mundinho. Estava pensativo sobre as coisas e principalmente sobre minha família.
Não sei em que momento tudo se tornou isso ou talvez eu tenha finalmente visto como as coisas eram.

E eu amava meu pai, minha mãe e meu irmão.
O que tornava tudo confuso e cansativo de presenciar.

As aulas passaram voando e mal avistei quando o sinal bateu, o que me fez suspirar por ter perdido muito das informações dadas nas aulas de hoje, nada que eu não pudesse recuperar depois.
Saí da escola junto a um Aegon quieto, o que tornava tudo estranho, já que sempre estávamos conversando e rindo, principalmente por causa do meu melhor amigo.