Mais que idade

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— Wow - É tudo que você ouve antes de encarar pelo espelho e ver um Pedro boquiaberto na porta de seu quarto. E que visão, ele estava com roupas sociais mas despojadas, seu cabelo grisalho levemente bagunçado como sempre, e aquele maldito sorriso que facilmente te desmonta.

  Você deixa uma rizada escapar e volta sua atenção ao batom vermelho que estava terminando de passar.

— E então, como estou? - Você pergunta virando-se completamente em sua direção.Embora óbvios, você nunca se privaria dos belos elogios de seu namorado.

— Você é a mulher mais linda que eu já vi em toda a minha vida. - Seu rosto estava sério ao se aproximar a passos rápidos.

  Ele se ajoelhou em sua frente, trazendo uma de suas pernas até a altura de seus ombros, e depositou beijos de seus tornozelos até onde a fenda do seu vestido permitia. Você instantaneamente fecha os olhos e jogou a cabeça para trás em antecipação mas ele apenas para, coloca sua perna no lugar e se levanta.Era impressionante e irritante como ele conseguia fazer seu estômago saltar em entusiasmo toda vez que te tocava.

— Infelizmente temos que ir, mi amor, mas prometo terminar quando voltarmos. - Ele completa, quase como se antecipasse suas súplicas.

  Você definitivamente não queria ir a esse encontro de amigos,e mesmo que a promessa de sexo fosse uma boa desculpa a principal tinha um nome: Elena Gripadio, ex namorada de Pedro, e amiga de infância.

  Não que você fosse ciumenta, até porque você confiava em Pedro mais que tudo no mundo, era só realmente cansativo estar no mesmo lugar que Elena. Ela era sempre gentil quando Pedro estava por perto, mas bastava se afastar que começava com joguinhos estúpidos ou insinuações sobre seu  relacionamento não passa de uma crise de meia idade.

   Felizmente entre todos os amigos de Pedro, obviamente décadas mais velhos que você, ela era a única que te fazia sentir como um peixe fora d'água. Todos os outros haviam te aceitado com braços abertos e você realmente gostava deles.

  Ao chegar na frente da casa, já pode notar a música e os diversos carros estacionados na rua.

— Pronta?- Ele pergunta apertando suavemente uma de suas coxas.

— Sempre. - Você da um sorriso amarelo.

Pra sua tristeza aquela era a casa da Elena, e apenas três pessoas lhe eram conhecidas, Jenna, Lucia e Mark. Com certeza sua noite seria longa.

  Pedro sempre esteve ao seu lado, lhe apresentando como namorada, sempre te incluindo aos assuntos e tentando ao máximo te fazer sentir confortável, mas era realmente difícil, você podia ver os olhares de julgamento à distância.

Mesmo assim você se obrigou a sorrir e acenar a cada pergunta estúpida, não que você quisesse, mas porque momentos como aquele eram raros, velo relaxado, conversando tão animado em seu idioma natal com pessoas que não só entendiam, mas também fizeram parte dessas histórias lhe trazia algum tipo de acalento, fora Jenna que mesmo 15 anos mais velha, te entendia como ninguém. Aliás, ela quem te contava as melhores histórias sobre o passado de Pedro e suas estripulias na adolescência.

  E assim a noite seguiu, entre alguns drinks e conversas animadas, até mesmo com Elena, que ainda lhe dava respostas atravessadas, mas nada que realmente incomodasse. Em certo ponto da noite você já havia bebido o suficiente para não se importar mais com os olhares ou cochichos toda vez que Pedro te tocava ou beijava, o que rendeu várias piadinhas entre o quinteto.

  Já passava da meia noite, já estava na hora de ir embora, mas você realmente precisava ir ao banheiro. Na volta acabou trombando com Elena e algumas outras mulheres que você fez questão de apagar da memória. Todas mais velhas e claramente amigas.

  Elas te olharam de cima a baixo, em uma tentativa estúpida de te diminuir, o que obviamente não aconteceu. Você pós seu melhor e mais falso sorriso e caminhou até às mulheres, saldando todas gentilmente.

— É um prazer finalmentete falar com você. - Uma das mulheres diz com um certo deboche.

— O que isso, o prazer e todo meu.- Você retruca com a mesma intensidade, arrancando um sorriso amarelo das mais velhas.

— Aliás, você está belíssima, ótima escolha, embora decotada demais. - A segunda mulher diz.

— A senhora, acha mesmo? Foi um presente do Pedro. - você retruca novamente, dando ênfase no senhora, que faz a mulher torcer o nariz.

— Meu amigo sempre teve muito bom gosto. - Completa Elena - Lembro que no nosso primeiro aniversário de namoro ele me deu um vestido parecido, mas infelizmente o perdi. - Ela diz com suspiros.

— Acontece, são coisas do tempo, não? - Pôde ver os olhares trocados entre as três, e com certeza não foram bons.

    A verdade era que você estava cansada dessa mocreia, e das piadinhas estúpidas, se ela quer brigar, tudo bem, vocês iam brigar.

— Claro, afinal o tempo passa para todos. - Ela retruca.

— Realmente, mas as vezes as pessoas preferem fingir que não. - Você diz sorrindo.

   Vocês se encaravam em silêncio.

— Err, sua maquiagem está belíssima, a propositivo. - A segunda mulher diz, cortando o silêncio.

— Muito obrigada, mas sendo sincera, estou apenas de batom e rímel. - Confessa levemente ruborizada.

— Ah, isso explica as marcas da sua pele. Mas creio que não seja nada que bons cremes não resolvam, inclusive posso te indicar alguns.

— Ah, não precisa, eu cuido muito bem da minha pele, mas sabe como é, hormônios e todas estas coisas, sempre causando algumas espinhas. Mal posso esperar para entrar na menopausa e ter uma pele tão boa quanto a sua. - Isso pareceu o fim. A mulher ficou vermelha e você pode jurar que ela te bateria, mas Pedro magicamente apareceu atrás de você, lhe abraçando pela cintura.

— Me desculpem por interromper, mas queria saber se já podemos ir? - Ele diz olhando nos seus olhos com divertimento.

— Claro! — você diz olhando para as mulheres.— Foi um prazer conversar com as senhoras, nos vemos na próxima. - Você finaliza com uma piscadela antes de dar as contas e deixar a casa e aquela mulheres para trás.

  Ao entrar no carro vocês dois caem na risada.

— O que foi aquilo?! - Ele pergunta ainda rindo. — Ela parecia realmente chocada.

— Não foi nada, apenas conversávamos. - você deu de ombros. — Aliás, você me deve uma coisinha...

   De maneira afoita você o puxa para um beijo que logo se aprofunda. Você sente aqueles grandes dedos lhe apertando nos lugares certo, se enrolando em seu cabelo, lhe arrancando a pouca sanidade que lhe restava.

— Vamos indo, eu tenho uma promessa para cumprir.- Você viu aqueles lindos olhos castanhos reluzindo todo aquele amor e admiração e por um momento pode jurar que ele sabia muito bem o que você havia feito.
   

   



 

Imagines Pedro PascalOnde histórias criam vida. Descubra agora