Capítulo 4

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CAMILA

Os últimos dias foram intensos eu tentei a todo custo não pensar na minha viagem, sim foi uma escolha minha, me preparei para isso, me senti e sinto que estou pronta porém tenho dois transtorno considerável e mesmo lutando para não deixar que as crises me atingisse por causa da ansiedade eu sou humana, a brincadeira do Manassés não foi grave e em outro momento eu iria rir junto já que fui eu quem iniciei, mais foi a gota que faltava para a ansiedade me pegar, a visão começou a turvar, o medo me cegou e as lágrimas vieram, estava me perdendo e eu ia ter uma crise dentro do carro eu machucaria o Manassés e isso novamente me faria mais mal do que a minha crise em si.

Aos dez anos fui diagnosticada com TOD (transtorno desafiador opositor) meus comportamentos agressivos, toda minha raiva, desobediência, às provocações em excesso, os ressentimentos exarcebados, tudo o que muitos diziam ser apenas atitudes de uma garota mimada era na verdade alertas, para a minha sorte mamãe e papai nunca acharam aquilo "normal" e sempre buscou ajuda, com as terapias e as medicações quase não tive mais crises, até o início da universidade e todas as preocupações, nessa fase mamãe já era formada e consagrada como uma das melhores psicóloga do Havaí, a pressão da escolha, a ânsia por ser a melhor, o medo de decepcionar, e toda a situação que vivo com o Manassés desde os meus quinze anos, tudo isso foi demais para mim, uma noite destruí todo meu quarto, meu pai e avô tentaram me parar e eu os machuquei, não tinha noção do que estava fazendo, mamãe teve que chamar um amigo psiquiatra que me aplicou um calmante forte me fazendo dormir, quando acordei me deparei com tudo ao meu redor e mais forte que a dor de ter a consciência indo embora foi ver as consequências do que fiz.

Fiz todas as terapias, exames, consultas, tudo que estava ao meu alcance e descobri que além do TOD possuo TEI (Transtorno Explosivo Intermitente) uma condição psicológica que consiste em constantes explosões de raiva e comportamentos agressivos não conseguimos controlar os impulsos violentos e descontamos a frustração em objetos ou em outras pessoas.

Foram mais algum tempo para controlar o novo transtorno, correr atrás de um laudo para uma doença invisível é quase impossível, fez meus pais lutarem por mim ainda mais, contei a todo momento com a minha família , amigos e principalmente com o Manassés, quando me decidi por morar sozinha aos dezenove anos foi um baque, toda a família foi contra, foi quando ele convenceu meus pais que seríamos vizinhos e que tomar a rédea da minha vida seria a decisão correta, quantas não foram as crises que tive e que ninguém soube, mas ele estava lá sempre soube me trazer de volta.

— Vai dar tudo certo — Malia diz sentada ao meu lado, sorrio para a minha prima, melhor amiga e confidente.

— Conscientemente eu sei que vai, mas estou lutando com o meu psicológico — Explico e deito com a cabeça no seu colo — Vai ficar de olho nele? — Questiono e ela sorri

— Ainda não acredito que ele é tão tapado e não faz ideia que eu sei de vocês — Ela ri

— E nem pode saber Lilica eu prometi pra ele, você sabe o quanto ele tem medo da nossa família descobrir. — Digo aflita

— Relaxa Cami, acho uma bobeira mas a vida é de vocês dois, e é claro que vou ficar de olho nele, ele é meu primo, melhor amigo e melhor amigo do meu namorado, Manassés, nem que tente vai fazer graça.

— Ah — Sento ficando de frente para ela — Você tem que me prometer outra coisa, é sério Malia muito sério.

— Você está me assustando, o que foi? Seja o que for eu prometo. — Diz ansiosa

— Você não pode começar a organizar seu casamento sem que eu esteja aqui. — Peço e ela revira os olhos

— Fernando nem mesmo me pediu em casamento Camila, não seja louca — Diz rindo e me abraça — São só dois meses e não sou louca de fazer nada sem minha melhor amiga aqui, eu prometo.

Reflexo do Amor - Livro 2 - Série Herdeiros GrigorievaOnde histórias criam vida. Descubra agora