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Felix

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Felix

Encostei no curativo em meu braço, a pele ao redor ainda vermelha e irritada depois de ser limpa e costurada. Eu me sentia mais confortável na roupa de hospital azul-bebê que a enfermeira tinha me dado do que na camiseta e no short jeans, molhados e frios.

Eu estava sentado na sala de espera do pronto-socorro havia uma hora, ainda segurando o cobertor de lã de Reyes, tentando pensar em como contar a Jack e Deana o que tinha acontecido com o filho deles — não que eu pudesse fazer isso, na verdade. As linhas telefônicas estavam fora do ar.

O hospital tinha se tornado um fluxo constante de mortos e moribundos, feridos e perdidos. Um grupo de crianças tinha sido levado para lá, todas cobertas de lama, mas sem um arranhão. Acho que tinham sido separadas dos pais. Uma quantidade duas vezes maior de pais havia aparecido ali, procurando os filhos desaparecidos.
A sala de espera tinha se tornado um tipo de triagem, e eu acabei em pé encostada na parede, sem saber o que estava esperando. Uma mulher roliça estava sentada a meio metro de mim, abraçando quatro crianças pequenas, todas com o rosto manchado de sujeira e lágrimas. Ela usava uma camiseta verde que dizia "Creche Crianças Primeiro" numa letra infantil. Estremeci,
sabendo que as crianças que ela estava abraçando eram apenas algumas poucas entre as que estavam sob seus cuidados.

Meus pés começaram a ir em direção à porta, mas uma mão segurou meu ombro. Durante meio segundo, o alívio e uma alegria absurda me tomaram como uma onda. Meus olhos se encheram de lágrimas antes mesmo de eu me virar. Apesar de Reyes ser uma visão agradável, a decepção de não ser hyunjin me derrubou.

Abafei um soluço enquanto meus joelhos ficavam fracos, e Reyes me ajudou a me sentar.

— Ei! — disse ele. — Ei, garoto. Vamos com calma.
— Seus braços largos eram do tamanho da minha cabeça, e ele tinha uma ruga profunda permanente entre as sobrancelhas. Estava ainda mais funda agora, enquanto ele observava meu estado mental confuso.

— Achei que fosse ele — falei quando me recuperei, se é que isso era possível depois de ficar tão arrasado novamente.

— O hyunjin? — ele perguntou.

— Você o encontrou?

Reyes hesitou, mas depois balançou a cabeça.

— Ainda não. Mas encontrei você duas vezes, então posso encontrá-lo uma vez.

Eu não sabia se era possível me sentir mais desesperado. Emporia tinha sido atingida com violência. Uma parede inteira do hospital fora arrancada, e os vidros se espalharam pelo chão. Os carros no estacionamento haviam se empilhado. Um deles estava em cima dos galhos de uma árvore. Milhares de pessoas estavam sem água e energia, e esses eram os sortudos. Centenas estavam desabrigados, e dezenas desaparecidos.

No meio da devastação, eu não conseguia nem pensar por onde começar a procurar hyunjin. Eu estava a pé e não tinha suprimentos. Ele estava lá fora em algum lugar, esperando por mim. Eu precisava encontrá-lo.

Algo belo •Hyunlix• Onde histórias criam vida. Descubra agora