Capítulo 2 - Conhecendo Cork

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Quando a noite chegou, comecei a fazer minha maquiagem. Decidi por algo mais simples, um esfumado marrom claro que permitiria que meu vestido amarelo curto chamasse mais atenção e realçasse meus olhos grandes e amendoados. Minha intenção nessa noite é ir em algum pub e tomar um drink. Minha aparência sempre chama a atenção dos homens, então é extremamente improvável que eu fique sozinha pela noite, com certeza alguém se aproximará de mim para conversar.

Às oito, passei perfume e saí de casa, me dirigindo para um bar recomendado pelo amigo do meu pai. O ambiente é feito de madeira escura e iluminado suavemente por luminárias bem tradicionais, criando uma atmosfera rústica e aconchegante, típica da Irlanda.

Entre mesas e bancos, um grupo de amigos conversa alto, dando risadas e gesticulando com as mãos em um canto. No canto oposto, dois homens mais velhos bebem um jug de cerveja escura e jogam cartas sobre a mesa. O ambiente estava bem vazio na minha opinião, entendo que é apenas quinta-feira, mas pensava que os irishmen bebiam todos os dias. Bom, erro meu.

Sento no balcão de frente para o bartender:

— Uma margarita, por favor — falo sorrindo, talvez nenhum desses homens se aproximem de mim para conversar pois parecem já ocupados com seus grupos... logo, o mínimo que eu deveria fazer era ou flertar ou fazer amizade com o barman.

— É para já! — e começa a preparar meu drink.

Deixo meus olhos vagarem pelo salão e eles encontram o de um dos homens. Ele dá uma piscadela. Ops, talvez eu tenha me enganado, quem sabe um deles irá falar comigo afinal de contas.

Dito e feito. O homem de cabelo castanho e olhos azuis se aproxima de mim com passos confiantes.

— Olá, princesa — ele fala tentando soar charmoso.

— Olá... — respondo relutantemente, ainda tentando decifrar as intenções dele.

— Você por acaso é um mapa? Porque definitivamente você traçou o caminho para o meu coração — o homem diz sorrindo.

Suspiro. Nem pensar que ele acha que essa cantada foi boa. Perco totalmente meu interesse.

— Meu nome é Charles, e... você chamou minha atenção, quer me passar seu telefone? Podemos conversar e marcar de sair. É que agora estou com meus amigos.

Olho em direção a mesa, mais interessada nos amigos dele, do que nele próprio.

— Hmm, não sei, mas... já que estamos aqui, por que não me apresenta a seus amigos primeiro? Sou nova na cidade e poderia contar com um ou dois conhecidos — olho para ele intensamente e toco no seu braço, tentando convencê-lo.

— Claro, não ousaria negar nada para você, princesa — ele estende o braço em direção a mesa e eu ando na frente dele em direção aos seus amigos.

O som do meu salto ecoa pelo salão e vejo que um ou dois dos caras já se viraram para olhar eu chegando.

— Pessoal, essa aqui é a... qual seu nome mesmo?

— Esther. Prazer em conhecê-los.

Uma mistura de "olás" e "igualmentes" se embaralham quando os 4 caras falam de uma só vez.

— Esther, esses são Chris e Cillian, meus irmãos. Os outros dois são Josh e Ollie, nossos amigos de infância — Charles diz.

Noto que ele e Chris são praticamente idênticos, quem diria, gêmeos. Mas quem realmente atrai meu olhar é Cillian, que parece ser o irmão mais velho. O azul dos seus olhos é mais claro e seu olhar mais marcante, talvez porque suas feições fossem mais fortes, complementando bem seus lábios volumosos e irresistíveis. Ainda bem que não tinha passado meu número antes para Charles, teria apostado minhas fichas no irmão errado.

— Senta aqui com a gente — Charles diz, puxando uma cadeira.

Fixo meu olhar por alguns segundos em Cillian e noto que ele retribui o gesto. Entretanto, antes que eu pudesse me sentar ou descobrir um pouco mais sobre esse grupinho peculiar, Ollie interrompe meus pensamentos.

— Sem querer ser chato, Esther, mas hoje é a "noite dos caras", é quase sagrado para a gente. Uma vez por mês nos reunimos para beber e jogar conversa fora, sem nossas namoradas. Mas você está convidada para uma noite em que estivermos todos juntos, não é galera?

"Ótimo", penso, "Cillian deve ter uma namorada". Não que isso me impediria de conquistar quem eu tenho interesse, mas definitivamente seria um empecilho.

— Sim! — Chris fala — As garotas iam amar te conhecer, com certeza iam encher seu saco pedindo dicas de maquiagem, porque a sua está impecável.

— Obrigada — que elogio mais estranho vindo de um cara, acho que ele está tentando ser respeitoso e educado — Eu topo, você pode passar meu número para elas?

— Claro — Chris responde.

— Chris...deixa que eu pego. Pode me falar, gata — Charles se intromete.

— Acho melhor Chris passar meu número diretamente para as meninas, Charles — tento ser educada enquanto dou um fora nele.

Josh cutuca Cillian e os dois riem silenciosamente da situação. Charles faz uma cara de emburrado e deixa seu irmão anotar meu telefone, mandando-o diretamente para sua namorada.

— Obrigada, e... acho que nos vemos por aí.

— Foi um prazer, Esther — Chris se despede e seus amigos fazem o mesmo, menos Cillian, que tem suas mãos e boca ocupadas bebendo um largo copo de cerveja.

— Até!

Saio do bar satisfeita, conheci gente nova e possivelmente irei sair com um grupinho um dia desses. O sentimento de missão completa só estaria melhor se eu tivesse flertado com o Cillian ou chamado mais sua atenção, afinal de contas, ele era muito atraente. Eu teria tempo de fazer isso em breve, não há razão para esquentar a cabeça com isso agora.

No Limite da Tentação - Cillian MurphyOnde histórias criam vida. Descubra agora