V - Pedras no caminho

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Ambar sentia-se perdida, talvez estivesse a dramatizar, mas parecia que as coisas não estavam a correr como era suposto. Sentia uma dor no peito, estava ansiosa.

Custava-lhe muito estar com algumas daquelas pessoas daquela forma. Sabia que se agisse como queria, ou melhor, como lhe seria natural, os outros estranhariam, pois não sabiam quem ela era... Custava-lhe ver a Lily a sofrer com tudo o que estava a descobrir e não poder dar-lhe um abraço ou contar-lhe logo tudo! Era complicado não lhes poder responder às perguntas, mas deviam descobrir as coisas por eles... Ambar gostava deles, adorava alguns, ou até mais que isso, mas sentia-se completamente sozinha. Antes estivera de facto sozinha e aprendera a lidar com isso, com um dos seus maiores medos. Mas agora, eles estavam ali e ela continuava a sentir-se só.

Com a leitura, apercebeu-se também de alguns pormenores que não esclareceu com eles. Pormenores que julgou que seria melhor não explicar...Remus devia estar preocupado com as luas cheias. Ele não sabia de nada, nenhum deles sabia.

A verdade é que desde o momento em que tocaram nas pedras que os levaram ali, a realidade parara. Naquela casa os dias iriam passar, mas seria sempre o mesmo dia. Fora dali, iriam repetir aquele dia vezes e vezes sem conta, até cada um deles regressar pelas mesmas pedras quando terminassem. Mas Ambar não lhes disse, talvez o devesse ter feito. Pelo menos a Lupin...só se apercebeu disso com o comentário maldoso de Severus. Disso e de outras coisas...

Deu por si parada no corredor do cimo das escadas, as lágrimas escorriam-lhe pelo rosto, foi à casa de banho lavar a cara. Chorava quando se irritava, quando estava triste, frustrada, feliz... era uma chorona como um dos seus melhores amigos lhe dizia, mas estava bem com isso. Só não queria que os outros vissem, pois não iriam perceber que aquele choro era momentâneo, de frustração, de perda de controlo.

Olhou-se ao espelho, era a mesma cara do seu primeiro dia em Hogwarts, na sua primeira noite... Claro que estava mais velha, o seu cabelo castanho mantinha-se igual, com a luz do sol a bater-lhe diretamente parecia ruivo. Estava comprido, abaixo dos ombros, com ondas... Continuava a usar óculos grandes que subiam quando sorria devido às suas bochechas, e a sua mãe continuava a odiá-los. Os seus olhos pareciam estar fechados quando ria, eram castanhos. Reparou no seu colar com a pedra da lua, será que os seus amigos ainda usavam os colares que ela lhes deu? Mesmo que ela tivesse desaparecido da vida deles... Afinal, Rachel foi adotada pelos seus pais à mesma. Bateram à porta.

— Ambar? Está tudo bem? — a voz de Remus soou do lado de fora. Ela abriu a porta e acenou-lhe afirmativamente. Depois pegou no seu braço e entraram no quarto que era um dormitório para todos. — O que se passa?

— Desculpa, só queria dizer-te uma coisa...aliás queria dizer a todos, ainda não sei... Mas a ti é importante dizer... — a cara de confusão de Lupin fê-la continuar — para não te preocupares com as luas cheias.

Os olhos de Lupin arregalaram-se de puro horror, pois claro, ele não sabia.

— Está tudo bem! Eu sei!

— Mas... como... tu---

— Moony, está tudo bem! Continuas o mesmo de sempre para mim! — o choque de Remus não pareceu suavizar — Bem vou explicar... durante o tempo que vocês aqui estiverem, o dia em que vieram será sempre o mesmo. Estará em loop, claro que para nós não parece! Mas assim não há fases da lua...

— Como é que sabes?

— Bem se o dia é o mesm---

— Como é que sabes o que... eu..eu sou?

— Ah... bem, na teoria não devia dizer... — o desapontamento nos olhos dele apertava o seu coração — eu já li os livros todos... foi assim que soube, mas não me chocou!

Uma guia de leitura (Leitura dos livros de Harry Potter)Onde histórias criam vida. Descubra agora