☕Coffee Shop☕ (Military x Reader)

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Honestamente, esse não era seu emprego dos sonhos - acordar todo dia as 5 da manhã, pegar uma condução lotada de pessoas cansadas da noite anterior e sendo obrigadas a ir trabalhar naquele horário para receber o mínimo de um salário e então chegar naquela loja e aturar seu chefe reclamando que você chegou alguns minutos mais tarde enquanto sorri de uma maneira que te irrita profundamente.

Pelo menos você consegue pagar as contas...

Com um suspiro, seus pés voltaram para o balcão de atendimento onde você prontamente colocou um sorriso no rosto e começou sua rotina de atender clientes. O café geralmente não era tão movimentado, então você tinha tempo para fazer de tudo e um pouco enquanto um executivo que necessitava de cafeína na veia, ou simplesmente um grupo de estudantes que ocupa uma mesa inteira e compram coisas para comer na escola/faculdade chegasse. Não que essa rotina te incomodasse, na realidade...

Faltavam alguns minutos para sua hora do almoço, você sempre conseguia sair mais cedo pelo fraco movimento - até hoje você se pergunta como um cafézinho desse com o mínimo de clientes consegue se manter de pé -, quem sabe conseguiria comer sua marmita sem problemas.

Você se preparava para tirar o avental quando a porta de abriu e o sino tocou. Outro cliente antes do almoço. Bom, você tinha tempo ainda. Tentando colocar seu melhor sorriso e ajeitando sua postura, você olhou para frente.

E então para cima.

E mais um pouco para cima.

E só mais um pouco.

Você deu alguns passos para trás antes de olhar um pouco mais para cima.

Deus, seu pescoço doía.

Era um homem. Um grande homem do exército. Estava mais casualmente vestido, com o "boné" tradicional, calça mais larga e a blusa... Uhm... Deus tenha pena dessa blusa, parecia que se ele respirasse mais fundo, ela rasgaria. O que eles andam comendo no exército?

Os olhos dele eram escuros, mais escuros do que o mais profundo e obscuro escuro. Seu corpo - como esperado - era bem malhado, mas de uma maneira que... levemente te assustava. Era como se tivessem deixado uma geladeira Electrolux duas portas, gaveta, frigobar e com dispensador de latas na sua frente sem aviso prévio. Tudo bem, tudo bem... Apenas o atenda e tudo ficará bem.

- Bom dia, - você começou com um sorriso meigo. - o que o senhor gostaria de pedir?

Depois de uma pergunta simples, você esperava uma resposta ainda mais simples. Mas o homem parecia... indeciso? Ele alternava entre olhar para o menu e para você em puro desespero.

- Corretto. - ele disse. Sua voz era tão profunda que causou um forte arrepio na sua espinha. Mas ele não parecia estar sendo rude ou misterioso, parecia que ele estava... tímido.

- Infelizmente não trabalhamos com cafés alcoólicos, senhor, desculpe. - você explicou.

Ele pareceu estar mais desesperado ainda. Suas mãos tremiam e ele parecia estar procurando por algum suporte ou até mesmo um socorro.

- Bom, se o senhor está procurando algo doce, pode pegar o latte. Todo mundo pede esse com bastante creme, chocolate e um pouco mais de açúcar. - você disse na esperança de ajudar e parece que funcionou, ele pareceu mais tranquilo.

- Por favor. - ele assentiu com a cabeça.

Você anotou o pedido e entregou para um colega seu, gentilmente pedindo para que caprichasse no chocolate - todo mundo ama chocolate, não?

O homem continuava te olhando de forma cautelosa e misteriosa. Ele parecia encantado. Seja com o seu cabelo arrumado ou como o avental desenhava sua cintura. Ele corou.

- Com licença, - ele gaguejou chamando sua atenção. - seu nome...

- Oh, está no crachá. - você apontou para o crachá no seu peito, ele parecia tímido se olhar para uma região tão delicada para certas pessoas, mas fez mesmo assim.

- É um nome bonito... - ele disse baixinho te fazendo corar levemente. - Você também é...

- Eu? Uhm... Valeu? - você riu. - Desculpe, eu geralmente não recebo muitos elogios no trabalho. Apenas pessoas reclamando que o café ficou sem açúcar.

- Que crueldade. - ele disse olhando fundo nos seus olhos, não que o peitoral dele permitisse-o ver muita coisa. - Você deveria receber mais elogios... Vale a pena por alguém como você.

Você não pôde deixar de corar ainda mais. Eram palavras tão meigas. Sem malícia por detrás. Mas elas faziam seu coração palpitar e errar as batidas como nunca antes. Você ajeitou seu cabelo e ele pareceu ajeitar a farda. Ambos envergonhados.

- O café! - você disse rapidamente fugindo para a cozinha pegando o latte. - Um latte grande com chocolate extra, creme extra e um pouco mais de açúcar. - ele assentiu confirmando o pedido. - Isso dá... $11,92.

Ele colocou a mão no bolso e puxou a carteira. Parecia que estava buscando notas. Você aguardou pacientemente enquanto analisava suas feições. Por mais que o rosto dele estivesse coberto até o nariz, você tinha certeza de que ele possuía uma expressão... gentil. Ele te entregou algumas notas e você entregou o café rapidamente começando a contar o troco.

- Não! - ele prontamente negou te fazendo olhar para cima. - Quer dizer... Não há necessidade. Pode ficar com o troco.

- Oh... Tudo bem. Tenha um bom dia!

- Você também.

Ele saiu. Seu coração parecia que ia sair pela boca, ele era tão adorável! Como alguém com um braço do tamanho da sua cabeça poderia ser tão fofo quanto um coelhinho?! Você bateu nas bochechas para afastar o pensamento tentando voltar ao trabalho, sem nenhum conhecimento do olhar penetrante do militar na janela do café. Ele parecia apaixonado como um adolescente na puberdade, suas mãos quase esmagaram o café, mas ele tentou ser delicado.

Ele certamente voltaria amanhã. E depois. E depois. E depois...

Coletânea de one-shots :) Onde histórias criam vida. Descubra agora