Moonfaith: O Feitiço Temporal

Kyori Stewart - 6 de julho de 2020

Acordo depois de uma noite de sono pesado e sem sonhos. Finalmente consegui descansar depois de duas noites sem dormir direito.

Olho para meu relógio e vejo que ainda são oito horas, mas não consigo dormir novamente. Olho para baixo e vejo Akemi adormecida em seu colchão e ouço vozes vindas da cozinha. Milla e Eric estão lá.

Por mais que eu esteja com fome, decido esperar as meninas acordarem porque tenho vergonha de ficar sozinha com eles.

Pego meu celular e decido começar a criar teorias sobre ontem. Abro meu bloco de notas e começo a digitar. Primeiro, escrevo os fatos: todas nós sonhamos sobre as mesmas coisas e eu comecei a ter esses sonhos no primeiro dia de aula.

Depois, eu iria começar a escrever as teorias que estávamos formando, mas eu fico encarando a tela, lendo e relendo a última frase que escrevi.

"... comecei a ter esses sonhos no primeiro dia de aula".

Eu não parei para pensar nisso. Foi no dia em que conhecemos Ayla.

O dia em que nosso trio se completou.

Tenho que perguntar para elas se também começaram a ter os sonhos nesse mesmo dia.

Continuo pensando, tentando criar teorias, até que me vem uma ideia em mente.

Se começamos a ter sonhos no dia em que nós três nos encontramos, pode ser que esteja faltando mais alguém, e cada vez que o grupo vai se reunindo estamos mais perto de voltar?

Anoto isso como uma teoria.

Começo a pensar em ideias para arrumarmos um jeito de lembrarmos mais coisas, visto que só temos memórias através dos sonhos. Até eu lembrar de ontem.

As memórias também voltam através da música.

Anoto isso como um lembrete.

"Pesquisar mais músicas que nos façam sentir como quando ouvimos Runaway e ver se conseguimos mais lembranças".

Continuo tentando pensar em mais coisas, sem sucesso, até sentir o beliche se mexer levemente.

– Bom dia – ouço a voz de Ayla.

– Bom dia – Akemi responde. – Kyori também está acordada?

– Estou sim – checo o horário novamente. – já faz uma hora, mais ou menos.

– Por que tão cedo? – Ayla pergunta.

– Consegui dormir bem essa noite, então quando acordei não consegui dormir de novo. Aí eu fiquei anotando umas teorias sobre o assunto de ontem.

– Que assunto? – pergunta Akemi, bocejando.

Coloco minha cabeça para fora do beliche, de modo que ela consiga me enxergar, e olho seriamente para ela, que está com o cabelo todo bagunçado e os olhos inchados pelo sono. Sua expressão confusa se transforma num leve sorriso e consigo perceber que ela se lembrou.

– Ah tá.

Ayla se levanta, senta no colchão ao lado de Akemi e olha para mim.

– Vem, senta aqui também.

Desço do beliche e faço o que ela pediu.

– Beleza, vamos começar a juntar as teorias então. Mostra o que você anotou aí, Kyori.

Eu ia pegar meu celular para mostrar, mas Akemi me impede.

– Opa, espera aí. Eu mal acordei e vocês já tão querendo falar de assunto confuso? Bora tomar um café, passar uma água no rosto antes né. – ela diz, fazendo eu e Ayla soltarmos uma risada sincera.

– Ela está certa – eu concordo. – Vamos tomar café antes e depois voltamos para cá. Eu tô com fome.

– E eu tô com sono – Akemi diz enquanto boceja novamente. – Preciso de cafeína.

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Tomamos café da manhã rapidamente e logo voltamos para o quarto. Contei para elas a minha ideia de tentar achar mais músicas que nos façam sentir do mesmo jeito que a música que ouvimos ontem faz e é isso que estamos fazendo agora.

– Eu acho que deveríamos começar ouvindo algumas músicas com uma vibe medieval. – Ayla sugere.

– Por quê? – pergunta Akemi.

– Sei lá, tem um castelo né, acho que combina.

– Mas Runaway não tem essa vibe.

– Sim, mas ela fala "me leve para casa, onde eu pertenço" e coisas desse tipo.

– Que tal começarmos com Soldier, Poet, King? Nunca ouvi essa música inteira, mas acho que pode ser um bom começo, seguindo a lógica de Ayla.

– Pode ser – ela responde enquanto Akemi concorda com a cabeça. – Essa música me faz lembrar daquele sonho que tive na primeira noite aqui. Aquele em que eu estava dançando ao redor de uma fogueira.

Colocamos a música e eu presto atenção na letra.

"Virá um Soldado

Que carrega uma poderosa espada"

"Virá um Poeta

Que tem como arma a sua palavra"

"Virá um Rei

Cujo a testa tem espinhos"

Um soldado, um poeta e um rei.

Três pessoas

Talvez a teoria que eu havia criado mais cedo esteja errada.

– Sabem a teoria que eu havia falado? Sobre a possibilidade de sermos um grupo de mais pessoas além de nós três? – elas concordam. – Depois dessa música estou começando a achar que somos apenas nós mesmo.

– Por quê? – Ayla pergunta.

– Bom, a música fala sobre um soldado, um poeta e um rei. Eu já sonhei algumas vezes que estava treinando alguns movimentos de espada.

– E eu já tive diversos sonhos dentro do Castelo – Akemi diz pensativa. – Vocês também?

Eu e Ayla negamos.

– Então, se Kyori seria a representação do "Soldado" e Akemi do "Rei", eu teria que ser a do "Poeta", né?

– Se formos pela lógica, sim – eu respondo.

– Kyori já sonhou estar com uma espada e Akemi já sonhou que estava vivendo no Castelo, mas e eu? Como eu tenho alguma confirmação nos meus sonhos sobre isso? Eu nunca sonhei que estava escrevendo algo, nem nada do tipo.

Ficamos quietas e pensativas por alguns instantes, mas nenhuma de nós sabia como responder isso.

– Nem sabemos se a música realmente tem algo a ver com isso – diz Akemi, sempre realista. – Não vamos nos precipitar com nada.

– Nem sabemos se tudo isso é real mesmo – Ayla diz desanimada.

– Ei, mesmo se não for real, no futuro a gente vai ter uma experiência legal pra contar! Imagina a gente falando "quando tínhamos 15 anos, descobrimos estarmos sonhando com as mesmas coisas e ficamos bem doidas achando que vínhamos de outra realidade. E o pior é que tudo se encaixava". Vai ser engraçado. – eu digo tentando animá-las e elas riem um pouco.

– É, você tá certa – Ayla sorri.

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Oioi, gente! Espero que tenham gostado!

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Beijinhos da Alle ꨄ
Até o próximo capítulo!