Futura rainha
Me viro na cama tentando achar uma posição confortável, pego o celular e vejo as horas, duas e quarenta e cinco da manhã, me levanto e pego a blusa de frio que está na escrivaninha, desço as escadas e vou em direção a cozinha, pego o pote de chá e coloco a água na chaleira, quando ela apita pego a água do chá e começo a colocar na xícara que já está com o pacotinho
-Feliz aniversário, Izzy-Jon passa por mim e só então percebo que ele estava aqui
-Obrigada, Jon-jogo o resto da água quente na pia
-Essa blusa de frio-ele olha para mim com olhos curiosos- ela é do Luck, né?-assinto com a cabeça e volto a olhar para o meu chá, me viro, deixando as costas encostarem na bancada, enquanto balanço o saquinho do chá a água quente-achei que tudo tinha sido doado
-E foi-olho para ele com um sorriso triste-só que antes da mamma se desfazer de tudo, eu peguei esta blusa, ele amava, acho que foi-volto o olhar para a xícara-acho que foi uma das poucos coisas que sobraram dele
-É, entendo, eu peguei aquela blusa do milão que ele amava-ele olha para os pés e continua- às vezes eu a visto por baixo da roupa, é estranho, mas por alguns minutos é como se ele ainda estivesse aqui, rindo e conversando
-Entendo, no início eu peguei a blusa porque tinha o cheiro dele, mas agora, é só porque me lembra dele, é como se ele estivesse me abraçando e dizendo que tudo vai ficar bem-levanto a cabeça e o olho, seus olhos verdes estão tristes
-Tomara que fique-ele balança a cabeça, como que para afastar os pensamentos-mas, porque você desceu, teve outro pesadelo?-ele pergunta desviando do assunto, como normalmente faz, e pega uma maçã
-Nem dormi para ter um pesadelo, e você, pesadelo?
-Tipo isso, não te vejo desde a reunião aquele dia, como você tá?
-Tô bem, e você?
-Idem-sorrio fraco e me desencosto da bancada para sair da cozinha
-Izzy, você já comeu hoje?
-O dia começou a duas horas, então não-rio fraco
-Nas últimas vinte e quatro horas, Izzy.
-Sim, ontem, na janta
-Eu jantei ontem aqui e você não estava-me viro para ele, com o chá quente em minhas mãos
-Eu jantei no quarto, Jon-ele morde sua maçã e então me questiona
-Desde quando você janta no quarto?
-Desde que não tenho tempo para sair dele, assim como você fazia uma semana atrás, sem tempo para jantar em família- digo ironicamente e me viro de volta para a porta, mas nem dou um passo antes dele continuar
-Isabelle-ele me chama, me viro para ele, seu olhos verdes demonstram preocupação-quando foi a última vez que você comeu?-ele ignora a provocação e fala sério, sem tom de brincadeira, ele sabe a verdade e quer ouvi-la de mim
-Já te disse, ontem a noite-falo mais séria, tentando fazer com que pareça verdade
-Isabelle não minta para mim, sei que você não saiu do seu quarto ontem e não pediu para Graça nem ninguém te levar comida, a quanto tempo, Isabelle?
-Porra, Jon-chego perto dele e coloco a xícara com chá na bancada-eu sei o que faço, tá bom?! Não precisa ficar tomando conta de mim o tempo todo, eu já sou adulta, não sou mais a porra de uma criança de quinze anos, eu tenho vinte e três, tá bom, eu vou ser a porra da rainha da Itália, sei o que faço, porque faço, quando faço, não precisa ficar tomando conta de mim o tempo todo, eu sou adulta e sei o que está acontecendo comigo, não preciso de mais ninguém sabendo e se preocupando, então vai viver a sua vida e não se intromete na minha!-pego meu chá novamente e vou em direção à porta, ele me chama, mas ignoro, e só paro de ouvi-lo me chamando quando estou na escada, ele não vem atrás de mim, e por algum motivo isso me entristece, claro, odiaria se ele me seguisse ou insistisse em falar comigo, mas uma parte minha queria que ele viesse, que chegasse em mim e me abraçasse e dissesse que tudo irá ficar bem, mas ele não faz. ele não vem até mim, não me abraça e não me diz que tudo ficará bem, caminho até o meu quarto com um nó no pescoço, lágrimas borram a minha visão, fecho a porta atrás de mim e deixo as lágrimas caírem por minhas bochechas, tento parar o choro. afinal não há nenhuma razão l[ogica para ele, o nó em minha garganta diminui, mas não desaparece, vou então até a escrivaninha e tento tomar do chá, mas assim que me sento as lágrimas voltam a cair, os soluços que saem de minha garganta me impedem de tomar o chá, minha visão está mais embaçada graças às lágrimas, elas não param de cair, a escuridão e o silêncio parecem preencher não só o quarto, mas a mim também, respirar se torna difícil, minha cabeça dói e é preenchida por um zumbido junto de vozes, um zumbido alto, num ato para tentar fazê-lo ir embora coloco as mãos nas orelhas, mas o zumbido, nem as vozes vão embora, eles não vem de fora, vêm da minha cabeça, me levanto abruptamente, andando de um lado para o outro, o quarto está quente, então tiro a blusa de frio, sinto então o frio atingir meu corpo, mas ignoro, vou até o closet, a adrenalina passando pelo meu corpo, meu corção bate forte no peito, minhas mão vão ao peito sentindo as batidas fortes contra a palma da minha mão, e procuro no closet pela garrafa de whiskey que guardo para ocasiões especiais, mas não a encontro, sinto minha cabeça latejar de dor, minhas pernas estão bambas por causa do frio, da fome, do desespero, sem força caio no chão, a dor esterna atinge a mim com força total, meus joelhos ardem, mas não ligo, não, essa dor não é maior do que a que meu coração expressa, sinto meus olhos ficando pesados, minha visão turva e então o barulho silencioso acaba.
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Enquanto durar
RomanceIsabelle, princesa da Itália, nunca se apaixonou, quase não saindo de casa acaba se apaixonando por Jake, um pirata que conhece o mundo e ama velejar e conhecer lugares novos, já se apaixonou e prometeu a si mesmo que isso nunca aconteceria novament...