CAMILA
Três meses depois
Fecho o consultório, estalou o pescoço, estou realmente cansada, porém feliz em estar de volta em uma rotina, uma parte de mim falta e tento compensar com as outras e isso é exaustivo.
Pego meu celular, confiro as mil mensagens, procuro como sempre pela mensagem dele e não encontro, sim a mais de dois meses que Manassés apenas enviou uma carta agradecendo por eu amá-lo tanto e se despedindo, não entendi nada, chorei, sofri e como se tivesse um enorme buraco em meu coração eu tento seguir a vida.
—- Oi —Esther diz sorrindo assim que entra no elevador, sorrio de volta —- Dia cheio?
—- Do jeitinho que gosto muitos pacientes — Respondo sorrindo, tem sido bom ter minha prima trabalhando no mesmo prédio que eu — E você ganhando muitos milhões?
—- Alguns — Ela ri —- Ainda estou no impasse com a empresa daquele grego irritante — Suspira — Papai e os meninos insistem que devo desistir...
—- E dar o gostinho para o grego? —- Faço uma careta e nego —- Logo você Esterzinha? Acho que não, né —- Ela gargalha.
—- Ve? É isso que eu disse para eles, nem mesmo a Olivia acreditou que eles deram essa opção — Vou responder e ela ergue o dedo em hastes — Isso não é uma opção, e nunca vai ser.
—- Estou com você nessa — Damos nosso soquinho de cumplicidade, saímos para o estacionamento e ela faz uma careta encarando minha moto e rio —- Nos vemos na mansão? —Ela concorda. —Vou passar em casa e encontro vocês lá.
Acelero minha moto pelas ruas do Havaí, penso em como Manassés pode estar e meus olhos marejam, expulso as lágrimas, o pensamento e a dor que vem com ela. Ele quebrou a promessa que me fez, mas eu não farei o mesmo.
Deixo a moto na frente do condomínio já que só estou de passagem.
—- Boa noite senhorita Camila — José o porteiro me comprimenta
—- Boa noite, tem correspondência Senhor José? — Pergunto
—- Não tem não senhorita, apenas uma encomenda —- Me entrega uma caixinha
—- Obrigada — Subo com a caixinha na mão, suspiro encaro a porta do apartamento intocável desde sua partida
Entro em casa, tomo meu banho me arrumo e penso em fazer o que estou pensando a dias, mas desisto, ele pode voltar e eu posso entregar isso a ele pessoalmente.
Durante anos eu acreditei que só poderia ficar bem em relação aos meus transtornos se ele estivesse comigo, esses últimos meses tenho provado a mim mesmo que só preciso de mim para me levantar e evitar cair de novo.
Rego minhas plantas.
—- Hoje estarei na mansão —- Converso com elas —- Sei que o clima lá não está fácil, e vou novamente ter que trancar minha dor porque meus tios e primas precisam muito mais de mim. Só espero mesmo que ele esteja bem.
Na mansão é como eu esperava, como tem sido esses últimos meses, tia Gabby se definhando pela falta do filho, tio Fred alternando entre dor e ódio, a família toda em busca de algo sobre o paradeiro do Manassés, Violet que é sempre só riso e sorriso em uma inércia profunda, tia Eva envelheceu vinte anos em dois meses, ninguém dorme ou come direito nessa casa.
—- Mãe — Comprimento minha mãe e ela me encara, suspira e me abraça — Como estão todos?
—- Do mesmo jeito filha, do mesmo jeito, Lívia ainda está tentando contato com o aquele amigo dela de anos atrás, e ainda não teve resposta.
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Reflexo do Amor - Livro 2 - Série Herdeiros Grigorieva
Roman d'amourCamila enfrenta diariamente os desafios de conviver com dois transtornos graves, encontrando em seu primo de consideração um apoio essencial para lidar com suas crises. Enquanto isso, ele, que foi adotado após uma infância difícil, tenta a todo cust...