𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗤𝗨𝗔𝗧𝗥𝗢

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Jenna não apareceu na escola no dia seguinte, também não deu as caras durante duas semanas inteiras. Como uma bela paranóica que sou, imaginei que fosse por minha causa, afinal depois da impressão que passei em meu primeiro dia, tudo indicava que sim. Durante o tempo que fiquei aqui, ouvi muito sobre a família de Jenna. Embora tudo que ouvi não passasse de teorias malucas feita por adolescentes, me sentia cada vez mais interessada pela família e principalmente por Jenna.

Nunca estive tão interessada por alguém como estou por Jenna, não romanticamente, claro. Estava mais pra uma curiosidade por saber mais sobre ela.

Não fui a aula hoje. Estava tanto frio de manhã que não tive coragem de sair debaixo daqueles cobertores quentinhos. Minha mãe não estava, seria somente eu e Elizabeth por algumas horas. Honestamente, não estava nada contente com isso, não que Elizabeth fosse uma pessoa ruim, mas talvez minha extrema dificuldade em se comunicar e manter uma conversa seja.

Em passos suaves desci lentamente a escada, que levava até a cozinha e a sala. Elizabeth estava de costas, e não notou quando me aproximei. Um pouco envergonhada, parei ao lado do balcão no meio da cozinha.

── Bom dia. - minha voz saiu baixa, mas assustou a ruiva em minha frente.

── Meu deus, querida... - iniciou, colocando sua mão direita em seu peito. ── Você me assustou.

── Me desculpe, não foi a intenção. - murmurei, cabisbaixa.

Ela sorriu, revelando seus dentes brancos e alinhados. Seu sorriso era de dar inveja.

── Não se preocupe, sei que não foi de propósito.

Me aproximei timidamente, apenas para ver o que ela fazia. O cheiro era ótimo, assim como a aparência.

── Eu costumava fazer esse doce pra sua mãe quando éramos crianças. - ela sorriu ao contar. ── Ah, ela adorava, era o doce preferido dela. Nunca mais o fiz quando ela saiu de casa para morar sozinha.

Notei um tom triste quando disse a última frase. Eu não queria ser invasiva, mas a curiosidade gritava pedindo por repostas.

── Por que vocês nunca mais se falaram? - perguntei.

Ela se sentou no banco, suspirando pesadamente.

── Nossa relação era ótima, mas depois que sua mãe começou a se relacionar com seu pai ficamos mais distantes. Eu sabia que ele estava enchendo a cabeça dela de mentiras, então eu a alertei sobre isso. - não estava surpresa por meu pai estar envolvido nisso. ── Eu disse a ela o homem que seu pai era, e que ele não era bom o suficiente pra uma mulher como sua mãe. E como esperado, naquela noite ela me disse coisas que eu nunca fui capaz de esquecer e nunca mais voltou pra casa.

── Você sabia da nossa situação?

── Não. Eu nunca imaginei que ele poderia ser tão ridículo aquele ponto. - suas mãos gélidas tocaram as minhas, iniciando um carinho naquela área. Me senti acolhida por seu toque. ── Mas quando recebi a ligação de Gwendoline chorando e me explicando o que vocês estavam passando, eu não pensei duas vezes antes de oferecer minha casa pra ficarem.

O silêncio se instalou na cozinha, com apenas o som do ambiente lá fora podendo ser ouvido. O clima não estava bom, mas não chegava a ser desconfortável ou constrangedor. Por mais que Elizabeth ainda fosse uma estranha ali, eu senti que poderia confiar nela e que poderia contar com ela. Coisa que até então eu não havia sentido por mais ninguém. Ela tinha esse poder de deixar qualquer um confortável com sua presença, comigo não foi diferente.

Meu olhar seguiu para porta quando a mesma se abriu. Minha mãe passou por ela, com algumas sacolas em mãos. Ela andou até onde estávamos e deixou todas as sacolas em cima da mesa. Sabia que ela não estava bem, ou pelo menos deduzi que ela não estava, já que era impossível decifrar se sua feição séria era apenas cansaço ou tristeza. Ela me lançou um sorriso, mas nada disse. Minha mãe deu meia volta e subiu as escadas.

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⏰ Última atualização: Jun 02 ⏰

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𝗧𝗨𝗗𝗢 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗗𝗔𝗥 𝗘𝗥𝗥𝗔𝗗𝗢 ━━ ᴊᴇɴɴᴀ ᴏʀᴛᴇɢᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora