ÀS LONGAS ASAS BRANCAS lentamente se arrastavam pelo chão, antes tão graciosas, mas agora tão danificadas. Eu me sentia extremamente cansado de minha caminhada, seguindo sem rumo por aquele lugar totalmente vazio.
Os fios negros caiam em meu rosto e embaçavam minha pouco visão, porém, isso não me causava incomodo no momento, não é como se eu estivesse de fato prestando atenção no caminho a minha frente.
O cansaço já me consumia, começou com algo tão pequeno e irrelevante, mas que tomou proporções tão grandes, contudo, o que cansava não era a caminhada em si, mas sim o que sentia por dentro, como sentia que aos poucos estava me destruindo, como aquele maldito sentimento estava me fazendo ceder.
Minhas asas doíam, contendo enormes cortes, e o que antes era um branco celestial, agora era um carmesim intenso, que me cobria dos pés a cabeça, sangue que me pertencia, sangue que me foi arrancado com muita dificuldade, mas não porquê resisti, mas porquê o causador de tal ato sofria ao fazê-lo.
Eu sabia, desde o princípio fui criado com um único objetivo, lutar contra as trevas, defender aquele que me criou e que iluminou. No entanto, estava cansado, não queria mais guerrear, não queria mais fazer aquilo que me machucava.
- Chan...?
Não houve resposta. Não houve um só ruído vindo da parte do outro, vindo daquele anjo caído que me acompanhava desde o começo de minha longa e angustiante caminhada.
Contudo, segundos depois se ouviu um som, um som estridente. Ao me virar para poder descobrir a fonte de tal barulho, não me surpreendi ao ver que a espada que antes estava na mão de Chan e que era utilizada para me causar danos, agora estava jogada no chão.
Do objeto direcionei meu olhar para o rosto do outro anjo, no entanto, o que menos esperava encontrar naquele bela face, seriam lágrimas e uma expressão totalmente miserável.
Desejo me aproximar, tocá-lo e acalentá-lo, no entanto, hesito. Meus lábios agora trêmulos, se curvam um pouco.
Você e eu bebemos do mesmo veneno.
Perdi a conta de quantas vezes já pedi perdão, de quantas vezes já me ajoelhei e implorei para não sentir mais, para não amar mais. Para que esse sentimento que nunca deveria ter existido desapareça.
Porque eu não aguento mais amá-lo.
Eu realmente não sei quando isso aconteceu, nunca nos tocamos ou conversamos, já que seres da luz são totalmente proibidos de interagirem com os seres da escuridão. Eles nos corrompem, nos mancham...
No entanto, nossos olhares sempre foram o suficiente, eles sempre falaram tudo, mesmo que nunca tivéssemos soltado uma única palavra. Eu aprendi a amá-lo assim, e não me importo mais se serei manchado, se suas trevas entraram em mim, mas eu também sei que isso não é possível.
Nós, isso nunca foi realmente possível...
Mas agora estamos aqui, cada um lutando por aquilo que nos fazem acreditar ser o correto, causando cortes superficiais por fora, mas ferindo profundamente por dentro.
Sutilmente me aproximei dele, e gentilmente, quase imperceptível, coloquei minha espada em suas mãos agora vazias, sem nunca tocá-lo. Dei dois passos para trás, somente o suficiente para olhá-lo, para visualizar aqueles olhos que sempre me disseram tudo, mas que nesse momento não me diziam nada.
- Por favor, faça...
- Você sabe que não irei conseguir. Mal consigo olhar para ti e não me sentir culpado pelo que lhe causei. Me perdoe Seungmin, me perdoe...
Aquelas simples palavras foram o necessário para que junto a ele, também derramasse minhas lágrimas.
Com um impulso de coragem que me dominou momentaneamente, lentamente levei minha mão a sua face, o fazendo um sutil carinho, no entanto, aquele toque não durou muito, já que rapidamente percebi que minha pele antes albina estava sendo tinginda pelo negro, pela escuridão, tocar nele estava me manchando.
- Você sabe que irão nos punir, você sabe que cultivar esse sentimento é errado, e eu não quero que minha existência chegue ao fim por mãos que não sejam as suas.
Pronunciei voltando a tocá-lo, minha palma sendo completamente coberta pela coloração negra. Não importava se eu estava sendo corrompido, aquilo não tinha a menor relevância desde que fosse pelas mãos dele.
Seus olhos me encararam e pude identificar um pouco de relutância de sua parte, mas pouco depois ele me puxou para mais perto, seus braços me rodearam em um fraco abraço, ao mesmo tempo em que eu via partes do meu corpo sendo tingidas pela escuridão.
- Eu te amo. Desculpe não poder lutar por nós.
Foi a última coisa que ouvi, porque logo em seguida senti uma dor aguda em meu peito, no entanto, não abaixei meu olhar, pois eu já sabia do que se tratava. Eu senti aquele ferro me perfurar e aos poucos me roubar o que um dia já chamei de vida.
Mas agora minha vida tinha um nome.
Eu nunca cheguei a sair daquele abraço, eu queria senti-lo, pelo menos eu gostaria de aproveitar nosso último momento juntos. No final, acabaríamos como começamos, um anjo da escuridão e um anjo da luz em um campo guerreando, só que diferente do começo, nossa guerra não era entre espadas, mas sim entre confissões, despedidas e o mais puro amor que alguma vez já cheguei a sentir.
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adaptação permitida pela Lee_Hyunlix
Muito obrigada!!
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Daylight | 𝗖𝗵𝗮𝗻𝗺𝗶𝗻
Romance𝘊𝘰𝘯𝘤𝘭𝘶𝘪𝘥𝘢 > 𝘚𝘢𝘥 Seungmin e Chan são as personificações de bem e mal, existentes desde o início dos tempos e destinados a viver em guerra. Mas o que acontece quando sentimentos que não deveriam existir começam a desabrochar no coração des...