Ar, água, terra e fogo.
No passado já houve paz, um equilíbrio entre os Nômades do Ar, a Tribo da Água, o Reino da Terra e a Nação do Fogo.
As lendas contam sobre uma família com sangue de dragão, os Tatsuryo. Seus cabelos brancos, olhos vermelhos...
¡Atenção! Este capítulo pode conter gatilhos sobre luto e autodepreciação.
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Sete anos atrás…
Havia se passado três semanas desde que os guardas da Nação do Fogo encontraram o que restava da família Tatsuryo, três semanas desde que mataram Akemi e Katsuo, que estão caçando seus dois filhos fugitivos.
Takeshi, o irmão mais velho, observava com fúria nos olhos sua irmã que chegava no pequeno esconderijo temporário que encontraram. Uma espécie de clareira escondia as sombras das folhas e emaranhados de raízes.
-Encontrei algumas frutas - a garota forçou um sorriso.
-Você os matou - ele sussurrou - como tem coragem de sorrir assim pra mim? - ela não respondeu apesar da dor causada pelas palavras.
-Você não comeu nada o dia inteiro, coma.
Lutando contra suas próprias emoções conflitantes, ele comeu enquanto observava a outra se ajeitar na terra para dormir.
Já deitada, Kami chorou silenciosamente, sua mente sendo sua pior inimiga. Era sua culpa, se não tivesse nascido com esses cabelos, com esse olhos, nesta época, talvez seus pais ainda estivessem vivos, eles poderiam viver, ser felizes sem ter de se esconder. Se ela não tivesse nascido…
Takeshi ainda observava Kami, que agora dormia. Ele a detestava, um ódio que vinha de muito antes, que nasceu junto a ela quando o garoto viu sua aparência, quando viu que mesmo que sua família por um milagre recuperasse seu poder, seria ela quem governaria. Quando ela tomou os sonhos dele, a esperança de uma vida diferente.
Foi quando ele bolou um plano. Iria fugir, a deixar sozinha. Poderia ir para o Reino da Terra, esconder sua dobra e viver como um refugiado, ou até mesmo ir para a Nação do Fogo, se misturar à população e tentar ter uma vida minimamente normal.
O garoto sorriu, pegou o que sobrou dos alimentos e saiu calmamente. Caminhava sem medo ou remorso. Com a despreocupação não notou o soldado em seu soslaio.
-Você é aquele garoto, não? - a voz repentina fez com o menino paralisante no lugar, seus ombros ficaram tensos e ele esqueceu como respirar - mas cadê a garota? - Takeshi não se moveu e o soldado vendo seu medo sorriu com uma ideia surgindo - não precisa ter medo, que tal fazermos um acordo, hum?
-Um acordo? - perguntou com a voz trêmula.
-Sim, veja, o Senhor do Fogo deu ordens de pegarmos apenas a garota, se você a entregar pode receber qualquer coisa que desejar como recompensa.
-Isso é sério? - de repente, o garoto conseguiu deixar seu medo de lado. Com a ideia de poder ter o que quer, um meio sorriso apareceu, satisfazendo o mais velho por ver sua manipulação dar certo.
-Ah é sim. Pode pensar um pouco até o anoitecer de amanhã. Estamos acampados a oeste, é só você a levar até lá e me chamar. Chame por Zhao - ele instruiu e então saiu de vista, mantendo-se perto para observar o garoto que voltou à clareira escondida.
