2. Offer

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E eis aqui a outra parte da dobradinha! =B

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Já tinha um tempo desde a última vez que Namjoon tinha ido à residência de seu irmão mais novo. Não que se vissem poucas vezes. Em verdade, se viam até que bastante. Jimin também trabalhava na empresa da família. Seu cargo era infinitamente mais baixo — por escolha própria —, porém, ainda assim, suas especialidades se cruzavam o suficiente para que os irmãos mantivessem contato com boa frequência. Fora do ambiente de trabalho, porém, o contato não era tão expressivo quanto poderia ser. Nada tinha a ver com a vontade dos dois. Eram bastante unidos, considerando o quanto poderiam não ser. A criação de ambos foi muito distinta, e isso poderia ter sido um empecilho para que os laços se mantivessem fortes. O amor que tinham um pelo outro foi o que sustentou a proximidade. Não teria ocorrido se fosse pela vontade do avô, isso era certo, mas o sangue e as memórias que compartilhavam falavam mais alto que qualquer intervenção.

Namjoon e Jimin tinham ficado órfãos bastante cedo. A mãe, filha do Marquês de Ilsan, sucumbiu a uma doença quando o mais velho tinha cinco anos, e o mais jovem, quatro. O pai, um alfa muito autocentrado e um tanto egoísta, não encontrou barreira alguma em entregar os filhos aos cuidados do pai de sua falecida esposa. Não deixava de amar os pequenos, mas enquanto a mulher estava viva, era ela quem criava os meninos, sendo seu auxílio praticamente desnecessário. Se tivesse perguntado a ela, teria sabido o quanto era desgastante para a ômega dar conta de tudo sozinha, entretanto, ele nunca se incomodou em saber, e por julgar que seria melhor assim, cedeu a guarda dos garotos para o Marquês. Com as crianças sob sua tutela, o avô avaliou as circunstâncias e tomou a decisão que, para seus fins, era a mais acertada. Assim, Namjoon, que seria o novo marquês, foi estudar fora. Foi enviado para um internato requintado, famoso por abrigar filhos de nobres e futuros reis e rainhas. Jimin, que não teria tanta importância assim aos olhos do avô, ficou em Seul, numa escola renomada, mas sem os mesmos atributos do internato de Namjoon. Desde então, os irmãos só se viam em finais de ano, e o convívio só foi retomado de fato quando, aos dezoito anos, Namjoon decidiu fazer faculdade em seu país de origem. A partir de seu regresso nunca mais deixaram de se ver. Tanto quanto possível, claro.

O almoço que teria na propriedade cedida ao irmão era uma dessas ocasiões que ocorriam menos do que pretendiam, mas dentro das possibilidades que a vida lhes dava. Aproveitar bem era melhor do que reclamar, por isso Namjoon não pensou nem duas vezes para aceitar o convite, muito embora ele tivesse sido feito relativamente em cima da hora. Não tolerava mudanças na rotina, mas seu irmão era um caso diferenciado. Era especial. Não havia razão para se negar. Seu trabalho nunca ficava atrasado, e muito menos o de Jimin. Algumas horas fora da empresa não faria mal a ninguém. O que iria fazer no escritório naquele dia poderia ser perfeitamente realizado no caminho, dentro do seu carro. Enquanto seu motorista dirigia, ele ia finalizando o que precisava ser feito de seu notebook e celular. A tecnologia era uma grande aliada. Nenhum resultado negativo viria daquele almoço. Ao contrário; apenas coisas positivas viriam dali.

O motorista chegou na frente do portão da mansão de Jimin quase no mesmo segundo em que Namjoon terminou seus afazeres e fechou o notebook. Anunciou o patrão, e logo a entrada foi autorizada. A distância entre as grades que circundavam a propriedade e a entrada propriamente dita foi vencida com tranquilidade, e o alfa aproveitou para observar as flores cultivadas ali. Elas eram bem diferentes das que tinha em sua própria mansão. Namjoon gostava de flores roxas, lilases e cor de rosa. Jimin preferia as amarelas, laranjas e vermelhas. Seu irmão mais novo tinha a personalidade mais aquecida, enquanto Namjoon era considerado frio. Em sua cabeça, isso explicava a predileção de cada um para flores e outros aspectos.

Com o veículo luxuoso estacionado, Namjoon se despediu de seu motorista, um beta que dirigia para ele desde que regressara da Suíça, informando a ele a que horas deveria estar de volta para o buscar. Anuindo, o homem pediu licença, saiu do automóvel e deu a volta nele, indo parar ao lado da porta em que Namjoon estava. Abriu-a, dando passagem ao patrão, que aproveitou imediatamente a chance de sair. Com uma leve reverência, o alfa foi se afastando, caminhando em direção à porta da casa. Logo Jimin apareceu, sorridente. Usava uma de suas roupas informais bastante coloridas, do jeito que gostava. Os cabelos loiros, muito bem tingidos, se balançavam conforme a direção da pouca brisa. Atrás dele surgiu Hoseok, seu namorado. Um pouco maior que o alfa, o ômega era bem mais sóbrio e discreto do que Jimin. As roupas eram de tons neutros, e os cabelos negros estavam perfeitamente penteados para trás, formando um topete. Em comum, ambos carregavam um belo sorriso. Namjoon gostava da figura dos dois juntos. Eram levemente contrastantes, o que os tornavam complementares.

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