Capítulo 1

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MINHO

O cara entrou no carro com "seu vagabundo faminto por pau" sendo dito para ele tão alto na ligação que eu pude ouvir do banco do motorista. E tudo só piorou a partir daí. Não foi a experiência mais estranha que tive como motorista da Uber, mas certamente não estava longe. Apesar de ter sido pego do lado de fora do estúdio de dança Twirl-Rite para meninas em Evanston, a linguagem do rapaz era suja demais até para trabalhar em um navio da Marinha. Parecia que ele estava fazendo sexo por telefone para o estúdio pornô mais gay da porra da cidade.

— Você gosta disso, Big Daddy? — Ele ronronou ao celular quando entrou no meu SUV com uma rajada do vento frio de fevereiro. — Você sabe o quanto meu buraquinho rosa se aperta quando você faz esse som. Você quer que eu use meus dedos? Mmf, mas é tão apertado. Muito, muito apertado.

Sua voz era puro sexo, um estrondo vibrante de desejo e excitação vindo do meu banco de trás. Eu me mexi no meu próprio assento e olhei no espelho retrovisor.

Estranhamente, o pobre rapaz parecia entediado, quase em lágrimas.

E gostoso. Ele parecia gostoso para caralho.

Eu queria dizer algo para ele ou até mesmo rir quando o ouvi dizer à pessoa do outro lado da linha que ele estava deslizando três dedos em seu "pequeno buraco ganancioso" como um "bom menino".

Na realidade, ele não estava deslizando os dedos em nada além de um pacote meio vazio de chiclete.

Mas não consegui abrir a boca. Eu estava substituindo meu irmão para que ele pudesse ir a uma entrevista de emprego. Embora eu soubesse pelo meu irmão gêmeo que viajar pelo mundo com deficiência auditiva poderia ser uma merda, dirigir para a Uber sendo considerado surdo era na verdade muito bom. Eu aprendi muito rapidamente que se mais motoristas soubessem que o truque para fazer os passageiros não falarem demais era se listarem como surdos em seu perfil de motorista, haveria muito mais motoristas "surdos" no mundo.

— Ungh. Dói, Daddy — continuou meu passageiro. — Você quer que eu continue? — Sua voz era tão alta e melancólica que meu pau não pôde deixar de responder. — Você sabe que eu nunca fiz nada assim antes, Daddy.

Meu Deus, por favor me diga que não é o pai dele de verdade.

Mudei meu foco mais uma vez e tentei me concentrar no destino. De acordo com o aplicativo no meu telefone, estava levando o passageiro para uma residência particular à beira da água em Glencoe. Esse subúrbio de Chicago era famoso por suas mansões multimilionárias, e eu me questionava sobre o que um garoto de boca suja estaria fazendo na terra dos podres de ricos.

— Oh, Deus, oh, Deus, sim, exatamente assim. Mais forte, Daddy, mais forte!

Tentei não deixar minha respiração acelerar enquanto o homem simulava seu clímax. Era quase impossível não se atentar a cada respiração e gemidos vindos do meu banco de trás. Eu queria tanto ver seu rosto. Mesmo que tudo fosse falso para a diversão do pobre namorado, eu queria ver sua expressão fazendo aqueles barulhos.

— Ah... Ah! Mmmpf, sim, sim, isso... AHHH!

Quando parei em frente ao endereço, estremeci ao ouvir os pneus do meu carro cantando um pouco contra o meio-fio. Meu coração estava martelando no peito e eu estava desesperado para ver melhor esse cara.

Minho, se segure, porra. O cara está encenando sexo por telefone com um namorado que provavelmente é um urso rico e velho que vive nesta mansão à beira do lago.

Senti uma mão quente pousar no meu ombro, e dei um salto no meu banco soltando um grito indigno. Virei-me para encarar o passageiro e vi um sorriso tímido de desculpas por ter me assustado. Seu rosto era fodidamente adorável. Pude ver agora, sob a luz do teto, que ele era ainda mais jovem do que eu pensava. Talvez com vinte e poucos anos — pelo menos dez anos mais jovem do que eu.

Que pena.

Seu tom de pele oliva claro tornou-se um rosa escuro sob um rubor profundo, e seus cílios grossos tremulavam enquanto ele lutava para manter o contato visual comigo. A mão que segurava meu ombro agora corria conscientemente através de seus cabelos escuros e encaracolados. Eu até conferi atrás dele, para ver se talvez não havia algum outro cara falando daquele modo tão sujo no banco de trás do meu SUV.

Ele parecia quase... tímido, se isso fosse possível. Será que ele percebeu que eu o ouvi transando com o namorado invisível no meu carro? Talvez ele não tivesse visto meu perfil de motorista para saber que "eu" era surdo e agora estava muito envergonhado.

Notei que a mão que não estava em seus cabelos estava gesticulando em direção a algo perto de sua boca. Quando olhei para ele, percebi que ele estava usando a American Sign Language (ASL) para agradecer.

Um pervertido de boca suja, com coração puro e rosto de anjo.

Eu mudei de ideia.

Foi a experiência mais estranha que já tive como motorista da Uber.

🚘 

Hot Ride | MinSungOnde histórias criam vida. Descubra agora