What am I to you?

5. Meeting

Oiê! :3

***

Namjoon estava nervoso, e essa não era uma sensação muito boa. Não estava acostumado com ela. Desde muito novo tinha aprendido a controlar bem suas emoções, a deixar de lado ansiedade, nervosismo, qualquer sentimento que viesse a atrapalhar suas tomadas de decisão. Na escola em que estudou fazia parte do currículo aulas de inteligência emocional, e Namjoon sempre as levou muito a sério. Talvez até demais, tendo em vista que se tornou um bocado apático para a maioria das situações. Fez o que pôde para ser considerado um bom futuro marquês por seu avô, e nunca tinha se arrependido disso. Considerava até bom, levando em conta que a frieza era uma excelente prerrogativa no mundo dos negócios. Só que, em contrapartida, se habituar a viver sem paixões o tinha deixado despreparado para uma situação como a que vivia no momento. E isso não era nada positivo para alguém que se acostumou a ter bastante controle sobre a própria vida.

E tudo estava ocorrendo por causa daquele alfa meio maluco chamado Kim Seokjin.

No primeiro instante em que o viu, ainda treinando jogadas contra a parede, Namjoon não sentiu nada. Estava relativamente distante, não podia ver suas características físicas com perfeição, e ainda que pudesse ver bem, não tinha peso algum no que iria acontecer. Para Namjoon, Seokjin era um alfa qualquer que o ajudaria numa questão básica e depois sumiria. Não havia razão para que lhe despertasse algo, nem de bom, nem de ruim. Era um negócio, e como tal, Namjoon não precisava gostar nem desgostar do sujeito. O que importava era o acordo ser cumprido. Nessa energia que Namjoon pisou naquela quadra. Seria mais um dia em sua rotina, mais um contrato a ser firmado e concretizado. Tanto fazia quem era Seokjin, se era bonito ou não, educado ou não, desde que o ajudasse a tirar a dúvida sobre sua condição sexual e reprodutiva. Já tinha feito bastante sexo, e nenhuma dessas vezes foi motivada por nada a não ser tentar chegar num orgasmo pleno — e falhar miseravelmente em todas as tentativas. Sentimentos nunca estiveram presentes. Não precisava que fosse assim naquela oportunidade.

A coisa mudou de figura quando se aproximou de Seokjin e viu que ele tinha olhos de cores diferentes. A visão o levou imediatamente para a virada do ano de dois anos atrás, para aquele beijo que, pela primeira vez, fez seu corpo reagir. Por um instante imaginou que, enfim, tinha encontrado o alfa que lhe roubara um beijo e tinha despertado nele uma sensação física inédita. Por mais que fosse uma incrível coincidência, que coisas assim não ocorressem na vida real, pensou ser o caso.

Suas esperanças, porém, foram logo eliminadas pela total falta de reconhecimento naqueles olhos de cores tão bonitas. E isso o atingiu de um jeito que não soube explicar. De repente, estava chateado por não ter sido reconhecido. Porque só podia ser aquele alfa, certo? Namjoon tinha feito suas pesquisas, sabia que a heterocromina naquele nível não era um evento corriqueiro. Quais as chances de dois alfas em Seul terem olhos bicolores dos exatos mesmos tons que Namjoon se lembrava? Eram mínimas. Não impossíveis, mas muito, muito baixas. E não era apenas isso que se assemelhava ao que Namjoon tinha conseguido depreender da figura do alfa que fora ousado o bastante para agir com tanta intimidade num momento inusitado. O alfa que o beijara também era levemente mais alto, e os cabelos eram similares aos do tal Seokjin. Sem contar o cheiro... Ele tinha um cheiro meio ambarado, um tanto terroso, e Namjoon sentia uma fragrância muito similar vindo da pele de Seokjin. Em sua cabeça, só poderia ser ele. Do nada, o homem que tinha tentado arrumar uma forma de rever estava ali, em sua frente.

Mas a alegria, se assim poderia conceituar o alívio de finalmente ter reencontrado o alfa que o beijou, acabou bastante rápido. Sendo Seokjin o sujeito, estava evidente em seu olhar que não fazia a menor ideia de quem Namjoon era. E isso fez um sentido absurdo na mente de Namjoon. Era óbvio que um alfa como Seokjin não se recordaria dele. Uma pessoa que tinha o disparate de beijar um desconhecido sem sequer se apresentar devia ser acostumado a fazer isso com frequência. Requeria muito desprendimento para beijar alguém que nunca se viu antes sem nem pedir direito. Seokjin devia fazer isso o tempo inteiro. Provavelmente era do tipo que não se apegava, que ia pelo impulso, que não se importava. Não à toa tinha aceitado entrar naquele plano para auxiliar Namjoon. E isso não era um problema. Namjoon também não tinha laços de afeto com nenhum dos ômegas com os quais se relacionava. Sua busca era puramente resolver uma questão física, não havia sequer desejo sexual envolvido. Mesmo assim, se sentiu chateado. O beijo tinha sido algo notório em sua vida. Nunca tinha sentido nada parecido antes, e não voltou a sentir depois. Fosse pelo impacto da surpresa ou qualquer outra explicação simples e impessoal, tinha um certo valor. E não tinha significado absolutamente nada para Seokjin.