Capítulo 5

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Manassés

Hoje faz três semanas que Camila viajou, os primeiros dias foram complicado, por vezes pegava meu celular para ligar para ela e parava no meio do caminho, infelizmente o contato com a base lá é escasso, com muito esforço ela estava conseguindo fazer ligações apenas uma vez na semana e fiz ela prometer que os pais dela sempre teriam prioridades nas ligações, conseguimos nos falar apenas um vez nessas três semanas.

Continuo regando as plantas dela como ela me ensinou, Camila descobriu o amor nas plantas quando ainda era pequena e quando se mudou transformou a sua sacada em um pequeno jardim.

— Vocês também estão com saudades dela, não é mesmo? — Faço uma careta para as plantas — Não acredito que estou mesmo falando com um monte de plantas — Suspiro, termino e vou para o seu quarto onde mal ficamos mais que ela adora — Espero mesmo que você esteja bem morena, se algo te acontecer eu juro que mato qualquer um com as minhas próprias mãos — Digo para o porta retrato com a foto da sua formatura, os olhos brilhantes com o sabor da conquista, minha garota é feliz e eu faço parte disso.

Deixo seu apartamento, no escritório Miquéias e eu aproveitamos todas as oportunidades para encher o saco do Fernando que está prestes a pedir minha prima em casamento, consegui me distrair, ganho um olhar desconfiado do Miqueias quando Fernando fala em achar o "amor da nossa vida" desvio os olhos bufando.

Como combinamos vamos com ele até o joalheiro pegamos as alianças e dou o braço a torcer Fernando é mesmo bom no que faz, nos despedimos para a primeira parte do plano dele.

— Você falou com a Camila por esses dias? — Mique pergunta assim que entramos no carro, nego.

— Na nossa última conversa, combinamos que ela daria prioridade para os tios — Conto, ele faz uma careta — Está sabendo alguma coisa que eu não sei? — Ele fica pensativo acendendo a luzinha da atenção em minha mente — Miqueias? — Ele suspira

— Ontem passei nos meus pais, os tios estavam lá... Ela está bem — Ele diz, não sei se tentando me convencer ou convencer a si mesmo

— O que você escutou? — Pergunto, tateio os bolso, praguejo — Me deixa no apartamento — Peço.

— Não seja paranoico Manassés, ela com certeza está bem, os tios só disseram que essa semana ela ainda não entrou em contato, deve ser a correria do posto que ela está, você sabe que o tio tem homens do exército de olho na garotinha dele, com certeza eles não deixariam nada acontecer...

— Você deve estar certo — Digo apenas para não preocupá-lo, mas a verdade é que hoje ainda não recebi meu relatório da morena.

Me despeço do Miqueias prometendo encontrar a família em algumas horas na mansão, dentro do meu apartamento abri minha ala reservada, ativo minha numeração e aguardo ser atendido.

— Fenix... — Um dos agentes me comprimenta

— Chama a águia, quero falar com ele agora mesmo — Digo não dando espaço para muitas conversas.

— Estou passando — Avisa e me irrito com a demora, ando de um lado, passo a mão no cabelo mil vezes e posso até ouvir a voz da minha morena praguejando e reclamando que eu faço isso todas as horas.

— Manassés, o que aconteceu? — Stanley pergunta ansioso

— Porque não recebi o relatório da missão cristal ainda Stan? — Questiono e ele arqueia a sobrancelha, mexe em algo e sei que esta conferindo o que acabei de dizer — Ela não entrou em contato com a família até agora porra, e você ainda me questionou o porque mandar duas equipes....

— Manassés, estou tão surpreso quanto você garoto, você sabe que nossos homens não falham. — Fecho os olhos buscando calma, meu celular vibra com a mensagem do meu pai avisando que a família já está toda reunida.

— Quero respostas Stanley, e quero o quanto antes senão eu mesmo vou arrumar essa bagunça...

— Ei garoto, você está esquecendo que eu sou o chefe aqui não é mesmo? — Arqueio uma sobrancelha o desafiando — Vou ver que merda aconteceu, te ligo daqui a pouco. — Não discuto

— Tenho que ir para a mansão estarei aguardando sua ligação

— Feito — Desliga sem se despedir, apesar de toda a minha ira não poderia mesmo me meter tanto assim, confio cegamente no Stanley, além dele ser o meu salvador e da minha mãe também foi um mentor para mim.

Além de trabalhar e investir com os meus primos tenho um lado que ninguém da minha família sabe da existência, somos chamados de justiceiros, ou anti-heróis, não somos os heróis e muito menos os vilões mas cuidamos e combatemos onde a Justiça falha, não sou tão ativo em campo, mas virei o mestre na parte tecnológica, por causa disso e da minha sede de vingança, Stanley me ofereceu a sociedade do "Ambush justice", sua organização secreta.

*******

Encaro a parede de vidro do escritório da mansão ansioso para que meu telefone toque logo, cansei de andar de um lado para o outro e não ter resposta.

Ouço os risos do lado de fora todos animados com a gravidez inesperada da minha prima e melhor amigo, queria comemorar com eles, celebrar que todos os perrengues acabaram, mas não consigo me desconectar, minha família ainda não percebeu mas sei que quando perceberem vão perder o chão.

Sinto finalmente meu celular tocar atendo de antemão.

— E então? — Questiono

— Você tinha razão — Stan indaga — Os nossos não a encontraram — Fecho os olhos sentindo meu coração em pedaços.

— Quanto tempo?

— Último contato tem duas horas e meia, nossos homens já estão atrás...

— Foda-se nossos homens Stanley, estou indo para a Síria...

— Escuta Manassés, não vai ser imprudente merda... Ainda não podemos afirmar um sequestro caralho e se for mesmo, é mais fácil nossa equipe estar a postos para salvar um Grigorieva do que dois. Pensa!

— Já pensei e estou indo, também comando essa merda...

— Eu definitivamente odeio ter te colocado na organização... Estou arrumando tudo, me avisa quando estiver pronto.

Desligo sem responder, simplesmente não tenho paciência para nada disso, nesse momento só tenho um foco, salvar a minha garota. Deixo o escritório pensando em quem será meu álibi, sou independente e poderia apenas pegar um voo sem dar satisfação mais estou indo para um país em guerra e preciso deixar alguém de sobreaviso.

Vejo meu melhor amigo e minha prima sorrindo e indo em direção ao elevador, não tem pessoas mais confiável que os dois para deixar como suporte, vou pela escada e ainda ouço as risada de ambos antes de entrarem no quarto, respiro fundo buscando força e bato na porta, Fernando abre sorrindo.

– O que aconteceu? – Malia pergunta notando meu olhar, sinto-me mal por quebrar o clima

– Preciso que me ajudem – Digo – Estou indo para a Síria... – Malia leva as mãos a boca em espanto e lágrimas começam a rolar

– O que aconteceu com a minha amiga? – Questiona e desvio meus olhos, não suportaria dar a ela essa resposta.

– Não sei como as coisas estão lá e não posso revelar nada – Digo encarando meu amigo – Esteja ciente...

– Eu cuido de tudo aqui – Diz sério e aperto seu ombro, vou até minha prima e a abraço firme ouvindo seu choro.

– Vou trazê-la de volta, eu prometo. – Digo, aprendi com meus pais a cumprir o que prometo e vou cumprir, nem que para isso eu tenha que dar a minha vida.

Reflexo do Amor - Livro 2 - Série Herdeiros GrigorievaOnde histórias criam vida. Descubra agora