𝗖𝗔𝗣𝗜𝗧𝗨𝗟𝗢 𝗗𝗢𝗜𝗦

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Antes da viagem, tivemos uma conversa profunda e acabamos desabafando sobre várias coisas. O que ajudou em deixar o clima entre nós melhor. Saímos de madrugada, pra chegar ainda cedo. Íamos para uma cidadezinha chamada Seattle em Washington. Lá chovia mais que em qualquer outra cidade. O clima era sempre úmido. Fiquei feliz por saber que não iríamos pra uma cidade grande, mas não significa que eu estava contente em saber que passaria a morar em uma cidade onde praticamente todo mundo que morava aqui se conhecia.

Ouvi dizer que as escolas aqui tem um ótimo ensino. O que eu achei bem estranho, mas nunca se deve julgar um livro pela capa, certo? Notei que chegamos quando passamos por uma placa enorme escrita: "Seattle". Pra nossa sorte não tinha trânsito.

Passamos por várias pessoas no caminho, e todas elas estavam praticamente embrulhadas com roupas. Eu deveria me preparar para se acostumar com o clima frio daqui. A última coisa que eu queria era chamar atenção, mas sendo uma nova moradora daqui e vindo de Phoenix, todos ficariam curiosos.

Por algum motivo, as pessoas tratam pessoas que vieram de fora como se fossem uma criatura mística ou algo assim. Eu não vejo motivo para tanta curiosidade.

Sai de meus desvaneios, quando paramos em frente a uma casa. Minha mãe me lançou um sorriso e logo desceu do carro. Eu não esperava uma casa logo de cara, esperava que ficaríamos em um hotel até achar uma casa, mas aqui estamos nós.

Minha mãe deu três batidinhas na porta. Estava tão frio, que o moleton que eu usava não era o suficiente, ainda me sentia como se estivesse dentro de um freezer. A casa era bonita, confesso. Era rodeada de uma cerca não muito grande, branca. Havia algumas plantas na entrada, perto da escadinha que levava pra varanda. As árvores em frente a casa, deixava ela mais escondidinha. Assim como a casa, que tinha uma cor levemente verde, tudo aqui também era verde.

A porta se abriu lentamente, revelando a imagem de uma mulher alta. Sua pele era branca, um pouco mais que a minha. Seus olhos eram verdes assim como os de minha mãe. E tinha um cabelo volumoso em cachos ruivos. Seu perfil era tão lindo que tive vontade de tirar uma foto dela pra guardar para sempre.

Quando seu olhar caiu sobre minha mãe, ela sorriu e a abraçou. Franzi o cenho. Elas se conheciam?

── Estou tão feliz em ver você! - disse a ruiva, abraçando minha mãe. Seu olhar caiu sobre mim, e um grande sorriso surgiu em seus lábios perfeitamente alinhados. ── Ah, eu não acredito! Você deve ser a pequena Catarina, certo? - ela se aproximou de mim, e por algum motivo me encolhi. Talvez eu estivesse intimidade demais com a beleza dela.

── Sim. - respondi timidamente.

──  Você não deve se lembrar de mim, já que a última vez que nós vimos você ainda era uma criancinha. Muito prazer, Catarina. Meu nome é Elizabeth, ou Beth se preferir. - ela me comprimentou com um meio abraço e um beijo na bochecha.

Por um acaso, descobri que Elizabeth era irmã da minha irmã. Eu nunca imaginaria, já que as duas não são nem um pouco parecidas. Elizabeth era realmente muito agradável, estava sempre arrumando um novo assunto e tentava deixar o clima o mais agradável possível.

Deixei que as duas tomassem seu café juntas e colocarem o papo em dia. Abri a porta da frente, e um sopro de vento frio bateu contra o meu rosto. Desci as escadinhas com cuidado. Eu andaria por alguns minutos. Precisava pelo menos deixar decorado o caminho de volta pra casa.

Andei pela calçada de cabeça baixa, passando por alguns grupos de adolescentes no caminho, que riam baixinho ao olhar pra mim. Talvez pelo meu jeito estranho de andar, ou por eu estar sozinha. O bairro não era tão ruim. Era calmo e tinha uma vibe ótima. As casas eram sempre decoradas, cada uma com uma decoração diferente. As pessoas daqui parecem ser bastante criativas.

Senti meu corpo colidir com o de outra pessoa, causando a queda de ambas pessoas. Me levantei apressadamente, olhando a pessoa em desespero.

── Meu Deus! Você está bem? - estendi minha mão para a garota. ── Me desculpe, eu deveria ter prestado atenção.

Ela se levantou e sorriu gentilmente pra mim.

── Está tudo bem. Você está bem? - perguntou, após tirar toda a sujeira de sua roupa.

Fiquei surpresa com a sua reação. Podia jurar que pela sua aparência de garota rica e mimada, ela iria causar um escândalo por causa disso. Eu definitivamente deveria parar de julgar as pessoas pela aparência.

── Eu sou Olivia, Olivia Rodrigo. - a garota me estendeu a mão, me lançando um sorriso gigante.

Hesitei em pegar em sua mão, ainda achava que ela estava só se fazendo de boazinha. Mas ainda sim, eu a peguei.

── Catarina Campbell. - respondi timidamente.

── Então, você é a garota que todos tem falado? A que veio de Phoenix, estou errada?

── Sim, sou eu. - meus lábios curvaram-se em um meio sorriso.

Olivia me chamou para uma volta, eu aceitei, pelo menos não teria que me preocupar em ficar sozinha. Ela me apresentou cada canto desse bairro. Me mostrou alguns parque, e me apresentou pra algumas senhorinhas simpáticas no meio do caminho.

Percebi que Olivia não era nada de como eu estava imaginando. É gentil e bastante tagarela. Não que isso fosse um problema. Ela estuda na mesma escola que eu estudaria, agora não precisava me preocupar em ficar sozinha no meu primeiro dia de aula, ou pelo menos é o que eu acho.

𝗧𝗨𝗗𝗢 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗗𝗔𝗥 𝗘𝗥𝗥𝗔𝗗𝗢 ━━ ᴊᴇɴɴᴀ ᴏʀᴛᴇɢᴀOnde histórias criam vida. Descubra agora