Outer 1: Amor

Capítulo 6: Kama & Rati (parte 1)

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Esse capítulo seria abordado mais pra frente, mas por alguns motivos vou colocar ele aqui, para ajudar um pouco o entendimento sobre Kala.

Também podemos considerar esse capítulo um especial para o dia dos namorados (um pouco atrasado agora), logo, ele seria bem maior, mas vou dividir ele então esse é apenas um pedaço.

Lembrando que, é uma adaptação, feita de uma forma que se encaixe no universo da obra, então não, nem tudo aqui é igual a mitologia original, afinal essa é uma obra que saiu da minha cabecinha, se quiser aprender sobre qualquer mitologia ou figura que aparecer aqui, recomendo estudar em outras fontes.

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Em tempos imemoriais, em um recanto celestial além da compreensão humana, habitavam seres divinos de esplendor incomparável. Era ali, no lar dos deuses, que centenas de divindades residiam, observando os reinos terrenos em um plano intemporal, onde o passado, o presente e o futuro se entrelaçam em um confuso tecido cósmico.

A quantidade exata de deuses que habitavam aquele lugar era um mistério, até mesmo para as criaturas que compartilhavam aquele reino divino. Lendas antigas especularam que ali residiam milhões de divindades. Mas esta é a história de um deus peculiar.

Saltitando entre as árvores, trajando apenas uma larga calça dhoti preta adornada com listras douradas, estava Kamadeva, o deus das travessuras e do amor. Com orelhas pontiagudas, pele alabastrina, cabelos azuis e um sorriso cativante, Kamadeva se divertia, como fazia todos os dias.

Não havia limites para esse deus travesso, orgulhoso, malicioso e um tanto petulante. Sua energia era uma força imprevisível, o que poderia ser considerado um perigo constante.

Kamadeva parou seu pulo gracioso e começou a caminhar pelo céu, sem seguir qualquer lógica, apenas seguindo seu próprio ritmo, como se fosse a coisa mais natural do mundo. De repente, algo chamou sua atenção: uma massa escura surgiu diante dele, revelando o mundo humano, com destaque para um homem trabalhando em um escritório.

Uma mulher se aproximou do homem, aparentemente uma colega. Kamadeva logo vislumbrou a possibilidade de um potencial romance. Então, do nada, um arco azul reluzente apareceu em sua mão direita, enquanto na esquerda segurava uma flecha estranha, cujo material parecia se contorcer, como se estivesse vivo. A ponta da flecha era feita de um cristal rosado. Sem pensar duas vezes, ele mirou e disparou contra o homem. A flecha atravessou a cabeça do homem e, como se tivesse vontade própria, voltou e perfurou a mulher, embora nenhum dos dois parecesse sentir qualquer dor.

Como se estivesse avançando em um vídeo, Kamadeva projetou-se cinco anos no futuro. Os dois haviam se casado. No entanto, isso não trouxe alegria a Kamadeva; apenas um leve lampejo de entusiasmo. Assim, ele disparou uma segunda flecha, semeando a dúvida e o descontentamento no casal. Fez com que sentissem raiva e os instigou a tomar decisões precipitadas. Por fim, num momento futuro, os dois se separaram, mergulhados em dor e tristeza, o que fez Kamadeva gargalhar com uma expressão maligna.

— WA HAHAHA! Que divertido! — sua risada era estridente, as lágrimas de pura felicidade rolavam por suas bochechas.

Kamadeva não era apenas o deus do amor; ele dominava todos os sentimentos existentes: amor, ódio, alegria, tristeza e todas as nuances entre eles. Ele podia infligir tanta dor a alguém a ponto de levá-lo ao desespero absoluto até tirar a própria vida, caso assim desejasse.

Manipular, controlar, moldar: esses eram os poderes de Kamadeva sobre todas as criaturas, especialmente as pensantes. Fazia com que acreditassem que eram senhores de seus próprios sentimentos, de suas próprias vidas. Mas, na verdade, essas vidas, essas emoções, essas decisões, pertenciam a ele e somente a ele. Nada o deleitava mais do que ver as pobres criaturas se afundarem em um oceano de desespero. Kamadeva era cruel, mas, ao mesmo tempo, puro; essa era a essência divina dele.