Capítulo 8

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Lucerys pov

Tinha dormido no meio do filme, como pensei que aconteceria, afinal, o filme de nada me interessava e bem, com todos os recentes acontecimentos, me sentia exausto demais para fingir que estava tudo bem.
E quando fui para minha casa, após acordar algumas horas depois e ver que já era noite, me senti ainda mais indisposto.

Minha mãe tinha feito a janta, como sempre fazia, mesmo que estivesse tão cansada quanto meu pai e ele, bem, sempre aparecia apenas para comer, dizer coisas desconfortáveis e depois ir se trancar em seu escritório para beber.
O jantar foi silencioso, estranho e bem indigestivo e meu irmão mais velho não estava ali.

Jace não apareceu, ele ficou na casa ao lado e não parecia disposto a voltar para casa e parecia super normal, como se isso não importasse para o nosso pai.

— Você estará encarregado com algumas coisas da igreja a partir de hoje. Falei para o padre que você pode ajudá-lo nos eventos beneficentes — meu pai disse, após todos finalizarem a janta. Esperava ser liberado e não isso, portanto o encarei confuso. — Será bom manter seu tempo ocupado com boas companhias e terá ajuda de uma garota. Seja o homem que criei para ser e arranje uma esposa.

— Pai... Eu tenho meus estudos, é o meu último ano. Além disso, sou novo para estar a procura de uma esposa e — falei a ele, dizendo o mais respeitosamente possível e prontamente fui ignorado. Meu pai nem me encarou, nem se importou.

— Não estou pedindo, estou ordenando. Não me decepcione, não você. — disse meu pai se levantando, voltando a me encarar com seriedade. — Te deixei ser muito livre e vejo que isso possa ser um erro. Não quero mais essa sua amizade íntima com o nosso vizinho e não me faça repetir novamente. Não quero uma bixa sob meu teto.

— Harwin! — mamãe exclamou, finalmente intervindo e meu pai voltou o olhar para ela, rindo em escárnio.

— Falei algo de errado? Não quero mais aquele indigente na minha casa e recuso ter mais um filho inútil e imundo! Sabe o quanto essas pessoas são nojentas?! Lucerys não será uma bixa como o irmão e aquele afeminado. — meu pai disse em um tom sério, voltando seu olhar para mim após minha mãe se manter calada, em choque como eu estava. — Não me faça te dar uma surra. Seja homem e arrume uma boa garota da igreja para ser sua namorada.

E ele simplesmente saiu, indo para seu escritório, me deixando sentado na mesa com o estômago revirando e com um gosto amargo na boca.
Tentava ver suas atitudes como sendo preocupações com o meu futuro e com o de Jace, contudo não era.

Era só preconceito.
Era só ódio incubado por uma minoria que não havia culpa alguma e entendia isso completamente.

E isso doeu, doeu demais porque meu irmão e meu melhor amigo eram daquele jeito.

— Não precisa arranjar uma namorada — disse minha mãe suspirando, tão cansada que era revoltante. — Está bem? Você está bem, meu menino?

A encarei e sorri, fraco e falso, porém concordei não querendo preocupa-la. Era visível as marcas abaixo de seus olhos, deixando nítido que a minha mãe  não estava dormindo bem, além disso, parecia pálida e realmente cansada, completamente.

Era nítido o quão minha família era imperfeita, muito mais do que deixava transparecer fora dessas portas.

Dormir foi uma tarefa difícil, principalmente quando encarei a janela entreaberta e lembrei da pessoa que ficava no outro lado.
Jace não voltou, provavelmente estava dormindo com Aemond e isso era bom, muito bom e me deixava imensamente feliz.

Estava feliz por ele ter alguém e por amar verdadeiramente.
Em certo ponto, invejei isso, a coragem dele para se abrir e admitir que amava alguém como ele.
Contudo, não era como se eu entendesse algo assim, pois nunca realmente me apaixonei e nem me atraí por alguém e acho que isso era completamente bizarro.

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