Nota inicial:
Esse capítulo me deu um pouco de trabalho, foi tão difícil escrever ele, e não gosto de demorar tanto para postar. Optei por fazer o que o coração mandava haushash
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O primeiro soar do sininho do dia foi graças à Sra. Sandwich passando adentro quando Crowley mal tinha aberto a floricultura.
— Eu ia perguntar que bicho te mordeu, mas estou vendo um bem grande atrás de você — disse ela como cumprimento ao se aproximar cautelosamente do balcão, ainda mantendo uma distância segura.
Já era conhecido por todos Crowley ser bastante antipático, mas apenas alguns podiam identificar um real mau-humor nele – o que também era raro, e esse era um desses dias e a Sra. Sandwich era uma dessas pessoas. Uma péssima combinação porque não era fácil afastá-la apenas com um encarar longo como fazia com os outros.
— É só minha cobra — explicou a ela, virando para o dito animal dentro de um terrário na estante atrás deles. Era uma cobra preta com a barriga avermelhada, apesar do tamanho ela era bastante pacífica. — Ela está doente, não posso deixá-la sozinha.
— Que ótima propaganda. — E ergueu uma sobrancelha cética.
Afinal o letreiro dizia “Jardim do Éden”.
— O que eu posso fazer pela minha primeira cliente do dia? — Crowley entrou no modo profissional dando até um sorriso falsamente simpático.
— Eu é que te pergunto, fofo — rebateu ela naquela voz grave que possuía e dando um olhar de baixo para cima nele, Crowley sentiu-se escaneado sem sua permissão, nu e transparente perante a mulher, o que fez encolher um pouco os ombros e ficar meio rígido. — Tenho certos meninos que tirariam fácil essa expressão no seu rosto.
— Eu tenho que trabalhar. — E balançou a cabeça indo checar a caixa registradora, decidido a ignorá-la.
— Então não está negando? — Com a cabeça ela o perseguiu em seus movimentos, exatamente como uma cobra sinuosa, e Crowley sabia bastante de cobras e sabia exatamente o que a Sra. Sandwich estava insinuando.
Por um momento Crowley quis voltar no tempo e evitar todas aquelas noites de bebedeira após o expediente de ambos, jogados no sofá da sala comunal dela, onde o álcool trouxe muitas revelações trancadas a sete chaves que só os aproximou, falando bobagens e desfrutando de comida de viagem.
As visitas eram tão frequentes que a Sra. Sandwich foi obrigada a colocar a placa na entrada “Não pague o cara de óculos escuros. Ele não trabalha aqui!”, farta de Crowley ficar desconcertado quando alguns clientes puxavam a bainha de suas calças para enfiar dinheiro.
E tal proximidade estava sendo um saco agora.
— Eu não acho que seja algo com que você deva se preocupar, com quem eu durmo ou não.
— As meninas percebem quando as plantas parecem tremer um pouco. — Crowley levantou ligeiramente o olhar parecendo meio culpado e meio pego no flagra por isso. — Segue meu conselho e apenas aceite. Suas plantas ficam menos verdes quando você não está de bom humor.
— Pelo contrário, minhas plantas ficam ainda mais verdes quando não estou de bom humor. — E um sorriso ácido de canto surgiu.
A Sra. Sandwich não entendia essa lógica ou sequer de plantas, portanto não havia repertório o suficiente para rebater.
A carranca usual de Crowley não a afetava, porém podia senti-lo um pouco mais no limite para suas provocações.
Uma buzina e um assobio alto atraiu a atenção de ambos para a rua, onde foi possível ver a figura de uma mulher baixa andando meio apressada, com vestes todas brancas de um policial, talvez não querendo chamar a atenção para si, mas falhando como um grande chafariz no meio da praça.
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Entre Plantas e Livros
FanfictionDe um lado, havia a livraria do AZ. Fell. Do outro lado da rua, exatamente em pararelo, havia a floricultura do A. J. Crowley. Por causa de um mal-entendido, Maggie e Nina estão tentando juntá-los para despistar seus superiores. Ou, em que Aziraphal...