Enquanto me perdia na conversa do Solleil havia uma voz na minha cabeça que me dizia que isto era errado, a voz do Diego, até eu perceber que essa voz era mais real do que parecia...
- Bella? O que ainda estás aqui a fazer? Está demasiado tarde!
E como se de maneira automática o meu corpo gela.
- Eu perdi a hora, desculpa...
-Ok só vai para casa.
Ele entra na casa, enquanto eu baixo a cabeça tentando controlar a raiva, mas sei que ele está certo...
-Que gajo escroto mano!
- Ahn? - digo confusa.
- O teu "namorado" não tem nada a exigir que vás para casa, ele n manda em ti, quem raios ele pensa que é? - diz enquanto se levanta e eu entro em pânico.
-Solleil, onde vais?
-Onde mais iria? Falar com o desgraçado! - os meus olhos arregalam-se e automaticamente entro em modo de fuga.
-Solleil tu não podes ir falar com ele! Por favor!!
Eu ando mais rápido e agarro o braço dela para a parar e quando os meus olhos se encontram com os dela ela tem uma expressão confusa.
-Porquê?
Tudo à minha volta para, eu não podia dizer a verdade mas eu também não podia mentir... foda-se eu não sei o que fazer! Quando acho que finalmente alguma coisa vai sair dos meus lábios sinto uma dor aguda nas costelas e em seguida sinto algo escorrer... Merda! A ferida abriu e se eu não saísse dali ela ia perceber. Tentando fugir à situação e à pergunta solto o braço dela.
-Eu tenho que ir faz o que quiseres Sol...
Começo a andar depressa com a mão por cima da ferida tentado evitar esvair-me em sangue enquanto ouço a Solleil chamar o meu nome à distancia, mas tento me distrair concentrando-me na dor em vez de na voz dela. Quando chego à rua um taxi vem na minha direção, mas em vez de lhe dizer a minha morada digo a morada de alguém que juraria nunca mais ver mas eu precisava...
Enquanto subo as escadas do prédio remou-o na minha cabeça se isto realmente era uma boa ideia mas eu não tinha outra saída, eu estava farta da situação com o Diego... Estava tudo a ir longe demais e eu não sabia como lidar com isso, mas ele sabia... ele já me tinha ajudado uma vez... ele ajudar-me-ia de novo.
Quando chego à frente do apartamento bato na porta com o resto das forças que me restam e ouço passos pesados virem em direção à porta.
-Bells? - ele olha-me preocupado e surpreso.
- À quanto tempo Buck. - eu digo antes de desmaiar.
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Acordo e não sei onde estou, antes que possa entrar em pânico o Buck aparece à minha frente.
-Da próxima vez que apareceres na minha porta podes não estar ensopada de sangue? Quase me matas te do coração Bells!!
-Desculpa Buck, eu... eu não sabia para onde ir.... - baixo a cabeça enquanto sinto o olhar dele sobre mim.
Buck é o meu amigo de infância, ele está a fazer o curso de jornalismo então raramente nos vemos e no entanto ele é a única pessoa que sabe da minha situação com o Diego. E após o primeiro soco ele fez me prometer que eu iria ter com ele quando eu não conseguisse mais... ele sabia que eu não ia desistir de alguém que amava, o problema é que eu já não amava o Diego, eu amava a ideia dele, mas ideias são só isso... ideias e não a realidade.
-Foi ele não foi? - ele pergunta mesmo sabendo a resposta, ele queria que eu admitisse...
-Sim... Buck e-eu... e-eu ten-ntei... eu só estou cansada...
-Eu sei... eu tratei da tua ferida enquanto estavas desmaiada, dei alguns pontos para que não abrisse tão facilmente e coloquei um penso novo. - ele suspira, eu sei que isto é demais para ele, mas eu não sei o que fazer... - O que queres fazer?
-O que eu devia ter feito à muito tempo Buck... Eu quero livrar-me dele! Eu quero denunciar.
Ele torce o nariz e sei que tem algo de errado...
-O que foi Buck?
-Eu não acho que agora vai ser tão fácil, Bells...
-Como assim? - algo nesta história não está a bater bem...
-Se fosse o ano passado tudo bem Bells, tinhas tudo a teu favor, tinhas as fichas médicas e uma testemunha/confidente, mas agora isso pode não ser o suficiente...
-Isso não faz sentido nenhum Buck, eu... - ele interrompe-me.
-Bells pensa um bocadinho! O ano passado os teus pais internaram te porque te estavas a cortar por causa da tua depressão! Então todo o tipo de cortes que ele fizer em ti... - desta vez sou eu que o interrompo.
-Podem ser invalidados se ele disser que fui eu e como os cortes são demasiado precisos eles vão acreditar e as queimaduras de cigarro podem ter sido a minha tentativa de estancar a ferida...
-Exatamente Bells... eu não estou a dizer que é impossível, só que vai demorar mais tempo do que tu se calhar tens...
-O que estás a querer dizer Buck? - ele respira fundo e sei que algo de bom não vai sair da boca dele.
-Tens que arranjar alguém para morar contigo.
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Blind Fate
RomanceBella está no último ano do curso de teatro da NYU, com as maiores notas e o namorado mais cobiçado do campus parece que tudo está a seu favor. Até que algo, ou melhor, alguém vira tudo de cabeça pra baixo e tudo o que Bella achava saber da sua vida...