𝗧𝗨𝗗𝗢 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗗𝗔𝗥 𝗘𝗥𝗥𝗔𝗗𝗢 ━━ ᴊᴇɴɴᴀ ᴏʀᴛᴇɢᴀ

𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗧𝗥𝗘𝗦

Após passar a noite inteira pensando em como seria meu primeiro dia de aula, e às vezes sentir uma vontade enorme de chorar, esse dia chegou. Elizabeth insistiu em me levar, mesmo eu lhe dizendo diversas vezes que não precisava. O caminho inteiro eu rezei para que algo acontecesse e eu não precisasse ir até a escola. Já imaginava os olhares me encarando assim que eu colocasse meus pés naquela escola.

O nervosismo tomou conta de mim por completo assim que Elizabeth estacionou sua picape em frente a escola. Ela me tranquilizou com um abraço, ou pelo menos tentou. Coloquei o capuz e cobri um pouco de meu rosto com o cabelo.

Eu podia sentir as pessoas me olhando. Eu ouvia risadinhas e cochichos por todo lado. E por algum motivo pareciam ser pra mim. Apertei a alça da bolsa com força, sentindo a vontade de chorar querer me dominar. Por que eu sempre tinha que me sentir assim? Seria tudo tão mais fácil se eu fosse mais sociável como todo mundo.

O corredor parecia um túnel sem fim. As pessoas sempre me encaravam quando eu passava, não importando o quão normal eu estava tentando ser. Eu realmente acho que são pela roupa que eu usava. Elizabeth foi gentil ao me emprestar seu casaco, por mais bregas e largos que eles sejam. Elizabeth era atraente, mas tinha um péssimo gosto quando o assunto é moda.

Direcionei até uma sala com uma grande placa legível escrita "2° C". Pra minha sorte, não havia ninguém mais além de um casal e um garoto nada contente por estar de vela. Andei até o fundo da sala, me sentando em uma carteira perto da parede. Pelo menos eu evitaria olhares ao decorrer da aula.

O casal não pareceu se importar com minha presença, estavam ocupados demais fazendo coisas melosas de casais. Já o garoto que os acompanhava, me olhava de longe. Eu não devolvia o olhar, mas sabia que ele me encarava.

Coloquei meus fones de ouvidos, dando play na música "Paper rings" da Taylor Swift. Ao olhar ao redor, acidentalmente meu olhar caiu sobre o garoto, que ainda me olhava. Ele disse algo ao casal e se aproximou. Por algum motivo, ele se sentiu no direito de se sentar em minha mesa.

── Você deve ser a garota nova. Eu sou o Mike.

── Catarina.

── Combina com você.

Lhe lancei um meio sorriso.

── Você por acaso não seria aquela galera nova que vejo de Phoenix, não é?

── Pelo jeito as notícias correm rápido por aqui.

── Que maneiro!

Mike me parecia ser do tipo que gosta da atenção das garotas. Apesar do frio que fazia, ele usava somente uma camisa branca com manga.

── Pensei que as pessoas de lá fossem mais bronzeadas.

── A maioria, mas eu não me incluo.

── Vai passar despercebida aqui, nem vão notar que você veio de lá.

── Assim eu espero. - murmurei.

O som ensurdecedor do sinal tocou. Mike se despediu e se sentou um pouco mais a frente. De pouco em pouco, a sala foi se enchendo de pessoas. As coisas eram completamente diferentes de Phoenix. Ao invés de sozinho, você sentava junto a uma outra pessoa. Temi por alguns minutos que ninguém se sentasse ao meu lado. Isso até uma pessoa passar pela porta.

Pele morena, cabelos totalmente pretos e médios, olhos cor de café, sardas um pouco aparentes, covinhas que apareceram quando ela sorriu. Em suas mãos havia alguns cadernos e livros. Comprimentou algumas pessoas com acenos e sorrisos.

Não havia lugar vago a não ser do meu lado. Ela olhou ao redor da sala procurando por um lugar, e quando encontrou, me encarou com indiferença. Seu perfume forte invadiu minhas narinas ao passar do meu lado. Não a comprimentei, ela também não fez questão.